Jeffrey Hunter, foi um astro
Jeffrey Hunter (nasceu em Nova Orleans, em 25 de novembro de 1926 — faleceu em Los Angeles, em 27 de maio de 1969), foi um dos mais promissores galãs da década de 50, e hoje talvez seja mais lembrado por ter interpretado Jesus no filme O Rei dos Reis (King of Kings, 1961). Ainda na escola o belo rapaz dividia suas atividades entre os esportes, o rádio e o teatro escolar. Começou a trabalhar como locutor e como rádio ator em estações locais. Entre 1942 e 1945 viajou diversas cidades fazendo teatro amador e em 1945 deixou a carreira de ator para se alistar na Marinha. Como havia sido ferido jogando futebol no colégio, não lutou em batalhas durante a Segunda Guerra, trabalhando como técnico de rádio na divisão de comunicações.
Hunter deu baixa da marinha em 1946 e foi para a Universidade de Nortwestern, fazer especialização em rádio, psicologia e inglês. Também voltou ao teatro, atuando em produções da universidade, ao lado da atriz Ruth Gordon.
Seu primeiro papel no cinema foi numa produção independente, feita por David Bradley, um ex aluno da universidade que dirigia filmes. O jovem rapaz fez um papel não creditado, um plebeu no filme Julius Caesar (1950), que tinha o também iniciante Charlton Heston como Marco Antônio.
Após terminar a faculdade, mudou-se para Los Angeles para fazer mestrado em rádio. Em 1950 ele também atuava em uma peça universitária, quando foi visto por um olheiro da 20th Century Fox que o convidou para fazer um teste. Ao assistir ao teste, Darryl F. Zanuck ficou impressionado com a beleza do rapaz, e o lhe ofereceu um contrato de longo prazo. Foi Zannuck quem o batizou Jeffrey Hunter.
Muita publicidade foi feita em torno do rapaz, inventaram até que ele era parente do ex-presidente Zachary Taylor. A Fox o testou em um pequeno papel no filme Minha Cara Metade (Call Me Mister, 1951), estrelado por Betty Grable.
Logo começaram a chegar cartas no estúdio de moças que queriam saber mais sobre o belo ator que viram brevemente. Ele então ganhou um papel um pouco maior em Horas Intermináveis (Fourteen Hours, 1951), fazendo par romântico com outra promessa do estúdio, a bela Debra Paget. Sua primeira grande chance foi no filme Homens Rãs (The Frog Men, 1951), onde contracenou com outro jovem galã que a Fox testava, o ator Robert Wagner.
Para promover ambos, o estúdio inventou uma rivalidade entre os dois, que eram amigos na vida real. Além disto, faziam de tudo para esconder que o galã de olhos azuis era casado com a atriz Barbara Rush, que conhecera justamente quando fazia o teste para ingressar na Fox.
Em Montanhas Ardentes (Red Skies of Montana, 1952) fez o terceiro papel masculino da obra. O retorno do público era cada vez maior. Sua fama aumentou ainda mais quando a atriz Marilyn Monroe afirmou que após vê-lo em A Família do Gênio (Belles on Their Toes, 1952), o considerava um dos atores mais bonitos do cinema. Alguns pesquisadores afirmam que tal declaração foi armada para promover ainda mais o rapaz, o que pode ser verdade, já que pouco tempo depois desta declaração Jeffrey Hunter estrelou seu primeiro filme, Um Grito no Pântano (Lure of The Wildernes, 1952), com Jean Peters.
Mas após obter sua grande chance, o ator não deu retorno nas bilheterias. Seus filmes como protagonista não deram lucro, e a Fox começou a deixá-lo em segundo plano. Mesmo A Princesa do Nilo (Princess of the Nile, 1954), onde repetiu par romântico com Debra Paget não foi bem sucedido.
Após protagonizar uma série de fracassos, o ator não conseguiu fazer a transição para o estrelato. Ele chegou a desabafar, dizendo que fazia inúmeras fotos publicitárias, mas não era chamado para mais nenhum filme. Hunter, que havia sido cotado para ser o protagonista da super produção O Príncipe Valente (Prince Valiant, 1954), acabou perdendo o papel para o “rival” Robert Wagner.
Em 1954 o ator veio ao Brasil como um dos muitos integrantes do I Festival de Cinema Internacional de São Paulo. Evento cinematográfico que fazia parte dos festejos do IV Centenário da da Cidade de São Paulo.
O antes queridinho do estúdio foi deixado de lado. A Fox o emprestou, junto com Debra Paget, para a Allied Artists Pictures, para atuarem em 7 Homens Enfurecidos (Seven Angry Men, 1955), coadjuvando Raymond Massey.
De volta ao seu estúdio foi escalado para fazer um papel de índio em A Lei do Bravo (White Feather, 1955), coadjuvando justamente o ator Robert Wagner, que interpretava o mocinho.
Após ver sua carreira começar a declinar o ator montou uma produtora, e começou a aceitar convites para aparecer na televisão. Sem utilidade para a Fox, foi novamente emprestado para a Allied Artists Pictures para atuar em Amor, Prelúdio de Morte (A Kiss Befor Dying, 1956), onde disputava o amor de Joanne Woodward com Robert Wagner. Wagner, novamente, era o personagem principal do filme, que ficou um ano engavetado antes de ser lançado nos cinemas.
A carreira do ator estava em baixa, mas foi revitalizada quando o diretor John Ford o escalou para viver Martin Pawley, o rapaz mestiço de índio que ajuda John Wayne a resgatar a sobrinha em Rastros de Ódio (The Searchers, 1956). O filme foi um grande sucesso, e Hunter teve um papel de destaque na obra, além de ganhar grandes elogios da crítica. Um jornal disse “Sabemos que Jeffrey Hunter chegou lá quando vimos que ele ganhou a mesma quantidade de munição falsa dada a John Wayne no filme.”
