João Cruz Costa (1904-1978), filósofo brasileiro, professor, ex-catedrático da Universidade de São Paulo, pensador positivista e autor de várias obras no campo da Filosofia. Destaca-se as obras; 1942 – Ensaios sobre a Vida e a Obra de Francisco Sanches; 1956 – Contribuição à História das Ideias no Brasil. dedicou-se à pesquisa e reflexão sobre o desenvolvimento das ideias filosóficas no Brasil, procurando estabelecer vínculos entre o pensamento e a realidade social, política e econômica na qual se insere.
Passou a vida argumentando e caçoando contra o germanismo fenomenológico e o historicismo crociano que alimentaram o pensamento da direita, particularmente aqui em São Paulo. Foi para ele um espanto que a fenomenologia pudesse ser usada pelo avesso, como aconteceu na obra de Sartre.
Seu maior êxito, entretanto, foi sua própria vida. A reflexão, rente aos acontecimentos, exercia-se cotidianamente no círculo dos alunos e dos amigos. Nunca conseguiu dar uma aula magna. Mas com pontualidade e persistência de fazer inveja aos relógios, durante trinta anos, entrava numa sala, tirava do bolso umas pequenas folhas de papel, preenchidas com sua letra gorda, e começava a conversa com os alunos. Esta girava em torno de um tema central, mas, pouco a pouco, ia divergindo, entremeando um comentário sobre um livro lido na véspera ou sobre um acontecimento político. Não havia reflexão que não tentasse agarrar o cotidiano muito nosso. João Cruz Costa morreu no dia 10 de outubro de 1978, aos 74 anos, em São Paulo.
(Fonte: Veja, 18 de outubro, 1978 Edição n.° 528 DATAS – Pág; 146)