Ibrahim Eris, um dos pais do Plano Collor
Economista e ex-presidente do Banco Central, Eris foi um dos responsáveis pelo confisco das aplicações financeiras e das cadernetas de poupança em março de 1990
Ibrahim Eris: um dos criadores do maior confisco da história
Ibrahim Éris em entrevista coletiva realizada em Brasília, em dezembro de 1990 — Foto: LEONARDO CASTRO/ESTADÃO CONTEÚDO
Ibrahim Eris (nasceu em 7 de novembro de 1944, em Bafra, Turquia – faleceu em 8 de novembro de 2024, na Turquia), economista e ex-presidente do Banco Central do Brasil (BC).
Ibrahim nasceu na Turquia e se graduou em Economia e Estatística na Middle East Technical Universit. Após se tornar doutor pela Universidade de Vandelbild, o economista emigrou para o Brasil, em 1973, tornando-se professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP).
Quando Luis Paulo Rosenberg foi convidado a presidir o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ibrahim Eris tornou-se vice-presidente da instituição, onde realizou diversos trabalhos para o Ministério do Planejamento, cujo ministro era Delfim Netto.
Um pouco antes das eleições de 1989, Eris foi convidado por Zélia Cardoso de Mello a integrar o grupo criado para preparar o programa econômico do candidato Fernando Collor de Mello. Com sua eleição, Eris mudou-se para Brasília e continuou a fazer parte da equipe econômica liderada por Zélia.
Naquele momento, a sociedade brasileira ansiava por uma solução definitiva para o controle do nível de inflação, que estava em torno de 1.000% ao ano. Esse clamor levou o presidente eleito a buscar soluções complexas, dando à equipe econômica oportunidade para tomar iniciativas nesse sentido.
As restrições macroeconômicas, contudo, como o baixo nível das reservas internacionais, a forte indexação econômica e a inércia inflacionária, contribuíram para que o Plano não fosse bem-sucedido.
Assim, ainda no primeiro semestre de 1991, Ibrahim Eris deixou o cargo de presidente do BCB. Deixando o governo, passou a atuar como consultor de investimentos.
Um dos criadores do Plano Collor, o economista esteve à frente da instituição entre março de 1990 e maio de 1991, durante a presidência de Fernando Affonso Collor de Mello e com a gestão de Zélia Maria Cardoso de Mello no Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento.
Eris também foi vice-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e atuou como consultor de investimentos.
Início da carreira
Nascido na Turquia, em 1944, Ibrahim Eris se formou em economia e estatística pela Middle East Technical University e cursou um doutorado no mesmo tema na Universidade de Vanderbilt, em 1966.
Veio para o Brasil em 1973 e logo se tornou professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP). Nesse período, foi professor de grandes nomes da Economia brasileira, como Aloizio Mercadante, atual presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Persio Arida, um dos idealizadores do Plano Real.
Na década de 70 se tornou vice-presidente do Ipea e colaborou com diversos trabalhos para Antônio Delfim Netto, então ministro do Planejamento.
Plano Collor
Segundo o Banco Central, Eris foi convidado por Maria Zélia Cardoso de Mello para integrar o grupo criado para preparar o programa econômico de Fernando Collor de Mello pouco antes de 1989.
Com a eleição de Collor, Eris continuou parte da equipe econômica e foi presidente do Banco Central entre março de 1990 e maio de 1991, sendo um dos responsáveis pela criação e implementação do Plano Collor.
🤔 O que foi o Plano Collor? O Plano Collor, também conhecido como Plano “Brasil Novo” foi um conjunto de medidas que visavam controlar a hiperinflação em que o Brasil se encontrava e dar novas forças à economia. Entre as propostas estava o confisco dos depósitos à vista e de poupança da população pelo prazo de 18 meses, causando grande comoção nacional.
Em entrevista concedida ao Banco Central, Eris afirmou que a ideia de congelamento de gastos
Eris deixou a presidência do BC em 1991, após o fracasso do plano.
