O primeiro orgasmo feminino do cinema
Hedy Lamarr (1914-2000), atriz austríaca. Bem antes de brilhar em Hollywood como a lasciva Dalila que deu cabo dos cabelos e da força do herói bíblico Sansão no épico de 1949. A bela já escrevera seu nome na história do cinema. Em 1933, com 19 anos e ainda assinando Hedy Kiesler, protagonizou o filme checo Extase, de Gustav Machaty, a época um escândalo por suas então inéditas cenas de nudismo e abordagem do prazer sexual pelo ponto de vista feminino.
Extase ilustra a transição do cinema mudo para o falado, com poucos diálogos, trilha sonora constante e ênfase na expressão dos atores. A personagem de Hedy, simbolicamente chamava Eva, é uma jovem que se casa com um homem bem mais velho e já na noite de núpcias percebe que a relação está condenada pela indiferença e desinteresse carnal dele. Ela o abandona e vai viver na casa de campo com o pai. Em um passeio a cavalo, Eva se apaixona por um galante rapaz, com quem, finalmente, consuma sua noite de amor.
São estas seqüências as responsáveis por Extase ter sido condenado, inclusive pelo papa Pio XII. O encontro entre os amantes se dá quando ela, nua, banha-se em um lago e depois corre a procura de seu cavalo. Na cena de sexo, o close no rosto de Eva capta o primeiro orgasmo feminino do cinema o diretor espetava o bumbum da atriz com uma agulha para obter a expressão que ele imaginava ser a adequada. Ali são apresentados clichês ainda hoje recorrentes: a mão que se contrai por prazer e o cigarro do momento relax.
Primeiro censurado e depois banido das salas, Extase teve suas cópias queimadas nos EUA. Na Europa, quem comandou a incineração foi então marido de Hedy, um rico comerciante que investiu parte da fortuna para limpar sua honra após ser espancada por ele, a atriz fugiu rumo aos EUA. Mas, mesmo na pré-história da internet, cópias do filme se multiplicaram rapidamente e traz a versão original do hoje inocente, romântico e histórico filme.
(Fonte: Zero Hora Ano 45 N° 15.843 Segundo Caderno sexta-feira, 16/01/09 Nudez castigada Por Marcelo Perrone Pág; 6)