Jacques-Pierre Brissot, jovem do campo com aspirações ao alto mundo dos filósofos, que foi levado à Bastilha pela nobreza

 

 

 

 

 

 

Jacques-Pierre Brissot (Chartres, França, 15 de janeiro de 1754 – Paris, 31 de outubro de 1793), foi um jovem do campo com aspirações ao alto mundo dos filósofos, que foi levado à Bastilha pela nobreza.

Brissot foi um político revolucionário girondino, chefe do partido político francês conhecido por Gironda. Estudou em Paris e Londres, e trabalhou como ajudante de um escritório de advocacia em Paris.

Na Bastilha, porém, Brissot virou agente da polícia, espião de seus colegas escritores. Ele manteve intacto o seu ódio à elite e participou ativamente da revolução, uma espécie de elo de ligação entre as ideias dos iluministas e a violência dos jacobinos durante a Revolução Francesa.

Entre os escritos teóricos de Voltaire, Rousseau e dos filósofos iluministas e a prática brutal dos revolucionários de 1789, surgiu e vicejou uma fauna imensa de subliteratos. Esses subliteratos, intelectuais esquecidos, quiseram ascender socialmente no sistema social do Antigo Regime através do pensamento, das grandes obras.

O Antigo Regime e a falta de talento impediram que esses homens tivessem sequer uma vida decente, quanto mais subir na sociedade. Os subliteratos então se corromperam, viraram espiões do regime que odiavam, se endividaram, escreveram panfletos pornográficos para se manter e às suas famílias.

Morreram para a literatura, mas com o ódio contra o Antigo Regime que destilaram em seus escritos, de grande difusão popular, colocaram a pimenta que aqueceria o caldo de cultura do radicalismo da Revolução Francesa.

O regime tolerava as inquietudes dos grandes filósofos, mas não perdoava as dívidas de um La Senne ou a miséria contumaz de um Brissot.

A revolução, porém, o seu sonho tornado realidade, conduziu Brissot à guilhotina. Homens como Brissot, padeciam as dores do ódio.

 

(Fonte:  Veja, 12 de agosto de 1987 – Edição 988 – LIVROS – Pág: 120/121)