A confusão de uma secretária rendeu a Ibrahim Eris, o cargo de presidente do Banco Central (BC) durante o breve governo de Fernando Collor de Mello. Collor esteve no cargo entre 15 de março de 1990 e 29 de dezembro de 1992, quando renunciou para não sofrer impeachment. Eris saiu antes: renunciou ao cargo em 17 de maio de 1991, com a demissão de Zélia Cardoso de Mello, primeira ministra da Economia de Collor.
Ao montar a equipe, Zélia pediu a sua secretária que marcasse uma reunião com o economista Ibrahim Elias, a quem a futura ministra pretendia convidar para o governo. Na hora da reunião quem apareceu foi Eris, colega de Zélia na Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo. “Já que você está aqui, vamos conversar”, disse Zélia. A conversa engatou e ele acabaria sendo convidado para a equipe que formularia o traumático Plano Collor e para dirigir o Banco Central.
Quando Collor foi eleito com uma plataforma moralizadora e modernista de “combater os marajás” do serviço público e abrir a economia brasileira, a inflação rondava 80% ao mês, o prazo médio dos títulos da dívida pública era de 14 dias e o BC tinha menos de US$ 9 bilhões em reservas (hoje há US$ 372 bilhões, o prazo médio da dívida é de 4,18 anos e a inflação é de 4,72% ao ano).
O país estava à beira de uma hiperinflação, e o governo não tinha condições de seguir rolando sua dívida. A única solução viável à época parecia ser congelar os meios de pagamento de maneira a impedir uma explosão dos preços.
Confisco
Anunciado no dia 15 de março, o plano confiscou todas as aplicações financeiras, incluindo os depósitos em contas-correntes, que superassem 50 mil cruzados novos, cerca de R$ 10 mil em valores atuais. Na época foram congelados cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, algo como R$ 3 trilhões. Os cruzados novos ficaram bloqueados por 18 meses e foram devolvidos em 12 prestações a partir de setembro de 1991.
Eris, Zélia e o economista Antonio Kandir concederam uma tumultuada entrevista coletiva em Brasília no dia 16 de março, onde tentaram explicar o inexplicável. Não havia informações sobre diversos assuntos, como financiamentos e aplicações financeiras. O português carregado de sotaque de Eris não ajudou, e um irritado Fernando Collor telefonaria do Palácio do Planalto mandando encerrar a entrevista.
O plano não deu certo. Além dos problemas estruturais do país, o confisco tornou-se inócuo pela atuação discricionária do próprio governo, que liberou recursos conforme os integrantes da equipe econômica achavam necessário. O confisco também permitiu o surgimento de um nutrido esquema de corrupção envolvendo Collor e seu grupo. As investigações de uma Comissão Parlamentar de Inquérito desgastaram a imagem do governo e Collor teve seus direitos políticos cassados por oito anos, sendo substituído por Itamar Franco.
Perfil discreto
Eris deixou o cargo muito antes disso. Após sua passagem pelo governo, ele manteve um perfil discreto, retomando sua carreira acadêmica e prestando serviços de consultoria econômica para empresas.
O economista nasceu em Bafra, na Turquia, em 1944. Trabalhou como jornalista e escrevia sobre cinema antes de cursar economia. Foi completar os estudos na universidade americana Vanderbilt, onde estudou macroeconomia e estatística.
Emigrou para o Brasil em 1973 e se naturalizou brasileiro. Foi professor na faculdade de economia da USP até 1979, quando entrou para o governo. Assessorou Antonio Delfim Neto no Ministério do Planejamento até 1981, quando passou a atuar no mercado financeiro.
Ibrahim Eris faleceu na sexta-feira (8) aos 80 anos.
Eris era casado com a economista Claudia Cunha Campos, também professora da USP, e deixa um filho.
(Créditos autorais: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia – CNN Brasil/ ECONOMIA/ MACROECONOMIA/ Da CNN – 08/11/2024)
(Créditos autorais: https://forbes.com.br/forbes-money/2024/11 – FORBES MONEY/ por Cláudio Gradilone – 08/11/2024)
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(Créditos autorais: https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/11/08 – G1 Economia/ ECONOMIA/ NOTÍCIA/ Por Isabela Bolzani, g1 –