João Pacífico, compositor e o último grande contador de histórias da música popular

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O POETA DO SERTÃO

Pacífico: música popular e elogios dos intelectuais

 

João Pacífico (Cordeirópolis, São Paulo, 5 de agosto de 1909 – Guararema, na Grande São Paulo, 30 de dezembro de 1998), compositor sertanejo e o último grande contador de histórias da música popular.

 

Autor de mais de 1.400 músicas sertanejas, entre elas ‘‘Cabocla Teresa’’, ‘‘Pingo D’Água’’, ‘‘No Mourão da Porteira’’, ‘‘Minas Gerais’’ e ‘‘Chico Mulato’’, sucessos nos anos 40 e 50, João Baptista da Silva recebeu o pseudônimo de João Pacífico de um executivo da gravadora RCA Victor, em 1932, por causa de seu jeito tranquilo.

 

Filho de uma ex-escrava, Pacífico nasceu em Cordeirópolis, no interior de São Paulo, e passou a infância em Campinas.

 

Autor de ‘‘Cabocla Tereza’’, ‘‘Mourão da Porteira’’, ‘‘Chico Mulato’’ e outras modas de viola que ocupam a memória do povo interiorano. Nascido em Cordeirópolis, São Paulo, João Batista da Silva foi um mestre no relato da vida simples do povo da roça. Admirado por intelectuais como Guilherme de Almeida e Mário de Andrade, João Pacífico vestia seus “causos” com melodiosas harmonias compostas sem o auxílio de nenhum instrumento.

 

Tão conhecido no interior quanto Roberto Carlos, emocionava o coração rústico dos sertanejos com versos como os de Pingo D’Água, composta para agradecer à chuva que pôs fim a uma seca que devastou os pastos do interior paulista na década de 40: Fui à capela e levei três pingos d’água/Um foi o pingo da chuva, dois caiu do meu oiá.

João Pacífico morreu no dia 30 de dezembro de 1998, aos 89 anos, em Guararema, na Grande São Paulo.
(Fonte: Veja, 6 de janeiro de 1999 – ANO 32 – N° 1 – Edição 1579 – Datas – Pág; 78)

(Fonte:https://www1.folha.uol.com.br/fol/cult – CULT / Da Redação / Em São Paulo – 30/12/98)

(Fonte: https://www.folhadelondrina.com.br/folha-2 – FOLHA DE LONDRINA –  FOLHA 2 – DEZ. 31, 1998)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Lá no mourão esquerdo da porteira” era o verso preferido de Guilherme de Almeida: “É o mourão do lado do coração; eu queria ter escrito esse verso”. Foi Guilherme quem descobriu e lançou na carreira artística aquele auxiliar de lava-pratos de um vagão restaurante, da Estrada de Ferro Paulista. Em uma viagem, o poeta, que era diretor da Rádio Cruzeiro do Sul, ouviu o menino, também poeta, dizer um poema caboclo de sua autoria e o convidou para procurá-lo em São Paulo.

Nascido em 5 de agosto de 1909 (registrado em 1910), filho de uma ex-escrava, Dona Domingas, e do maquinista José Batista da Silva, embora o nome do pai não conste do tardio registro de nascimento, João Baptista da Silva tocou sua infância na cidade onde nasceu, que à época se chamava Cordeiro, hoje Cordeirópolis.

Atento à música, aos cantadores, aos violeiros, sentia a vocação de poeta crescer com ele. Jamais tocou um instrumento, mas sua musicalidade espantava. Procurou no trem as estradas da vida e teve sorte ao encontrar Guilherme de Almeida. Em São Paulo, onde chegou em 1924, o poeta o encaminhou. Fez amizade e parceria com Raul Torres, juntos viriam a criar clássicos da música popular brasileira. Seu jeito calmo e tranqüilo motivou o apelido, que virou segundo nome, João Pacífico.

A primeira composição da dupla foi Seo João Nogueira, gravada por Torres e Aurora Miranda juntos, em 1934. No ano seguinte, Torres e Florêncio gravaram o imortal Chico Mulato (um segredo: na gravação original Florêncio não pôde comparecer e a segunda voz é do próprio João Pacífico). Daí para a frente centenas de composições e sucessos definitivos, como Cabocla Tereza, Pingo d’Água, Mourão da Porteira, Caco de Vidro, Doce de Cidra, por exemplo. Até sua morte, em São Paulo, em 30 de dezembro de 1998, aos 89 anos.
Arley Pereira
A História da Música Brasileira Por Seus Autores e Intérpretes
SESC/TV Cultura
(Fonte: www.mpbnet.com.br – TV Cultura Programa Ensaio – 1991)

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