Jerry Garcia, guitarrista do grupo Grateful Dead e um dos ícones da contracultura dos anos 60

Líder do Grateful Dead

 

 

 

 

Garcia: ícone da contracultura

 

Jerome John “Jerry” Garcia (San Francisco, 1° de agosto de 1942 – Marin County, Califórnia, 9 de agosto de 1995), guitarrista do grupo Grateful Dead e um dos ícones da contracultura dos anos 60.

Jerry Garcia, líder da banda de rock Grateful Dead, grupo, formado em 1964, foi um dos principais porta-vozes da contracultura no final da década de 60.

O Grateful Dead se manteve por 31 anos entre as bandas de rock capazes de atrair as maiores multidões para suas apresentações ao vivo.

Seus fãs, entre eles muitos remanescentes da geração dos anos 60, mas também grande número de adolescentes, dedicam ao Grateful Dead uma adoração que às vezes beirava os limites da devoção.

O estilo do Grateful Dead misturava rock, blues e folk. Seus maiores sucessos foram “Casey Jones”, “Friend of the Devil” e “Touch of Grey”.

Com suas improvisações à guitarra e o visual psicodélico que não se alterou com o passar do tempo, Garcia era a principal atração do grupo.

Ele virou até nome de sorvete, o Cherry Garcia, da fábrica Ben & Jerry, formada por dois ex-hippies no Estado de Vermont, Costa Leste dos EUA, convertidos em empresários, que resolveram aproveitar o nome do ídolo.

Com suas barbas e cabelos longos, olhos esbugalhados por trás dos óculos grossos. Jerry Garcia cruzou a década da paz e do amor como o rei do Haight-Ashbury, área de San Francisco que ditava as normas para os hippies e tribos afins. Os shows de sua banda celebrizaram-se pelo bom rock e pela duração interminável – alguns deles chegaram a se estender por seis horas, sob os eflúvios das drogas e do psicodelismo.

Publicamente, Jerry Garcia chegou a repudiar a droga e tentar recuperar a saúde. Batizou um sorvete fabricado por uma grande rede americana e comercializou gravatas com estampas reproduzidas de seus quadros, mas nunca virou um homem de negócios bem-comportado como outro dinossauro, Mick Jagger.

Em 1991, após vários problemas de saúde, Garcia anunciou que estava deixando de fumar e consumir drogas.

Garcia estava casado pela terceira vez, com a cineasta Deborah Koons, e deixou quatro filhas.

Jerry Garcia, que fez seu último show em julho, morreu no dia 9 de agosto de 1995, aos 53 anos, de ataque cardíaco nas imediações de San Francisco, costa oeste dos Estados Unidos, em Marin County, Califórnia. Garcia tinha estava internado numa clínica para tratamento de viciados em drogas.

Garcia foi o quarto integrante do Grateful Dead a morrer. Em 1973, Ron McKernan morreu de alcoolismo; em 1980, Keith Godchaux morreu em um acidente de automóvel; e, em 1990, Brent Mydland morreu vítima de uma overdose.
(Fonte: Veja, 16 de agosto de 1995 – ANO 28 – N° 33 – Edição 1 405 – DATAS – Pág; 101)

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/8/10/mundo – FOLHA DE S.PAULO – MUNDO / Por CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA DE WASHINGTON – São Paulo, 10 de agosto de 1995)

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Jerome John Garcia nasceu em 1942 em San Francisco, filho de um imigrante espanhol, que morreu quando ele era bem moleque e de uma dona de boteco de marinheiros. Seu nome foi uma homenagem ao grande compositor Jerome Kern, e desde muito cedo participava do circuito folk local junto com seus amigos ancestrais Bob Weir e Pigpen, até se envolver com a literatura beat na figura do poeta Lawrence Ferlinguetti, e resolver eletrificar os Warlocks depois de ver os Beatles no Ed Sullivan e o famoso barraco elétrico de Bob Dylan no tradicional festival folk de Newport. Daí em diante se tornaram uma banda de rock com grande influência folk e ganharam um hábito de improvisar intermináveis temas característicos dos grupos de jazz tão caros aos beats.

