Jean-Bedel Bokassa, ditador, que durante treze anos governou a República Centro-Africana.

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Jean-Bedel Bokassa (Bangui, 22 de fevereiro de 1921 – Bangui, 3 de novembro de 1996), ditador, que durante treze anos governou a República Centro-Africana. Joguete da França, ex-potência colonial, quis ser imperador e se autocoroou, numa cerimônia exótica. Deposto em 1979, por intervenção francesa diante de especiais barbaridades, foi viver no doce exílio.

Correram boatos de que, depois de sua queda, foram encontrados órgãos humanos nos freezers do palácio. O ditador tirano morreu no dia 3 de novembro de 1996, aos 75 anos, de ataque cardíaco, em Bangui.
(Fonte: Veja, 13 de novembro de 1996 – Edição 1470 – Datas – Pág; 138)

O Império ataca

Desde que perdeu as rédeas do Império Centro-Africano, num golpe de Estado teleguiado por Paris em 1979, o ex-imperador Jean-Bedel Bokassa não é uma figura lembrada com prazer nos círculos oficiais franceses. Na época do golpe, o presidente da França, Valéry Giscard d”Estaing, foi acusado de ter traído uma velha amizade.

Efetivamente, através dos anos, Giscard participou de caçadas africanas promovidas pelo “imperador”, um déspota selvagem e primitivo, que teria oferecido também não só ao próprio presidente como também a sua esposa, ministros, parentes e amigos uma quantidade notável de diamantes – jamais declarados oficialmente.

Com o passar do tempo, essa história de diamantes foi evaporando-se do noticiário.

E tudo teria talvez ficado definitivamente esquecido se não fosse, mais uma vez, o semanário satírico Le Canard Enchaîné, em sua edição especial do dia 17 de setembro. O semanário reproduz uma conversa telefônica de meia hora com Bokassa que, desde o golpe, se encontra exilado sob boa guarda em Abidjan, a capital da Costa do Marfim – um país onde o governo francês tem tanta influência quanto na República Centro-Africana.

Mais tarde, com Bokassa já no exílio, entraram em contato com a Líbia para liberar as contas bancárias que o ex-“imperador” mantinha naquele país – o que explicaria a presença do escritor Roger Delpey na embaixada da Líbia em Paris.

Finalmente, Bokassa lhe teria ditado um extenso relatório sobre suas relações com o presidente francês e as circunstâncias secretas do golpe de Estado. “Delpey conhece tudo, de A a Z”, resume Bokassa.

Como o ex-“imperador” vive na Costa do Marfim vigiado dia e noite por policiais franceses – e impediram telefonemas de Bokassa a outros jornais -, logo se suspeitou de uma traição dentro dos próprios serviços secretos.

(Fonte: Veja, 24 de setembro de 1980 – Edição n° 629 – FRANÇA/ Por Pedro Cavalcanti, de Paris – Pág; 43/44)

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