José Luiz Rodrigues Calazans (Maceió-AL, 29 de setembro de 1896 – Rio de Janeiro-RJ, 9 de outubro de 1977), o Jararaca, comediante, cantor e compositor. “Quando fiz 10 anos, achei que tinha vocação para os aspectos cômicos da vida, embora nem tudo fosse engraçado lá no sertão.” Perambulando pelo sertão, saído de Maceió, onde nascera, o alagoano José Luiz Calazans chegaria ao Recife em 1917, já com fama suficiente para ser convidado a participar do Bloco das Flores, um dos mais conhecidos da cidade. Tocando violão, cantando e, principalmente, satirizando, ele logo ganharia o apelido através do qual alcançaria a fama. “Eu gostava de botar apelido em todo mundo, e meus amigos acabaram se vingando”, costumava explicar. Ainda no Recife Jararaca encontraria o seu parceiro de meio século, Severino Rangel de Carvalho, o “Ratinho”. Juntos, eles viajaram para o Rio de Janeiro, em 1922, onde se consagrariam como uma das mais famosas duplas de comediantes do país.
Na década de 1930, a dupla “Jararaca e Ratinho” costumava empolgar os auditórios das rádios Mayrink Veiga e Nacional, com suas agudas sátiras políticas – não raro censuradas pelos guardiões do Estado Novo. À atividade artística se sobreporia, em 1947, uma tentativa de militância política – candidato a vereador no Rio de Janeiro, pelo Partido Comunista, Jararaca acabaria, no entanto, não se elegendo. No campo artístico, porém, se mostraria imbatível. Junto com Ratinho, gravou mais de 800 discos, produziu vários filmes e comédias de teatro de revista. Como compositor, Jararaca se notabilizou com o clássico carnavalesco “Mamãe Eu Quero”, de 1930, em parceria com Vicente Paiva. Um de seus últimos trabalhos como compositor foi uma parceria com Antônio Carlos Jobim, em O Boto. Apesar da idade, Jararaca ainda continuava atuando na televisão no programa humorístico Chico City, da Rede Globo. O comediante Jararaca morreu no dia 9 de outubro de 1977, de insuficiência cardíaca, aos 81 anos, no Rio de Janeiro.
(Fonte: Veja, 19 de outubro, 1977 Edição n° 476 – DATAS – Pág; 116)