Negacionista da pandemia
Polêmico e autoritário líder pedia que os cidadãos continuassem trabalhando
John Pombe Joseph Magufuli (Chato, 29 de outubro de 1959 – Dar es Salaam, 17 de março de 2021), presidente da Tanzânia desde 2015.
Magufuli foi eleito presidente da Tanzânia pela primeira vez em 2015 e desde então se caracterizou por seu estilo autoritário e sua luta contra a corrupção e o desperdício público. Foi reeleito para o cargo em outubro com 84% dos votos em meio a denúncias de fraude de seu principal adversário, Tundu Lissu.
Negacionista sobre a gravidade da pandemia de Covid-19, Magufuli não era visto em público desde 27 de fevereiro, gerando especulações de que teria contraído o coronavírus. O governo sempre negou a narrativa e por semanas insistiu que ele trabalhava normalmente.
À frente do país desde 2015 e reeleito para um segundo mandato em outubro, o presidente adotou uma política negacionista durante a pandemia. Ele zombou de testes de coronavírus, denunciou as vacinas como parte de uma conspiração ocidental para tirar a riqueza da África e se opôs ao uso de máscaras e ao distanciamento social.
O autoritário Magufuli foi o grande líder negacionista da pandemia de coronavírus na África. Resistiu em fornecer dados sobre infecções, expulsou os representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) do país, afirmou que a Tanzânia estava protegida da doença por intervenção divina, recusou-se a impor medidas de distanciamento social ou toques de recolher e rejeitou as vacinas. Os primeiros rumores de que Magufuli, apelidado de Bulldozer [Trator] em seu país, poderia ter covid-19 começaram quando, depois de sua ausência da vida pública, um jornal queniano publicou que “um líder africano” estava sendo tratado dessa doença em Nairóbi.
No entanto, as autoridades tanzanianas não demoraram a desmentir a notícia. O primeiro-ministro Kassim Majaliwa disse na sexta-feira que Magufuli gozava de “boa saúde” e explicou que continuava trabalhando duro, “como sempre”. Na segunda-feira, a vice-presidenta pediu aos cidadãos que “ignorassem as fofocas” e acrescentou que a Tanzânia “agora está cheia de boatos vindos do exterior, mas que devem ser ignorados. É bastante normal alguém ter gripe, febre ou alguma outra doença”, comentou.
Em fevereiro a Tanzânia viveu uma onda de mortes inicialmente atribuídas à pneumonia, mas que, na ausência de dados oficiais e testes, suspeita-se que poderiam ser devido à covid-19. Várias personalidades morreram repentinamente naquele mês, primeiro o vice-presidente do arquipélago de Zanzibar, Seif Shariff Hamad, de 77 anos, e depois o secretário-chefe do Governo, John Kijazi. O ministro da Economia, Philip Mpango, tossia e respirava com dificuldade na entrevista coletiva em que informou esta última morte. Em 19 de fevereiro, durante o funeral de Kijazi, Magufuli admitiu a existência de “uma doença respiratória” na Tanzânia, sem especificar se falava sobre o coronavírus.
Na própria manhã de quarta, Suluhu mandou saudações em nome do presidente e não fez nenhuma menção ao estado de saúde do mandatário durante uma visita a uma cidade costeira. Somente no fim do dia a vice-presidente comunicou a morte do companheiro, em um pronunciamento na televisão.
Ele chegou a dizer que Deus e inalação protegeriam a população. A Tanzânia parou de relatar dados de coronavírus em maio do ano passado, quando somava 509 casos e 21 mortes, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Tundu Lissu, o principal rival de Magufuli, foi uma das principais vozes a dizer que o presidente estava com Covid-19. Nesta quinta-feira, 18, voltou a fazer a afirmação e disse que o coronavírus foi a causa de sua morte. Ele considerou o óbito uma “justiça poética” depois que o chefe de Estado minimizou a dimensão da pandemia.
John Magufuli faleceu em Dar Es Salaam em 17 de março de 2021, aos 61 anos. Segundo a vice-presidente Samia Suluhu, ele estava internado em um hospital onde recebia tratamento para uma doença no coração, mas não resistiu.
Há uma semana, o líder da oposição Tundu Lissu, exilado na Bélgica, garantiu que Magufuli havia contraído a doença, mas o Governo foi rápido em negar.
(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – NOTÍCIAS / BRASIL / Da Redação – 18/03/2021)
(Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2021-03-17 – BRASIL / por JOSÉ NARANJO – Dacar – 17 MAR 2021)