Joaquim Albuquerque Tenreiro (Melo, Gouveia, 1906 – Itapira, 1992), gênio modernista e pai do design brasileiro do século 20. Designer e marceneiro português que marcou a história do mobiliário brasileiro.
Nas décadas de 30 e 40, Joaquim Tenreiro, abusou da originalidade e do bomgosto para desenhar cadeiras e poltronas de design despojado para a época, utilizando matérias primas como couro, palhinha e madeiras maciças, como jacarandá, paumarfim e cabreúva.
Com inigualáveis precisão, forma, escala e detalhe, ele foi responsável por uma mudança drástica na indústria moveleira do país. Até então praticava-se em larga escala apenas a realização de cópias do mobiliário tradicional europeu. A partir de Tenreiro, o design autenticamente brasileiro passou a ser delineado.
O português Joaquim Tenreiro chegou ao Brasil em 1928 e logo começou a fazer história: enquanto o país copiava o estilo europeu, ele ousou produzir peças com uma linguagem mais nossa e ganhou o título de pai do móvel moderno brasileiro.
A partir dos anos 40, ao criar a poltrona Leve e a cadeira de três pés, Tenreiro revolucionou a mobília brasileira. Antes dele, os móveis comprados pelas altas-rodas do país eram importados, no estilo art decó, ou imitavam estilos rebuscados, como o Luís XVI e o manuelino português.
Com Tenreiro, que era também escultor, o móvel da sala de visitas brasileira adquiriu o direito à leveza e ao despojamento. Elegante, seu trabalho aliava as linhas limpas às formas geométricas. Não raro, o moveleiro usava em seus estofamentos tecidos brasileiros, como a juta e o algodão estampado.
Tenreiro reabilitou a palhinha, presente em muitos de seus mobiliários, como no sofá de jacarandá (década de 1950), exibido pela Passado Composto Século XX no salão Made. “Podemos dizer que o artista e designer Tenreiro conhecia todos os segredos da madeira”, afirma a galerista Graça Bueno, da Passado Composto Século XX.
O artista, na verdade, sempre se considerou um escultor que fazia móveis. Talvez por isso suas peças sejam tão diferentes das obras de seus contemporâneos. Seus trabalhos esbanjam curvas únicas, bem ao modo modernista. Além disso, destaca-se em seu modo operante o cuidado com os acabamentos, em sua maioria executados à mão. Os ângulos desenhados por este mestre nunca falham na tarefa de surpreender e maravilhar.
Tenreiro fez escola. A leveza de sua criação insinua-se na espreguiçadeira Coxilo, do paulista José Roberto Neumann, uma das peças classificadas pelo Sétimo Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo.
A Coxilo teve seu projeto baseado na economia de materiais e no máximo de conforto, predicado essencial para uma peça utilitária. Desmontável, a cadeira tem as mesmas linhas suaves existentes nas redes fabricadas pelos índios desde a América pré-colombiana.
Nos últimos anos de vida, o artista se dedicou ao desenho, à escultura (década de 1970) e à pintura.
Joaquim Tenreiro morreu na miséria, aos 86 anos, em 1992.
(Fonte: http://casa.abril.com.br – 10 de Outubro de 2013)
(Fonte: http://casavogue.globo.com/MostrasExpos/Design/noticia/2013/11 – MOSTRA & EXPOSIÇÕES/ POR MARIANA KINDLE – 15/11/2013)
(Fonte: Veja, 15 de dezembro de 1993 – ANO 26 – Nº 50 – Edição 1318 – ARTE/Por Ângela Pimenta – Pág: 152/153)