James Angleton, um dos grandes mestres da espionagem americana, que durante vinte anos chefiou os serviços de espionagem da CIA. Angleton já transitava com desenvoltura pelo emaranhado de conspirações, intrigas, infiltrações, deserções e agentes duplos muito antes de assumir a diretoria da CIA em 1954. No final da II Guerra Mundial, atuou como agente secreto em Roma e já nessa época efetuava uma busca de informações tão minuciosa que chegou a controlar toda a correspondência do Vaticano com os núncios apostólicos espalhados pelo mundo – até descobrir que seu intermediário nessa empreitada passava as mesmas informações para a embaixada soviética em Roma. É provável que seu feito mais conhecido tenha sido obter uma cópia do discurso secreto que o então líder soviético Nikita Kruchev fez, no vigésimo congresso do Partido Comunista Soviético em 1956, denunciando Stálin.À medida que foi galgando os degraus de sua carreira, a preocupação com a infiltração comunista nos serviços secretos americanos transformou-se numa obsessão, que acabou por lhe custar caro. Convencido da existência de um agente da KGB na CIA, Angleton se viu mergulhado em desconfianças cada vez maiores, passando a suspeitar de personalidades, como o ex-embaixador americano em Moscou, Avarell Harrinan, do presidente Nixon e de Henry Kissinger. Acabou demitido em 1974, depois de ter sido transformado no objeto de uma investigação interna que concluiu que ele era o próprio agente infiltrado pela KGB. A acusação, possivelmente plantada por seus próprios desafetos na CIA, nunca chegou a ser provada. Angleton morreu dia 12 de maio de 1987, aos 69 anos, de câncer, em Washington.
(Fonte: Veja, 20 de maio, 1987 Edição N° 976 DATAS Pág; 95)