Nesta época estava se iniciando as experiências monitoradas com o LSD no Veterans Hospital perto da universidade de Stanford. Foi lá que esta turma conheceu Robert Hunter (principal letrista do Dead) e o escritor Ken Kesey (“Um estranho no ninho”), que estavam literalmente caindo de boca no escancaramento de todas as portas da percepção. Isto teve uma importância mais que fundamental na formação da consciência, no som e em toda a maneira de ver a vida do que viria a ser o Grateful Dead.

Ken Kesey arrumou um químico fabricante de ácido, encheu um ônibus de alucinados do mesmo calibre e com Neal Cassady, inspirador de Kerouac em “On the Road” de motorista (virado de anfetamina birita e LSD) atravessou os Eua divulgando um estilo de vida e consciência que chocava todos por onde passava. Dizem que a chegada em Wall Street em N.York foi antológica, com distribuição de ácido e flores pros passantes engravatados.

Outras experiências do grupo eram os chamados acid tests que nada mais eram que enormes festas, muitas vezes ao ar livre (tem gente que pensa que rave é novidade), onde em meio à projeção de slides psicodélicos, luzes estroboscópicas e ácido gratuito o Grateful Dead tocava horas e horas sem parar, improvisando direto e formatando sua identidade sonora futura no meio daquela doideira generalizada. Muitas destas intermináveis sessões de improviso abriram caminho pra coisas posteriores como, por exemplo, os Allman Brothers e outros grupos chegados a uma estrutura jazzística.

O nome surgiu duma destas viagens em Haight-Ashbury quando todo mundo alopradésimo como de costume resolveu abrir um dicionário e Garcia viu cabalísticamente esta palavra escrita brilhando em algum lugar. Daí foi um tal de é isso, maneiro e só… que não precisa ter estado lá pra imaginar…

Musicalmente o Grateful Dead sempre foi uma banda bastante interessante, muito melhor ao vivo e Jerry Garcia sempre foi um guitarrista inconfundível com seus solos viajantes e seu vocal característico, sempre entremeado com o ótimo Bob Weir. Seus melhores discos são os registros de seus shows, verdadeira celebração com a malucada e o clássico Live Dead é coisa muito séria. Lembro-me uma vez numa festa em minha casa onde o disco tava rolando direto e chegou um amigo todo suado com o olho esbugalhado e praticamente implorou: “dá pra trocar o disco?”. Fiquei com pena e coloquei outra coisa mais retornante. Depois de uma coca gelada e de lavar o rosto ele disse que ficou com medo da guitarra do Jerry Garcia, pode?

Mas essa balada forte ao longo dos anos tem seu preço e no meio dos 80 Jerry Garcia se viu terrivelmente viciado em Heroína e Cocaína e começou uma interminável sucessão de internações, que acabaram por levá-lo a morte, assim como de três de seus tecladistas: Pigpen (73), Keith Godcheaux (80) e Brent Mydland (90).

Pra quem já viu um vídeo ou filme deles sabe do que eu estou falando. Eram os “anti-super-stars”. Garcia tocava sempre com um jeans surrado e uma camiseta destas de ficar em casa, meio gorducho e barbudão, uma espécie de Papai Noel hippie meio parado mandando uns solos intermináveis na guitarra. Uma figura muito simpática. Enquanto na platéia um pessoal que parecia saído do túnel do tempo ou de Santa Teresa (RJ), o que dá no mesmo, fazendo umas danças performáticas junto com seus filhos e netos. Falando nisso, tem um disco do Jerry Garcia e David Grisman pra criança (Not for Kids Only) que eu coloco sempre pro meu filho escutar. O pior é que ele adora.
(Fonte: Jerry Garcia – O Anti-Super-Star http://whiplash.net/materias/ontheroad)