Jens Christian Skou, que recebeu o Prêmio Nobel de Química
Skou, que tinha formação em medicina e cirurgia, e não nos intricados movimentos de partículas carregadas através das células, recebeu o Prêmio Nobel de Química em 1997. (Lars Moeller/AP)
Jens Christian Skou (nasceu Lemvig, em 8 de outubro de 1918 – faleceu em Aarhus, em 28 de maio de 2018), foi um fisiologista dinamarquês que ganhou o Prêmio Nobel de Química pela descoberta de uma bomba molecular crucial para células e organismos vivos. O Dr. Skou era professor emérito desde 1988, na Universidade de Aarhus, na Dinamarca.
Operando de forma quase imperceptível, numa escala infinitamente pequena, a bomba que o Dr. Skou descobriu torna possível um reequilíbrio das quantidades de íons carregados que se enfrentam através da membrana celular.
Diferenças em sua concentração criam um potencial elétrico ou voltagem, que por sua vez torna possível que as células nervosas que o Dr. Skou estudou sinalizem umas às outras – e a outros órgãos do corpo – por meio da troca de minúsculas correntes elétricas.
Dr. Skou recebeu o Nobel em 1997, dividindo o prêmio com a equipe de Paul Delos Boyer (1918 – 2018) e John Ernest Walker, que mostraram como todos os seres vivos produzem trifosfato de adenosina (ATP), uma molécula que armazena energia. Dr. Skou descobriu a enzima conhecida como adenosina trifosfatase estimulada por sódio e potássio, que mantém o equilíbrio dos íons sódio e potássio na célula.
Seu mecanismo não era óbvio. Dr. Skou lembrou que os críticos zombaram de suas afirmações de que uma enzima poderia mover íons através das membranas que envolvem as células.
Seu trabalho foi alimentado por uma formação em medicina e cirurgia, nas quais anestésicos são usados para bloquear a transmissão de sinais produzidos pela sensação. As células nervosas transmitem sensações através de um processo molecular semelhante ao carregamento de uma bateria, usando a bateria para gerar uma corrente e depois recarregando a bateria.
A bomba de sódio-potássio é uma chave importante para a carga e recarga, e bloquear sua ação pode deixar o corpo entorpecido às sensações.
Parecia que a mera curiosidade foi a motivação para os experimentos que levaram à grande descoberta do Dr. Skou. Durante grande parte de sua carreira ele ficou conhecido por enfatizar a importância dessas pesquisas, que buscou tanto para responder questões fundamentais quanto para trazer aplicações imediatas. Sua descoberta apontou o caminho para novos tratamentos para doenças e para a correção de defeitos fisiológicos.
Dr. Skou nasceu em Lemvig, Dinamarca, em 8 de outubro de 1918. Seu pai e seu tio trabalhavam no ramo de madeira e carvão.
Segundo ele contou, a decisão de seguir a medicina veio de uma combinação de fatores, incluindo uma sugestão de seu parceiro de tênis e a necessidade de algum objetivo reconhecível.
Ele se formou em medicina pela Universidade de Copenhague em 1944, treinando durante sete anos durante a ocupação alemã da Dinamarca.
A certa altura, escreveu num esboço biográfico para o Nobel, soube que “um dos nossos colegas de medicina era um informante alemão. Sabíamos quem ele era, então poderíamos tomar cuidado.” Depois que o suposto informante “foi finalmente liquidado”, disse Skou, os estudantes temeram represálias e ficaram longe das aulas. Depois que os exames foram feitos e aprovados, o juramento de Hipócrates foi administrado em segredo.
Dr. Skou desenvolveu seu interesse em cirurgia como estagiário, em parte porque seu supervisor demonstrou grande interesse em trazê-lo rapidamente.
Ele logo descobriu o motivo. Certa noite, os dois começaram a tratar um paciente com apendicite. No meio da operação, o Dr. Skou foi instruído a assumir o comando e seu supervisor foi embora. Depois de concluir o procedimento, o Dr. Skou soube que seu supervisor havia ido buscar armas que haviam sido lançadas de pára-quedas para a resistência dinamarquesa.
Dr. Skou continuou com a cirurgia. Mas na enfermaria cirúrgica, a curiosidade sobre os efeitos dos anestésicos locais tornou-se uma importante fonte de motivação e, em 1947, ingressou no Instituto de Fisiologia Médica da Universidade de Aarhus. Ele tinha quase 30 anos e, além dos requisitos científicos de sua formação médica, disse que “não tinha formação científica”.
Sua pesquisa em anestésicos locais permitiu-lhe identificar a bomba de sódio-potássio, que ele descreveu pela primeira vez em um artigo de 1957.
Skou serviu por dois períodos como chefe do departamento de fisiologia em Aarhus, começando em 1963 e novamente em 1978.
Jens Christian Skou faleceu em 28 de maio. Ele tinha 99 anos.
Os sobreviventes incluem sua esposa, Ellen Margrethe Nielsen, e duas filhas. A primeira filha do casal nasceu em 1950 com uma doença fatal e morreu antes dos 2 anos.
(Créditos autorais: https://www.washingtonpost.com/local/archives – Washington Post/ ARQUIVOS/ Por Martin Weil – 3 de junho de 2018)
Martin Weil é um repórter de longa data do The Washington Post.
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