Após Rastros de Ódio, foi emprestado para a Disney, onde fez Têmpera de Bravos (The Great Locomotive Chase, 1956), que também fez sucesso. A Fox voltou a se interessar pelo ator, e ofereceu para renovar seu contrato, permitindo que ele fizesse um filme por ano em outro estúdio. Reuniram-no novamente com Robert Wagner, desta vez com ambos em papéis principais em Quem Foi Jesse James (The True Story of Jesse James, 1957), dirigido por Nicholas Ray.
Voltou a protagonizar filmes do estúdio, mas de baixo orçamento, que foram bem sucedidos. Enviado para a Inglaterra, protagonizou uma produção do estúdio feita por lá, Conte 5 e Morra (Count Five and Die, 1957). Na sequência, faria um filme na Universal, mas ficou doente, o que atrasou seu retorno da Europa. Ao retornar aos Estados Unidos fez então O Último Hurra (The Last Hurrah, 1958), sendo novamente dirigido por John Ford. Seu último filme sob contrato na Fox seria Três Encontros com o Destino (In Love and War, 1958), novamente com Robert Wagner. John Ford então o escalou mais uma vez, para atuar em Audazes e Malditos (Sergeant Rutledge, 1960), estrelado por Woody Strode. E foi o diretor Ford quem recomendou Jeffrey Hunter para o diretor Nicholas Ray (com quem ele já havia trabalhado) para que ele estrelasse a super produção que estava fazendo, O Rei dos Reis (King of Kings, 1961), sobre a vida de Jesus Cristo. Durante as filmagens, Hunter deu uma declaração a colunista Louella Parsons dizendo que acreditava ter o tipo físico atlético tal qual Jesus teria, o que foi muito criticado.
As pessoas também ridicularizaram o ator dizendo que ele interpretou um Jesus adolescente, embora ele tivesse na época trinta e três anos, a mesma idade de Cristo. Apesar disto tudo, o filme foi um grande sucesso, tanto que o ator preferiu se afastar das telas por um tempo para deixar o público esquecer sua imagem na obra.
Quando retornou, escolheu papéis completamente diferentes, para se desvencilhar do seu papel mais famoso. Em seu retorno, fez mais um filme na Fox (como freelancer), integrando o elenco estrelar de O Mais Longo dos Dias (The Longest Day, 1962), último filme que fez com Robert Wagner.
A Warner lhe ofereceu um contrato para protagonizar o seriado Temple Huston (1963-1964), que não foi muito bem sucedido. Por causa do contrato de dois anos que assinou para a série, teve que recusar o convite de John Huston para atuar em Crepúsculo de Uma Raça (Cheyenne Autumm, 1964). Apesar da experiência frustada, ele aceitou fazer um piloto para uma série que a NBC produzia: Jornada nas Estrelas (Star Trek). Jeffrey Hunter intrepretou o capitão Chistopher Pike, mas se recusou a trabalhar na série quando ela foi aprovada, pois não queria ficar preso muito tempo em um único trabalho e perder outras oportunidades, como aconteceu em Temple Huston. A série foi então reformulada, e o personagem de Hunter foi renomeado para Capitão James T. Kirk, e passou a ser interpretado por William Shatner.
Mas com o fim do sistema de contratos dos grandes estúdios e a terceirização das produções Jeffrey Hunter, e outros tantos atores que foram importantes, se viram sem emprego, e partiram para à Europa para atuar em filmes de baixo orçamento. Fez filmes na Alemanha, Espanha e Itália, e até um filme em Singapura, que nunca foi lançado (e hoje é dado como perdido).
Em 1968, enquanto filmava O Poderoso Frank Mannata (¡Viva América!, 1969) na Espanha, foi ferido num acidente de filmagem. Ele foi atingido por uma explosão de um carro, que fazia parte de uma cena, sofrendo uma grave concussão. O ator foi levado as pressas para os Estados Unidos, mas os médicos disseram não ter encontrado nenhum ferimento grave.
De volta aos EUA, tentou o papel no seriado A Família Sol-Lá-Si-Dó, mas os produtores acharam que ele era muito bonito para o papel. Também foi recusado na novela General Hospital, mas havia sido contratado para atuar no filme Trágica Sentença (The Desperados, 1969), que seria seu retorno ao cinema norte-americano. Porém, antes de começar a filmar encontrou um velho amigo dos tempos da marinha, e este lhe deu um soco no queixo de “brincadeira“. Hunter perdeu o equilíbrio e bateu a cabeça contra uma porta. O ferimento da explosão, até então leve, virou um acidente vascular cerebral. O ator perdeu a fala e ficou semi-paralisado.
Em casa, abalado do AVC, tentou subir uma pequena escada sozinho, mas caiu e bateu a cabeça, ficando inconsciente. Levado ao hospital, faleceu durante a cirurgia que tentava reparar a fratura de seu crânio. Jeffrey Hunter faleceu em 27 de maio de 1969, com apenas quarenta e dois anos.
(Fonte: https://www.memoriascinematograficas.com.br/2018/07 – MEMÓRIAS CINEMATOGRÁFICAS / BIOGRAFIAS – julho 01, 2018)
(Créditos autorais: https://www.nytimes.com/1969/05/28/archives- New York Times/ ARQUIVOS/ por Arquivos do New York Times – 28 de maio de 1969)
© 1998 The New York Times Company