Jesus Soares Pereira nasceu em Assaré (CE) no dia 6 de maio de 1910, filho de Pedro Felismino Pereira e de Maria Isabel Soares Pereira. Dos 15 aos 21 anos, trabalhou como telegrafista na capital cearense, custeando assim seus estudos. Durante esses anos de formação, aderiu ao positivismo.
Em fins de 1931, mudou-se para o Rio de Janeiro. Devido à sua ligação com os positivistas, ainda em 1931 tornou-se amigo do diretor-geral do setor de administração do Ministério da Agricultura, Mário Barbosa Carneiro, que no ano seguinte assumiu interinamente as funções de ministro. Soares Pereira foi então nomeado para um modesto cargo na diretoria geral de contabilidade do ministério, iniciando assim sua carreira no serviço público. Em janeiro de 1933 foi transferido para o Departamento Nacional de Produção Mineral, responsável pela pesquisa geológica no âmbito do Ministério da Agricultura. Em novembro seguinte foi designado para trabalhar na Secretaria de Estado da Agricultura.
Pouco depois da implantação do Estado Novo em novembro de 1937, o Conselho Federal de Comércio Exterior (CFCE) teve suas atribuições ampliadas e passou a condição de órgão deliberativo, o que se refletiu no crescimento do seu corpo técnico. Um dos nomes então requisitados foi o de Jesus Soares Pereira. Nos anos seguintes, recebeu encargos de naturezas diversas, atuando na assessoria de grupos de trabalho e do conselho pleno do CFCE, cujas reuniões eram presididas com freqüência pelo chefe do governo Getúlio Vargas.
Participou dos projetos relacionados com o aproveitamento do carvão e de todo o trabalho legislativo que resultou na criação, em julho de 1938, do Conselho Nacional do Petróleo (CNP). Trabalhou na assessoria da Câmara de Produção, Comércio e Transporte entre dezembro de 1942 e março de 1943, quando foi designado para servir de elemento de ligação do CFCE junto ao Ministério da Agricultura e à Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil.
Soares Pereira trabalhou no CFCE até a derrubada do Estado Novo, ocorrida em 29 de outubro de 1945. Nesse ano, diplomou-se em ciências sociais pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1947 foi nomeado diretor da Divisão de Estudos de Economia Florestal, ligada ao Instituto Nacional do Pinho (INP), onde realizou um importante estudo sobre os recursos florestais brasileiros. Em 1949 assumiu interinamente a presidência do INP. Em fevereiro de 1951, no início do segundo governo constitucional de Getúlio Vargas, Soares Pereira deixou seus trabalhos na Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ) e no INP para integrar a Assessoria Econômica da Presidência da República, chefiada por Rômulo de Almeida.
Seu trabalho assumiu relevância especial na definição da política do governo para o petróleo. Foi a figura mais destacada da assessoria econômica na preparação do Projeto nº 1.516, que autorizava a criação da Petrobras e vinculava, pela primeira vez, o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes ao programa do petróleo.
No segundo semestre de 1953 assumiu a chefia da assessoria econômica de Vargas. Nessa função, coordenou a equipe que elaborou, simultaneamente, o I Plano Nacional de Eletrificação e os projetos de lei visando regulamentar o imposto único sobre energia elétrica e criar a Eletrobrás.
Depois da morte de Vargas e da posse do vice-presidente João Café Filho, renunciou ao cargo de confiança que ocupava e retornou aos quadros do Ministério da Agricultura, onde permaneceu durante alguns meses. Em seguida, passou à condição de representante do Banco do Nordeste no Rio de Janeiro.
Em junho de 1956, no período inicial do governo de Juscelino Kubitschek, Soares Pereira foi designado para coordenar a assessoria técnica do Ministério da Viação e Obras Públicas, chefiado pelo almirante Lúcio Meira, com quem trabalhara na equipe econômica do segundo governo constitucional de Vargas. Pouco depois, foi nomeado representante desse ministério no Conselho Nacional do Petróleo (CNP), permanecendo nesse órgão entre 1956 e 1959.
Durante os sete meses do governo Jânio Quadros, em 1961, manteve-se afastado da administração pública gozando uma licença-prêmio. Em abril de 1962, no governo de João Goulart, foi indicado para o cargo de diretor de vendas da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Com o movimento político-militar que, em 31 de março de 1964, depôs o presidente Goulart e levou o general Humberto Castelo Branco ao poder, perdeu seu cargo na diretoria da CSN e foi incluído na lista dos 100 primeiros cidadãos que tiveram seus direitos políticos suspensos pelo Ato Institucional nº 1 (AI-1). Pouco depois partiu para Santiago do Chile, onde dirigiu até 1968 o Departamento de Recursos Naturais e Energia da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), órgão vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU).
Retornou ao Brasil em 1969. A partir de 1971 organizou a publicação Brasil em dados, da Editora Índice, e colaborou com o Jornal do Brasil e o semanário carioca Crítica, escrevendo principalmente sobre o tema do petróleo. Durante mais de 20 anos, escreveu artigos sobre economia nos periódicos Diário Carioca, O Jornal e Última Hora, todos do Rio de Janeiro, utilizando freqüentemente os pseudônimos de “Mercúrio” e “J. Penha Arrais”.
Casou-se com Orlanda Soares Pereira, com quem teve uma filha. Faleceu em Petrópolis (RJ) no dia 8 de dezembro de 1974.
[Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001]
(Fonte: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/biografias/jesus_soares_pereira – VARGAS 1951 – 1954)