Colocou pioneiramente a violência dos conflitos como a força dos acontecimentos e movimentos sociais
José Honório Rodrigues (Rio de Janeiro, 20 de setembro de 1913 - Rio de Janeiro, 6 de abril de 1987), um dos mais conceituados historiadores brasileiros. Deixa uma obra de vinte volumes elaborada ao cabo de pesquisas exaustivas em que reescreveu a História do Brasil levando em conta a violência dos conflitos, que colocou, pioneiramente, como a força motriz dos acontecimentos e movimentos sociais.
Essa visão, que se contrapõe à vertente predominante até então na cultura brasileira de subvalorizar os conflitos, está colocada de modo mais claro no livro Conciliação e Reforma no Brasil, de 1965. Ocupava a cadeira número 35 da Academia Brasileira de Letras. José Honório morreu dia 6 de abril de 1987, aos 73 anos, de insuficiência cardíaca, no Rio de Janeiro.
(Fonte: Veja, 15 de abril de 1987 - Edição 971 - DATAS - Pág;99)
Desde a publicação do primeiro de seus 25 livros, em 1941, José Honório Rodrigues, distinguiu-se como um cuidadoso colecionador, catalogador e publicador de documentos.
É autor da clássica obra de cinco volumes “Independência – Revolução e Contra-Revolução”, é o tema fundamental da historiografia brasileira. Cada um desses cinco volumes sobre a independência é dedicado a um tema: a evolução política; economia e sociedade; as Forças Armadas; a liderança nacional; e a política internacional.
Mas todos estão orientados por uma ideia comum: a independência não foi um movimento e sim uma revolução, contida, no meio do caminho, pela ação de dom Pedro, com a decisão de demitir e afastar do país o ministro José Bonifácio de Andrada – este uma personagem lúcido e determinado dos impulsionadores do movimento de libertação.
Acreditava-se firmemente no processo e o sonho de um Brasil único e indivisível que dominou todos os brasileiros e até mesmo alguns portugueses que se haviam nacionalizado. O impulso criador, o desejo de realizar alguma coisa que pertencesse ao legado do Brasil, foi o lado glorioso do brasileiro daquela hora.
Um estudo sobre a política internacional da época, procura-se situar a independência brasileira na grande, difícil, heróica e sangrenta guerra anticolonialista iniciada no século XIX com a libertação dos primeiros países americanos.
A colônia legou ao Brasil independente uma dívida externa de 10 000 contos. Lances que levaram ao nascimento do Exército nacional, diretamente do seio do que então se poderia chamar o povo brasileiro – e daí ter sido a independência uma obra ao mesmo tempo política e militar. Tão militar quanto política.
Como na independência, o triunfo das forças mais conservadoras envolvidas no processo – a contra-revolução – acabaria se tornando uma constante na história do Brasil. Isso aconteceu em episódios subsequentes, como a maioridade (dom Pedro II), em 1840, a abolição dos escravos, em 1888, a República, logo depois. Constatou-se que na falta de autênticos heróis nacionais na galeria de vultos, é de que a história é escrita sempre pelos vencedores. No Brasil, sempre venceu a contra-revolução.
(Fonte: Veja, 11 de agosto de 1976 – Edição 414 – LITERATURA/ Por Almyr Gajardoni – Pág: 127/128)
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(Fonte: Veja, 18 de maio de 1988 - ANO 20 – Nº 20 – Edição 1028 - DATAS - Pág; 113)