John Elkington: o poder da sustentabilidade para o sucesso das empresas
A maior autoridade mundial em responsabilidade corporativa sustentável
John Elkington, sociólogo britânico, a maior autoridade mundial em responsabilidade corporativa sustentável, cofundador da SustainAbility, sócio-
O sociólogo britânico Elkington cunhou a expressão em 1994 do tripé: o lucro, as pessoas e o planeta. Em inglês, são os “3 Ps” (profits, people, planet), se tornou o novo norte do capitalismo moderno.
O consultor britânico John Elkington, de 57 anos, foi um dos precursores da responsabilidade social e ambiental nas grandes empresas. Fundou em 1987 a SustainAbility, uma instituição que orienta empresas como Hewlett Packard e Microsoft. Autor do Guia do Consumidor Verde, best-seller da década de 80, lançou a tendência de orientar os consumidores a escolher produtos de empresas ecologicamente corretas. Hoje, é uma das referências empresariais para fazer negócios aproveitando os recursos naturais.
Por que é preciso repensar o “tripé da sustentabilidade” nos negócios
Na opinião do homem que cunhou a expressão há 25 anos
“Quantas vezes os conceitos de gestão são revisados pelas pessoas que os inventaram? É difícil encontrar um único caso”, questiona John Elkington. Com isso em mente, o sociólogo britânico considerado o “decano da sustentabilidade” se “voluntariou” para analisar um conceito de gestão que ele próprio cunhou em 1994. Em artigo escrito para a Harvard Business Review, Elkington defendeu por que devemos repensar no mundo dos negócios o “triple bottom line” ou, em português, o tripé da sustentabilidade.
O tripé é um conceito empresarial que engloba três aspectos: social, econômico e ambiental. Quando Elkington começou a defender o tripé no mundo dos negócios, seu intuito era criar uma expressão que captasse a complexidade que a agenda da sustentabilidade havia ganhado. Uma agenda que passou a englobar muito além dos aspectos econômicos, mas que também buscava medir o impacto socioambiental que um negócio causa. É por esta razão que o tripé também é chamado comumente de os “três Ps” (people, planet and profit) ou, em português,“PPL” (pessoas, planeta e lucro).
O tripé virou mainstream e parte inerente do “novo” discurso empresarial – mesmo que nem todo mundo colocasse as três dimensões em prática. Com ele, o setor de sustentabilidade teve um boom desde os anos 90, alcançando US$ 1 bilhão em receitas no mundo. E o potencial ainda é enorme, principalmente se as empresas cumprirem a agenda sustentável indicada pela ONU. Em uma estimativa conservadora, segundo Elkington, essa agenda sustentável pode gerar mais de US$ 12 trilhões por ano em receita até 2030.
À esteira do tripé, surgiram vários indicadores capazes de mensurar financeiramente os três Ps, como os relatórios da Global Reporting Initiative (GRI) e índices de sustentabilidade das bolsas – que influenciaram engajamento de stakeholders e estratégia empresarial. As empresas passaram a colocar em “relatórios integrados” seu “retorno social”, ESG, valor compartilhado e até a falar investimento de impacto. Recentemente, vieram indicadores como produtividade de carbono, economia circular e compartilhada e até biomimética.
A difusão de tudo isso é melhor do que a ausência, mas a crítica de Elkington é que o “sucesso ou fracasso das metas de sustentabilidade não pode ser medido apenas em termos de lucros ou de perdas financeiras”. “O tripé não foi projetado para ser apenas uma ferramenta de contabilidade. Deveria provocar um pensamento mais profundo sobre o capitalismo e seu futuro. O que ocorreu é que muitos dos primeiros adeptos do tripé o entenderam como um ato de equilíbrio, adotando uma mentalidade de trade-off”, defende Elkington.
Tantos indicadores inseridos nos balanços fizeram, segundo ele, as empresas “ganharem um álibi”. “Milhares de relatórios do tripé são produzidos anualmente, embora esteja longe de ser claro que os dados resultantes estão sendo agregados e analisados de forma a entender os efeitos sistêmicos dos negócios”, diz. Na prática, os CEOs e CFOs continuam movendo fundos e mundos para “garantir suas metas de lucro” – o “que raramente ocorre quando está em jogo o bem-estar das pessoas e do planeta”, defende o sociólogo.
Novos caminhos
No artigo, Elkington cita algumas empresas “exceções”, que não distorceram o conceito do tripé: “Patrick Thomas, da Covestro, salientou que o uso adequado dos três Ps envolve, no mínimo, o progresso em duas dimensões. É hora de essa interpretação se tornar padrão, não apenas para um punhado de empresas líderes, mas para todos os líderes empresariais”, diz Elkington.
O sociólogo afirma ver um certo “raio de esperança” com o surgimento de empresas ligadas ao sistema B [certificado de companhias que se guiam pelo capitalismo consciente e que não veem o lucro como única motivação para existir]. Neste momento, 2,5 mil negócios são considerados B, incluindo a brasileira Natura e a operação norte-americana da Danone.
Ao final do artigo, ele defende que é preciso de uma “nova onda de inovação e implantação do tripé”. Mas que, agora, o foco realmente seja o de criar mais valor para pessoas e para o planeta.
(Fonte: Veja, 26 de setembro de 2018 – ANO 51 – Nº 39 – Edição 2601 – O LUCRO / Por ERNESTO NEVES – Pág: 11/12)
(Fonte: https://experience.hsm.com.br)
(Fonte: https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2018/07 – CARREIRA / NOTÍCIA / POR BARBARA BIGARELLI – 22/07/2018)