Líder do Khmer Vermelho julgado por genocídio no Camboja
Ieng Sary, era acusado de causar a morte de 1,7 milhão.
Nos anos 90, viveu entre Tailândia e Pailin, até ser preso em 2007.
Líder do Khmer Vermelho julgado por genocídio no Camboja
Ieng Sary (Loeung Va, Tra Vinh, 24 de outubro de 1925 – 14 de março de 2013), ex-ministro das Relações Exteriores do Khmer Vermelho, um dos líderes comunistas julgados no Camboja por genocídio e crimes contra a humanidade.
Ieng Sary, era acusado junto com outros dirigentes de causar a morte de 1,7 milhão de pessoas nos expurgos e deportações promovidos durante o governo maoísta do Khmer Vermelho entre 1975 e 1979.
Ieng Sary, conhecido por seu nome revolucionário de camarada Van, era cunhado de Pol Pot, “o irmão número um”, e dirigiu a diplomacia do regime quando um quarto da população do seu país sucumbia aos expurgos, às políticas rurais que despovoaram as cidades, às doenças e à fome.
Nasceu em outubro de 1925 na aldeia de Loeung Va, na província vietnamita de Tra Vinh, segundo os dados do tribunal internacional que o julgava por crimes contra a humanidade, genocídio, homicídio, tortura e perseguição religiosa.
Ieng Sary desertou duas décadas depois da queda do Khmer Vermelho, nos anos 1990, e viveu entre Tailândia e Pailin, o território cambojano governado por sua família, até que o tribunal internacional da ONU o deteve em 2007.
O chefe torturador do Khmer Vermelho, Kaing Guek Eav, conhecido como Duch, foi o primeiro acusado a ser julgado sozinho e condenado em 2012 à prisão perpétua por sua responsabilidade na morte de cerca de 16 mil pessoas no centro de detenção e torturas de Tuol Sleng, em Phnom Penh.
O Khmer Vermelho governou o Camboja a partir de 1975 com o objetivo de instaurar um regime socialista rural de orientação maoísta, mas foi derrotado pelo Exército vietnamita em 1979.
O chefe supremo do Khmer Vermelho, Pol Pot, morreu em 1998 na selva do norte do Camboja, onde dirigia a guerrilha maoísta.
Outros acusados são o ex-chefe de Estado do Khmer Vermelho, Khieu Samphan, e o antigo “número dois” e ideólogo do Khmer Vermelho, Nuon Chea, ambos também internados por problemas de saúde.
“Podemos confirmar que Ieng Sary morreu nesta manhã, após ser hospitalizado em 4 de março”, indicou Lars Olsen, porta-voz do tribunal internacional da ONU, onde ele estava sendo julgado.
Completa a lista de acusados a esposa de Ieng Sary e ex-ministra de Assuntos Sociais, Ieng Thirith, que não sentará no banco dos réus devido ao Alzheimer de que padece.
Ieng Sary morreu dia 14 de março de 2013, aos 87 anos.
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo – MUNDO / Da EFE – 14/03/2013)
(Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/03 – MUNDO – NOTÍCIA / Da EFE – 14/03/2013)
Ieng Sary, ex-líder do Khmer Vermelho
Acusado de genocídio e crimes contra a humanidade, Ieng Sary atuou como chanceler no regime maoísta que exterminou 2 milhões de pessoas no Camboja
Ieng Sary, ex-ministro das Relações Exteriores do Khmer Vermelho
Sary enfrentava julgamento em um tribunal internacional por seu papel no regime totalitário responsável pelo extermínio de dois milhões de pessoas no Camboja. O ex-chanceler era acusado de genocídio e crimes contra a humanidade.
Cunhado de Pol Pot, o líder do Khmer Vermelho, Sary comandou a diplomacia do regime maoísta que deteve o poder no Camboja entre 1976 e 1979, quando um quinto da população do país pereceu devido à evacuação forçada dos moradores das cidades para o campo e às execuções arbitrárias de qualquer cidadão considerado inimigo da revolução principalmente intelectuais, minorias étnicas e aliados do antigo governo.
Banco dos réus – O ex-chanceler era julgado em Phnom Penh por um tribunal apoiado pelas Nações Unidas. Outros líderes do Khmer Vermelho que enfrentam o banco dos réus são o ex-chefe de Estado Khieu Samphan, de 81 anos, e o ideólogo do regime, Nuon Chea, 86 anos.
Em 2012, o chefe torturador do grupo, Kaing Guek Eav, conhecido como Duch, foi condenado à prisão perpétua por sua responsabilidade na morte de cerca de 16 mil pessoas no centro de detenção e torturas de Tuol Sleng, em Phnom Penh.
