Jair do Cavaquinho, sambista da Portela
Decano da Velha Guarda da Portela fez sucesso com músicas como “Barracão de Zinco”
Jair Araújo da Costa (Rio de Janeiro, 26 de abril de 1922 – Rio de Janeiro, 6 de abril de 2006), conhecido como Jair do Cavaquinho, foi um cantor, compositor, instrumentista e sambista da Portela
Decano da Velha Guarda da Portela e sócio nº 1 da escola, Jair do Cavaquinho foi o mascote dos fundadores da Portela, que se chamava Vai Como Pode e ganhou o novo nome em 1935. Conviveu com o líder Paulo da Portela (1901-1949) e repassava seus ensinamentos aos componentes mais novos.
O compositor e sambista Jair do Cavaquinho, foi o mais antigo integrante da Velha Guarda da Portela, sócio número um da escola, ilustre componente da Portela. Da Portela, foi presidente da ala dos compositores e da harmonia. Ser o “sócio número um” era motivo de muito orgulho.
Entre as músicas de Jair que fizeram sucesso estão “Barracão de Zinco”, lançada por Jamelão em 1962, “Vou Partir”, parceria com seu amigo Nelson Cavaquinho, “Conversa de Malandro” (com Paulinho da Viola) e “Pecadora” (com Joãozinho).
Seu Jair e seu cavaquinho chegaram à escola quando ele era ainda menino. Foi levado pela mãe. Aos 15 anos, ele já era o primeiro cavaquinista do grupo de músicos – um grande feito, já que ele aprendeu a tocar o instrumento sozinho, observando os mais velhos.
O músico aparece em 14 discos – o primeiro, gravado em 1965; o último em 2002, pelo selo Phonomotor, de Marisa Monte. Dois anos antes, Marisa havia sido produtora de Tudo Azul, que reuniu a Velha Guarda. Aquele era seu primeiro CD solo – feito só alcançado aos 79 anos.
Três de seus discos foram com o grupo Os Cinco Crioulos, formado, nos anos 60, por Jair, Elton Medeiros, Nelson Sargento, Anescarzinho do Salgueiro e Pualinho da Viola, então um jovenzinho.
Entre as composições mais famosas – há cerca de cem, entre elas sambas-enredo –m está Vou partir e Pecadora. As duas entraram no disco de Elizeth sobe o morro, de Elizeth Cardoso, de 1965 – assim como Meu viver e Ela deixou.
Entre os parceiros mais constantes, estava Nelson Cavaquinho (parceiro em Vou partir, Eu e as flores e Enquanto a cidade dorme. Seus sambas foram gravados por Jamelão, Nara Leão, Zeca Pagodinho, pela Velha Guarda, naturalmente, e por Marisa.
Voz miúda
Só teve chance de lançar um disco solo na vida. Em 2002, Marisa Monte adquiriu o CD que Jair gravara com produção de Pedro Amorim e o lançou com o de Argemiro Patrocínio (1923-2003), outro grande portelense. Pôde, então, registrar na sua voz miúda composições como “Eu e a Rosa”, “Cabelos Brancos” e “Adeus, Palhaço”.
Sua carreira está marcada pela participação em grupos importantes de samba. Em 1965, cantou no histórico show “Rosa de Ouro” ao lado de Clementina de Jesus, Paulinho da Viola, Elton Medeiros e outros. Em seguida, integrou o A Voz do Morro e, com Mauro Duarte, Elton, Nelson Sargento e Anescarzinho, criou os Cinco Crioulos. Entrou nos anos 90 para a Velha Guarda da Portela, gravando “Tudo Azul” -com produção de Marisa Monte- em 2000.
Sua especialidade sua era o miudinho, modo tradicional de se dançar samba que consiste em passos curtos e movimentos graciosos.
A paixão pelo samba o levou, quando criança, a improvisar um cavaquinho com quatro cordas de arame. Autodidata, tornou-se um craque no instrumento. Nos últimos anos, vinha tocando apenas tamborim nos shows da Velha Guarda.
Jair faleceu em 6 de abril de 2006, no Rio de Janeiro, aos 83 anos, em decorrência de problemas cardíacos.
(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/musica – 20060406p3975 – CULTURA – MÚSICA – 3 Abril 2006)
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0704200626 – DA SUCURSAL DO RIO – MÚSICA – 7 de abril de 2006)
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