Dominguinhos (Garanhuns, em 12 de fevereiro de 1941 – São Paulo, 23 de julho de 2013), herdeiro musical de Luiz Gonzaga (1912-1989), ele manteve o forró e o baião vivos.
Cantor e compositor, Dominguinhos atravessou mais de 50 anos de carreira divulgando os ritmos nordestinos. Sua composição “Eu só quero um xodó” (parceria com Anastácia) teve mais de 250 regravações, incluindo versões em inglês, holandês e italiano. Luiz Gonzaga (1912-1989), o “rei do baião”, não teve dúvida em apontar seu herdeiro musical. Publicamente declarou que José Domingos de Morais, o Dominguinhos, seria seu sucessor. E isso aconteceu quando o discípulo ainda dava os primeiros acordes na carreira.
Nascido em Garanhuns, em 1941, no agreste de Pernambuco, Dominguinhos começou sua carreira ainda menino, influenciado pelo pai que era afinador de fole de oito baixos. Aos seis anos de idade, começou a tocar acompanhado de dois irmãos em feiras e hotéis da cidade. Foi assim que ele conheceu Luiz Gonzaga, que, mais tarde, o convidou para ir para o Rio de Janeiro.
Em 1957, aos 16 anos, foi convidado por Gonzaga para tocar sanfona na gravação da música “Moça de feira” . Na mesma época formou o Trio Nordestino e saiu em excursão pelo país. Em 1964, gravou seu primeiro disco, Fim de festa.
Ainda com o padrinho musical, excursionou pelo Brasil como seu sanfoneiro e motorista. A cantora Anastácia também fazia parte da trupe. Ela e Dominguinhos acabaram se casando. A parceria rendeu lindas canções para a música brasileira, entre elas, Eu só quero um xodó.
Nos anos 1970, com o forró em baixa fora do Nordeste, Dominguinhos acabou sendo reconduzido para o cenário artístico pelas mãos de Gilberto Gil, que sempre prezou pela mistura de ritmos em suas canções, e da cantora Gal Costa. Em 1973, Dominguinhos tocou com Gal no histórico show Índia, um marco na carreira da baiana. Ao longo dessa década, além de lançar seus discos, tocou com grandes nomes da música brasileira. Além de Gil e Gal, esteve em shows de Caetano Veloso e Maria Bethânia. Em 1979, participou do primeiro LP de Elba Ramalho, Ave de prata.
A década seguinte foi de muito sucesso para o sanfoneiro. De volta para o aconchego, parceria de Dominguinhos com Nando Cordel virou hit na voz de Elba. Em 1985, mais um estouro musical: ao lado de Chico Buarque, gravou o forró Isso aqui ta bom demais, que faz parte da trilha sonora da novela Roque Santeiro e caiu na boca do povo. Os dois ainda compuseram juntos Tantas palavras e Xote da navegação. Nos anos 1990, resolveu levar a música popular para mais perto do povo. Criou o Projeto Asa Branca para levar shows para praças públicas em diversas cidades pelo Brasil.
Em 2001, recebeu uma homenagem no Festival de Inverno de Garanhuns, sua cidade natal. Também em Pernambuco, gravou, em 2009, um DVD em Nova Jerusalém, considerado o maior teatro ao ar livre do mundo. No projeto, recebeu como convidados, Elba Ramalho, Renato Teixeira, Liv Moraes (sua filha), Waldonys, Cezinha, Guadalupe e Jorge de Altinho.
Durante toda a sua carreira, nunca deixou de gravar. Sempre foi muito bem recebido por artistas de todas as vertentes da música brasileira. Suas composições, a maioria em parceria com Anastácia e Nando Cordel, tornaram-se grandes sucessos. Dominguinhos venceu seis vezes o Prêmio Sharp (atual Prêmio da Música Brasileira).
Em 2011, ano em que completou 70 anos, ganhou um documentário sobre sua vida. Dominguinhos volta e meia, idealizado pela cantora Mariana Aydar e pelos músicos Duani Martins e Eduardo Nazarian, registra as comemorações da data e reconta a carreira do sanfoneiro. Na produção, Dominguinhos aparece em números musicais ao lado de João Donato, Gilberto Gil, Djavan, Yamandu Costa e Hamilton do Holanda.
Nos últimos anos, devido ao câncer de pulmão, passou a se apresentar sentado. Mesmo já debilitado, não deixou de participar, em dezembro de 2012, das comemorações do centenário de Luiz Gonzaga. Dominguinhos, inclusive, apresentou-se na cidade natal do Rei do Baião, Exu, no sertão pernambucano. Na ocasião, deu inúmeras entrevistas e atendeu pedidos de fãs.
O músico Dominguinhos morreu às 18h em 23 de julho de 2013, aos 72 anos, em São Paulo. O artista estava internado no Hospital Sírio-Libanês desde 13 de janeiro, quando foi transferido de um hospital do Recife. Ele lutava havia seis anos contra um câncer de pulmão. A morte ocorreu em decorrência de complicações infecciosas e cardíacas.
Diante de toda essa trajetória, tem-se a certeza de que Luiz Gonzaga escolheu bem seu herdeiro.
(Fonte: http://epoca.globo.com/#?ver=vida/noticia/2013/07 – DANILO CASALETTI – 23/07/2013)