Considerado o líder supremo Khmer Vermelho, Pol Pot nunca foi julgado por suas atrocidades: o ditador morreu em 1998, foragido na selva do norte do Camboja onde comandava uma guerrilha maoísta. O regime de terror instaurado pelo Khmer Vermelho chegou ao fim em 1979, derrotado pelo exército vietnamita.
(Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/internacional- MUNDO – Com agências France-Presse e EFE – Internacional – Ásia – 14/03/2013)
Relembre os fatos que antecederam o genocídio no Camboja
Queda da monarquia
O movimento comunista no Camboja surgiu em meio à luta do país contra a colonização francesa nos anos 1940, influenciado pelos vietnamitas e impulsionado pela primeira Guerra da Indochina nos anos 1950. Em março de 1970, o marechal Lon Nol, um político cambojano que já tinha sido primeiro-ministro, conseguiu depor o príncipe Norodom Sihanouk através de um golpe de estado e derrubar a monarquia, com ajuda de seus parceiros pró-americanos. Paralelamente, o Khmer Vermelho – como era conhecido o Partido Comunista de Kampuchea – ganhou força e começou a crescer.
Ascensão do comunismo
Nos anos 1970, o Khmer Vermelho se posicionou como um dos principais atores militares do país, especialmente ao enfrentar as forças de Lon Nol em 1973 sob a liderança de Pol Pot, líder do partido. Nesse ano, o Exército do regime, com o apoio dos Estados Unidos, bombardeou o Camboja com 500.000 toneladas de bombas, que mataram cerca de 300.000 pessoas. Com isso, muitos dos familiares das vítimas se juntaram à revolução do Khmer Vermelho, até que o partido conquistou o apoio de aproximadamente 85% do território cambojano. Mesmo assim, as forças de Lon Nol ainda conseguiram lutar contra os comunistas por dois anos, graças à ajuda americana. Em 17 de abril de 1975, o Khmer Vermelho entrou finalmente na capital Phnom Penh e libertou o país das intervenções externas, dos bombardeios e da guerra civil.
Evacuação para os campos
Em 1976, foi estabelecido o Estado Democrático Kampuchea, governado pelo Khmer Vermelho até janeiro de 1979. Logo que tomaram o poder, seus dirigentes forçaram milhões de pessoas de Phnom Penh e outras cidades a irem trabalhar no campo – milhares morreram durante a evacuação. A desculpa que davam à população era a iminência de um longo bombardeio americano – o que não parecia um absurdo. De 1965 a 1973, mais bombas caíram no Camboja do que no Japão durante a II Guerra Mundial, incluindo as duas bombas nucleares de agosto de 1945. Na realidade, o objetivo era construir no Camboja uma utópica sociedade agrária, baseada nos ideais maoístas, sem diferenças de classes.
Exploração e massacre
Os líderes do Khmer Vermelho defendiam a eliminação dos intelectuais e a reeducação dos adultos por meio do trabalho manual. O dinheiro foi extinto, assim como a propriedade privada, as escolas, os centros religiosos, as lojas e os prédios administrativos. Os direitos humanos mais básicos foram desrespeitados. A população cambojana foi perseguida, privada de alimento e executada. O simples fato de alguém usar óculos poderia valer uma sentença de extermínio. Aos poucos, o Khmer Vermelho foi transformando o país em um grande centro de detenção, que depois se transformou em um verdadeiro cemitério. Como o Camboja fechou as portas para o resto do mundo, só mais tarde a verdade cruel veio à tona. Num país de somente 7 milhões de habitantes, cerca de 2 milhões foram assassinados por seus próprios líderes, e seus corpos, empilhados em covas coletivas dos campos de matança. Muitos dos soldados do regime eram crianças.
Justiça
O principal mentor de tamanha aberração ideológica e mortífera nunca chegou a enfrentar a história. Pol Pot morreu em 1998, quando se encontrava foragido no coração da selva cambojana. Somente em 2009 os horrores daquela época começaram a ser julgados. Em julho de 2010, um dos chefes torturadores do antigo regime foi condenado a 35 anos de prisão pelo tribunal internacional – depois sua pena foi reduzida para 19 anos. Kaing Guek Eav, mais conhecido como Duch, que dirigiu um grande centro de detenção e torturas, foi o primeiro entre cinco réus da corte – o único que admitiu culpa e pediu perdão pelas nas atrocidades cometidas durante o Khmer Vermelho. Recentemente, começaram a ser julgados Khieu Samphan, ex-presidente da República Democrática de Kampuchea; Nuon Chea, número dois e ideólogo do regime; e Ieng Sary, ex-ministro de Exteriores. Ieng Thirith, mulher deste último e antiga encarregada de Assuntos Sociais de Pol Pot, não foi julgada até agora por ser considerada demente.
(Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/internacional- MUNDO – Com agências France-Presse e EFE – Internacional – Ásia – 14/03/2013)
(Com agências France-Presse e EFE)