Hilla Becher, tornou-se numa referência maior da arte e da fotografia contemporânea internacional

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Hilla Becher, o olhar mais intransigente e doce da fotografia

A artista em frente às fotografias que tirou com o seu marido (Foto: AFP/HENNING KAISER)

A artista em frente às fotografias que tirou com o seu marido (Foto: AFP/HENNING KAISER)

Durante 50 anos, o casal documentou a arquitetura industrial da Alemanha

Hilla Becher (Postdam, Alemanha, 1934 – 10 de outubro de 2015), fotógrafa alemã, tornou-se numa referência maior da arte e da fotografia contemporânea internacional. Com o marido, Berndt, com quem trabalhou ao longo de 50 anos, e com quem trabalhava em dupla, tornaram-se gigantes que cunharam um estilo: a “escola Becher”.

Depósitos de água, tanques de gás, passadeiras de areia, altos-fornos, moinhos, armazéns, fábricas, elevadores e torres de carvão, silos, refeitórios, fornos de cal, tudo quase sempre fotografado a preto-e-branco nas perspectivas frontais através das quais acreditavam que se revelava a verdade maior de um sujeito: ao longo de 50 anos Bernd e Hilla Becher fotografaram juntos – desde que em 1957 se conheceram como estudantes de arte.

Juntos, escolheram uma vida seminômada sempre em busca de formas, materiais e construções condenados à extinção, primeiro na Alemanha e em vários países da Europa Central, e, depois, nos Estados Unidos.

Precisamente, foi depois de começarem a trabalhar nos Estados Unidos, e de no arranque da década de 1970 lá terem lançado livro Anonyme Skulpturen, que afirmaram o seu nome e uma linguagem que nomes como Candida Höfer, Thomas Ruff, Thomas Struth e Andreas Gursky reinterpretariam, dando continuidade.

Bernd explicaria que desenvolveram “uma espécie de ideologia sem nunca a formular como tal”: “O que fizemos foi documentar as construções sagradas do calvinismo. O calvinismo rejeita todas as formas de arte e, por isso, nunca desenvolveu a sua própria arquitetura. Os edifícios que fotografamos estão diretamente ligados a este pensamento puramente econômico.”

Sem assinatura individual, o casal cumpriu um grande programa de arqueologia visual industrial. Minimalista e conceptual, inspirado nos trabalhos de aproximação sistemática e pseudocientífica dos anos 1920 e 1930 de Karl Blossfeldt, Albert Renger-Patzsch e Angust Sander, um movimento que ficou conhecido como Novo Objetivismo, Bernd e Hilla Becher fizeram cerca de 16 mil fotografias que foram apresentando normalmente em grupos de 6, 9 ou 12 imagens. Sempre o mesmo protocolo: dias cinzentos, vistas frontais, sujeito ao centro do campo, preto-e-branco neutro.

Em 2002 Hilla Becher ganhou o Prêmio Erasmus pelo seu papel fundamental na criação do departamento de Fotografia da Kunstakademia de Dusseldorf, onde deu aulas com o marido. Em 2014, sete anos após a morte de Bernd, ganhou também o Grande Prêmio da fundação Sparkasse. Os Becher participaram nas Documenta 5, 6, 7 e 11, e tiveram grande exposições e estão representados nas colecções dos mais importantes museus dos mundo, entre os quais o Institute of Contemporary Arts, em Londres, o Stedelijk Museum, em Eindhoven, o Pompidou, em Paris, e o MoMA, o Metropolitan e o Guggenheim, em Nova Iorque, entre muitos outros.

Em Portugal, Bernd e Hilla Becher estão representados na coleção do Museu de Serralves, na Coleção Berardo e em duas grandes coleções hoje com destinos incertos: a coleção de fotografia do Banco Espírito Santo e na coleção de arte da Fundação Ellipse.

Hilla Becher morreu em 10 de outubro de 2015 aos 81 anos, na Alemanha.

“Hilla Becher era uma pessoa notavelmente incorruptível”, disse Thomas Struth à Time. Acrescentando: “Eu adorava a sua atitude intransigente mas aberta e delicada, sempre curiosa, não sentimental, mas amorosa. A sua morte é uma grande perda.”

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/236348- ARTES VISUAIS – 14/10/2015)

(Fonte: http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia -1711143 – CULTURA ÍPSILON/ Por VANESSA RATO – 14/10/2015)

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