José Angelo Gaiarsa (Santo André, 19 de agosto de 1920 – Santo André, 16 de outubro de 2010), psiquiatra e psicoterapeuta paulista, autor de mais de 30 livros.
José Angelo Gaiarsa, médico psiquiatra, nascido em 19 de agosto de 1920, sempre será lembrado como um iconoclasta.
Zeca, como era conhecido pelos amigos, falava muito contra a estrutura familiar clássica, segundo ele a maior geradora de neuroses nos indivíduos, e apoiava abertamente, em redes de rádio e TV, a liberdade feminina já na década de 1960.
Foi o primeiro psquiatra a introduzir a psicologia analítica de Carl Gustav Jung e os estudos sobre sexualidade de Wilhelm Reich.
Inspirado por esses estudiosos, Gaiarsa ia à TV pregar contra a virgindade e a favor do comportamento sexual livre.
VIDA
Clinicou por mais de 50 anos, publicou 30 livros e por dez anos teve um quadro de televisão em que esclarecia dúvidas dos telespectadores.
Vindo de Santo André, de uma família de seis irmãos e irmãs, entrou na Faculdade de Medicina da USP em primeiro lugar, posição que manteve por toda a graduação.
Casou-se com Maria Luiza Martins Gaiarsa, cirurgiã e colega de turma, com quem teve quatro filhos homens: Flávio, Marcos (já morto), Paulo e Dácio. Separou-se em uma época em que o rompimento das relações matrimoniais era controverso.
Foi introdutor de Carl Gustave Jung e William Reich no Brasil, psicanalistas ideólogos da revolução sexual.
Seu primeiro livro, “A Juventude Diante do Sexo”, veio a partir de um artigo de capa para a revista “Realidade” sobre o comportamento sexual da juventude que passava por profundas modificações.
Seu último livro publicado foi o “Meio século de Psicoterapia”. Atualmente, estava revisando para reedição a obra “Respiração, Angústia e Renascimento”.
Seu último prêmio foi do International Academy of Child Brain Development,do Institute for the Achievent of Human Potential, decorrente de um trabalho recém concluído sobre o desenvolvimento físico, cerebral e emocional das crianças.
“Ele despertava o ódio da sociedade ao dizer que a família não era a melhor estrutura social. Dizia que no seio da família é onde as pessoas mais se deformam. Eu tinha 9 anos e me lembro de as pessoas que ironicamente defendiam a moral e os costumes da época telefonarem para nossa casa falando palavrões”, conta o Flávio Gaiarsa, 61, que seguiu a carreira do pai.
Segundo ele, muitas mulheres da época se sentiram livres para sair de casa dos pais e viverem sozinhas após ouvir os ensinamentos do psiquiatra.
“Elas viam um homem mais velho e que falava desses assuntos de maneira clara na TV e se emancipavam. Eu e meus irmãos achávamos o máximo que nosso pai fizesse aquela bagunça. Morreu aos 90 anos sem perder o gosto e a capacidade de aprendizado.”
José Angelo Gaiarsa morreu dia 16 de outubro de 2010, aos 90 anos, em Santo André.
(Fonte: http://www.caras.uol.com.br – 18 de novembro de 2010 – EDIÇÃO 889 – Citações – ANO 17)
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano – COTIDIANO / Por JAMES CIMINO DE SÃO PAULO – 16/10/2010)