José Guilherme Merquior, escritor e embaixador, delegado permanente do Brasil junto à Unesco.

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APETITE INAPLACÁVEL

Merquior: crítico literário e devorador de bibliotecas, mas também um pensador formidável e original, capaz de surpreender um grande intelectual como o antropólogo Lévi-Strauss

José Guilherme Merquior (Rio de Janeiro, 22 de abril de 1941 – Rio de Janeiro, 7 de janeiro de 1991), escritor e embaixador, delegado permanente do Brasil junto à Unesco. Merquior foi condecorado dia 6 de dezembro de 1990, com a Medalha da Francofonia, uma das mais altas distinções da Academia Francesa de Letras, em Paris.

O crítico, diplomata, escritor, pensador e polemista Merquior estava no auge quando morreu em janeiro de 1991. Suas ideias, tão originais, intensas e oportunas quanto antes, escrevia sobre arte, cultura e política nos maiores jornais do Brasil, e ainda encontrava tempo para ser notícia: diplomata de carreira, esteve perto de ocupar um ministério no governo recém-empossado de Fernando Collor de Mello, cujo discurso de posse ajudou a redigir.

Como as qualificações se acumulavam desde sua estreia precoce, aos 18 anos, nas páginas de crítica literária do Jornal do Brasil, ele era muita coisa, para muita gente: enfant terrible e erudito formidável, crítico sutilíssimo e venenoso polemista, paladino liberal ou “porta-voz da direita”. Seu nome carrega uma mística, feita da soma de todos esses ingredientes. Merquior é autor de 22 títulos.

Merquior nasceu em 22 de abril de 1941, numa família bem de vida do bairro carioca da Tijuca. Seu pai não era um intelectual, mas gostava de ler poesia em voz alta e incentivava a formação do filho. Ao matriculá-lo no Colégio Lafayette, então um dos melhores do Rio de Janeiro, e presenteá-lo com uma conta sem limite de gastos na Livraria da Vinci, então a mais importante da cidade, parece ter posto em movimento a “fascinante máquina de pensar” o “software mais poderoso da cultura brasileira.”

Para alguém com o apetite intelectual de Merquior, as décadas do pós-guerra não poderiam ser mais estimulantes. Elas foram a era de ouro do pensamento teórico na Europa, e ele se refestelou. Foi, com frequência, o primeiro a divulgar uma filosofia no Brasil. Fez isso com a Escola de Frankfurt e com Michel Foucault.

A partir de meados dos anos 1970, quando foi trabalhar na Embaixada do Brasil em Londres e ingressou na London School of Economics, ele começou a repelir sumariamente a maioria dos “pensadores da moda”.

(Fonte: Veja, 12 de dezembro de 1990 – Ano 23 – Nº 49 – Edição 1160 – DATAS – Pág; 102)

(Fonte: Veja, 20 de novembro de 2013 – ANO 46 – Nº 47 – Edição 2348 – Livros/ Por Carlos Graieb – Pág: 130/131)

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