Powered by Rock ConvertO condestável da República
Condestável, pela definição do Dicionário Aurélio, pode ser tanto um chefe militar quanto “o título do infante que nas grandes solenidades se postava à direita do trono real”. Qualquer uma das interpretações justifica o epíteto aplicado a José Gomes Pinheiro Machado, o gaúcho de Cruz Alta que foi um dos mais influentes e importantes políticos da República Velha. Nascido em 1851, ainda menor, contra a vontade do pai, deixou o colégio militar para lutar na Guerra do Paraguai. Antes que a guerra acabasse, saiu do exército e foi estudar Direito na Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo. Lá, em 1876, casou-se com Benedita Brazilina (Dona Nha-Nhã). Ardoroso defensor do estabelecimento da República no Brasil, elegeu-se senador logo depois que ela foi proclamada (1889). Deixou o Senado para vir ao Rio Grande combater os rebeldes, comandados por Gumercindo Saraiva, que foram derrotados na Revolução Federalista (1893-1895). Por sua atuação, recebeu a patente de General de Divisão Honorário.
Voltou ao Senado e apoiou a candidatura vitoriosa de Hermes da Fonseca, em oposição a Rui Barbosa. Seu poder e capacidade de articulação geraram para o folclore político nacional a frase que teria sido dita por Hermes ao seu sucessor na presidência, Venceslau Brás: “Olha Venceslau, o Pinheiro Machado é tão bom amigo que chega a governar pela gente.” Em 1915 já tinha tantos detratores quanto aliados. Cercado e vaiado na porta do Senado por uma multidão furiosa de partidários de Nilo Peçanha, teria pronunciado a célebre ordem ao indeciso cocheiro: “Nem tão devagar que pareça afronta, nem tão depressa que pareça medo”. Na tarde de 8 de setembro daquele ano, no saguão do Hotel dos Estrangeiros, no Flamengo, uma punhalada pelas costas tirou-lhe a vida. O padeiro desempregado Manso de Paiva, seu assassino, disse que agiu por conta própria. O punhal usado no crime pode ser visto no Museu da República.
(Fonte: Zero Hora – ANO 50 – N° 17.456 – 25 de julho de 2013 – Almanaque Gaúcho/ Por Ricardo Chaves – Pág; 54)
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