Jerônimo Jardim, compositor gravado por Elis Regina, com obra aplaudida pelos gaúchos
Músico gaúcho venceu festivais ao longo da carreira, durante a qual também se aventurou no direito, publicidade e literatura
(Clair Fofonka da Silva Jardim/ Facebook/ REPRODUÇÃO)
Jerônimo Osório Moreira Jardim (Jaguarão, RS, 19 de novembro de 1944 – Porto Alegre, 3 de agosto de 2023), músico, escritor e compositor gaúcho.
Considerado um dos grandes nomes da música popular do sul do Brasil, Jardim teve obras gravadas por diversos intérpretes. “Moda de Sangue”, por exemplo, de autoria junto a Ivaldo Roque, se popularizou na voz de Elis Regina e esteve na trilha sonora das novelas “Coração Alado” (1980) e “Torre de Babel” (1998), ambas da Rede Globo.
Talvez nem mais os atentos admiradores de Elis Regina (1945 – 1982) liguem o nome do compositor à densa Moda de sangue (1979), parceria de Jardim com Ivan Roque gravada pela cantora conterrânea no álbum Saudade do Brasil (1980) e amplificada nas trilhas sonoras das novelas Coração alado (Globo, 1980) e Torre de Babel (Globo, 1998).
O músico nasceu em 19 de novembro de 1944 em Jaguarão e foi criado em Bagé, ambas cidades do Rio Grande do Sul. Mudou-se para Porto Alegre no início da década de 1970, quando iniciou sua carreira artística e integrou o grupo musical gaúcho Pentagrama. Em 1979 lançou seu primeiro disco solo, no qual gravou a canção posteriormente gravada por Elis Regina.
Ao longo da carreira, Jardim ganhou alguns festivais como o MPB Shell, em 1981, em que teve sua canção “Purpurina” interpretada por Lucinha Lins. Ao levar o troféu da 15ª Califórnia da Canção Nativa, em 1984, pela música “Astro haragano”, foi vaiado pelo público, afastando-se do palco por 11 anos.
Fora do eixo sulista, talvez menos gente saiba que Jerônimo Jardim foi o compositor de Purpurina, bela música que venceu em 1981 o festival MPB-Shell, debaixo de vaias, na voz da cantora Lucinha Lins.
Alheio ao (injusto) pouco reconhecimento do Brasil, o cantor e compositor construiu carreira respeitada pelo público e músicos gaúchos. Revelado no Pentagrama, grupo que lançou um único álbum em 1976, Jardim debutou na carreira solo em 1979, ano em que apresentou o primeiro álbum da trajetória individual.
Foi nesse disco intitulado Jerônimo Jardim que o compositor apresentou Moda de sangue, música incluída por Elis no show e disco Saudade do Brasil.
Outros álbuns – como Terceiro sinal (1984) e Digitais (1997) – deram sequência espaçada à discografia encerrada há oito anos com o álbum Singular e plúrimo (2015).
Em 1986 retornou a Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, para mais uma edição da Califórnia Canção Nativa, apresentando a mesma canção que lhe rendeu vaias uma década antes. Na ocasião, porém, foi aplaudido de pé por uma plateia de 4.000 pessoas.
Com sete discos gravados ao longo da carreira, Jardim também se dedicou ao direito e à publicidade. Aventurou-se ainda na carreira de escritor, tendo publicado cinco livros infanto-juvenis.
Jerônimo Jardim falceu na quinta-feira (2) aos 78 anos. O compositor gaúcho estava internado em um hospital de Porto Alegre desde o início de julho por problemas respiratórios.