Joe Strummer (Ankara, 21 de agosto de 1952 – Somerset, 22 de dezembro de 2002), vocalista de uma das mais emblemáticas bandas do movimento punk, The Clash.
Joe Strummer, eterno líder da banda britânica The Clash e influência para muitas gerações do rock.
O líder do The Clash estava trabalhando em seu terceiro álbum com grupo The Mescaleros, que ele formou com jovens músicos, no fim dos anos 90, após um longo tempo longe dos palcos. Até o mês
passado, estava em turnê com a nova banda, pelo norte da Inglaterra. Antes, arriscou a carreira de ator nos filmes de Alex Cox e Aki Kaurismaki, além de trilhas para filmes. Mas seu grande legado, incontestavelmente, é como líder do The Clash,
uma das mais importantes bandas de rock de todos os tempos.
Nascido em Ancara, na Turquia, e filho de um diplomata inglês, John Graham Mellor – seu nome de batismo – criou o The Clash, com os amigos Mick Jones, Paul Simonon, Terry Chimes (baterista que usava o pseudônimo Tory Crimes, numa homenagem
nada lisonjeira a Tory, do partido conservador inglês), Topper Headon e Keith Levene. Levene, guitarrista da banda, abandonou o The Clash antes do lançamento do primeiro disco, e, mais tarde,
integrou o grupo Public Image Limited (Pil), formado pelo ex-Sex Pistols Johnny Rotten.
The Clash iniciou a carreira abrindo os shows justamente dos ingleses do Sex Pistols, em sua primeira turnê, Anarchy in The U.K. E, ao contrário dos conterrâneos do punk rock, que
pregavam a anarquia sem causa, Joe Strummer e companhia se destacaram por introduzir elementos da política de esquerda em suas músicas. Tinham uma postura mais engajada e letras críticas, mesmo que não mantivessem vínculos com nenhuma organização política. Mas Strummer, vocalista e guitarrista da banda, foi militante do Partido Comunista, o que explica muita coisa.
O grupo reinou absoluto nos anos 70 e 80. Colecionou outros sucessos, como a música Should I Stay or Should I Go, com seu punk que buscava referências na rhythm and blues, jazz, rockabilly e reggae. Um dos discos do The Clash, London Calling (álbum duplo lançado em dezembro de 1979), foi eleito por unanimidade por críticos de todo o mundo como um dos dez mais importantes discos de rock da história. A música London Calling foi o maior sucesso da banda, que logo depois iniciou
um projeto ambicioso, o álbum triplo Sandinista!, em que os músicos experimentaram instrumentos de sopro e eletrônico, mas não tiveram sucesso. Com Combat Rock, ganharam fama nos EUA em 1983, mas foi um ano difícil. Headon foi demitido, por ter
sérios envolvimentos com drogas, e Mick Jones saiu da banda. Em seguida, gravaram Cut The Crap, que foi um fracasso e levou ao fim do grupo.
Os integrantes esboçaram uma volta, mas anos depois resolveram seguir seu próprio caminho na música. Como fez Strummer, que iniciou carreira-solo. Nos anos 90, circulavam comentários de uma possível reunião dos integrantes, o que nunca
veio a ocorrer. Numa recente votação realizada pelo semanário New Musical Express, The Clash foi considerada pelos ingleses a melhor banda punk de todos os tempos. Os Sex Pistols ficaram em segundo lugar e o Ramones, em terceiro.
Joe Strummer morreu em 22 de dezembro de 2002, aos 50 anos, na casa onde vivia, em Somerset, no oeste da Inglaterra.
Comoção – A notícia da morte de Joe Strummer causou comoção no cenário musical. “The Clash foi a maior banda de rock, eles apontaram o caminho para o U2”, disse Bono Vox.
Strummer trabalhou recentemente com Bono, do U2, e Dave Stuart, do Euritmics, em uma canção em homenagem ao ex-presidente sul-africano Nelson Mandela. A canção chama-se 48864, que era o número de Mandela na prisão e vai ser executada no dia 2
de fevereiro, num concerto beneficente para as vítimas da aids, em Robben Island, local onde Mandela ficou preso.
“Ele foi uma das mais importantes figuras da música britânica moderna, intérprete poderoso e um compositor do mesmo nível de Bob Dylan”, disse Pat Gilbert, editor da revista Mojo.
(Fonte: Veja, 8 de janeiro de 2003 – Ano 36 – Nº 1 – Edição 1784 – DATAS – Pág: 87)
(Fonte: http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2002/not20021223p5077 – CADERNO 2 – MÚSICA – 23 de Dezembro de 2002)