José Mojica Marins, cineasta e mestre do terror, o Zé do Caixão

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O “pai do terror nacional”

 

Mestre do terror brasileiro dirigiu 40 produções e atuou em mais de 50 filmes.

 

O cineasta e ator José Mojica Marins, conhecido como Zé do Caixão em fotografia feita em 2001 — (Foto: Agliberto Lima/Estadão Conteúdo)

José Mojica Marins (São Paulo, 13 de março de 1936 — São Paulo, 19 de fevereiro de 2020), ator, diretor, roteirista e mestre do terror, conhecido pelo personagem o Zé do Caixão.

 

Nascido no dia 13 de março de 1936, em São Paulo, José Mojica Marins era filho dos artistas circenses Antonio André e Carmen Marins. Sua família administrava um cinema, o que fez com que ele se obcecasse desde pequeno com a sétima arte e começasse a criar filmes com apenas 17 anos. Autodidata em cinema, em 1956, Mojica já era especializado em terror escatológico.

 

Mojica interpretou Zé do Caixão pela primeira vez em “À Meia-Noite Levarei tua Alma” (1964), parte de uma trilogia completada por “Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver” (1967) e “Encarnação do Demônio” (2008). A persona de Zé do Caixão se integraria à sua personalidade e imagem no imaginário popular, se tornando mais famosa do que o próprio diretor.

 

Outros destaques de sua filmografia com dezenas de trabalhos são “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”, “O Despertar da Besta” (1970), “Exorcismo Negro” (1974) e “Delírios de um Anormal” (1978); montagem de trechos censurados de seus trabalhos anteriores.

 

Seu trabalho foi reconhecido e premiado nos Estados Unidos e Europa, onde é conhecido como “Coffin Joe”. Mojica e Zé do Caixão foram homenageados por bandas de heavy metal como Necrophagia, Sepultura e White Zombie. Mojica mantinha no Canal Brasil o programa de entrevista “O Estranho Mundo do Zé do Caixão”, dirigido por André Barcinski.

 

Em 2018, Barcinski publicou no UOL, um relato sobre os bastidores do programa. “‘O Estranho Mundo de Zé do Caixão’ foi o trabalho mais legal e divertido que fiz. Estreou em 2008 e durou sete temporadas. Tentamos fazer um talk show diferente, sem perguntinhas inofensivas sobre a próxima turnê de um cantor ou a cena favorita de um ator de “Malhação”. A tônica do programa seria o inusitado. Como os entrevistados estavam diante de um sujeito muito mais esquisito que eles próprios, acabavam se abrindo e contando coisas que raramente falavam em outros programas. Mojica sabia, melhor que ninguém, extrair confissões surpreendentes dos convidados”.

 

O último trabalho como diretor foi em 2015, com o seguimento “O Saci” no longa “Fábulas Negras”.

 

Nos últimos anos, Zé do Caixão enfrentou diversos problemas de saúde. O quadro debilitado do cineasta foi mostrado no programa “Domingo Show” em 2019.

 

Mestre do terror brasileiro

Mojica dirigiu 40 produções e atuou em mais de 50 filmes. Seu interesse pelo cinema de terror escatológico começou nos anos 1950, mas foi em 1964, com o filme “À meia-noite levarei sua alma”, que ganhou o apelido de Zé do Caixão.

Seu personagem mais famoso, o agente funerário sádico com roupas pretas, cartola, capa e unhas longas, ainda aparece em “Esta noite encarnarei no teu cadáver” (1967), “O Estranho Mundo de Zé do Caixão” (1968) e “Encarnação do Demônio” (2008).

Mesmo conhecido como o mestre do terror no cinema brasileiro, Mojica trabalhou com outros gêneros, como aventura, faroeste e pornochanchada. Ele também influenciou o movimento do cinema marginal nos anos 1960.

Quando tinha 17 anos, fundou a Companhia Cinematográfica Atlas, que produziu filmes amadores. O primeiro longa-metragem foi “A sina do aventureiro”, de 1958.

Em 1963, escreveu a história de “Meu destino em tuas mãos” e procurou o cineasta Ozualdo Candeias para fazer o roteiro, mas o colaborador não foi creditado.
O personagem Zé do Caixão, conforme Mojica contou em várias entrevistas, surgiu para ele durante um pesadelo, em que um homem de capa preta o arrastava para um túmulo.

A primeira aparição do Zé do Caixão no cinema foi em “À meia-noite levarei sua alma”, de 1964. Nos Estados Unidos, ele ficou conhecido como “Coffin Joe”.

Segundo o site oficial do personagem, Josefel Zanatas era o nome verdadeiro de Zé do Caixão. O coveiro era filho de um casal dono de uma rede de agências funerárias.
Por isso, o pequeno Zé do Caixão cresceu como uma criança muito sozinha e discriminada pelos colegas por causa da profissão dos pais.
A biografia ainda diz que Zé do Caixão é um “homem sem crenças, não acredita em Deus nem no Diabo, só acredita nele mesmo, acha que é o único que pode fazer justiça”.
Com o sucesso, o personagem começou a ser confundido com o seu próprio autor. No anos 1990, o Zé do Caixão apresentou o “Cine Trash”, na Rede Bandeirantes.
Ele também comandou um programa de entrevistas no Canal Brasil, “O estranho mundo do Zé do Caixão”, que estreou em 2008 e teve sete temporadas.
Em 2014, José Mojica sofreu um infarto e passou por uma angioplastia e colocou três stents (bubos de metal para melhorar o fluxo sanguíneo da artéria) no coração.
 Ele voltou a ser internado no mesmo ano em razão de uma piora nas funções renais. Desde então, ele se manteve mais afastado da mídia.
Zé do Caixão faleceu aos 83 anos, vítima de uma broncopneumonia, no hospital Sancta Maggiore, em São Paulo. O cineasta estava internado desde o dia 28 de janeiro para tratar de uma broncopneumonia.

Morte do ator e diretor foi confirmada pela filha de Mojica, a atriz Liz Marins

“Zé do Caixão, é um dos grandes personagens do terror mundial, um provocador à frente do seu tempo, que flertava com as instituições (fossem políticas, fossem religiosas) ao mesmo tempo que destilava seu desprezo por qualquer ordem que não fosse a sua. Era o auge da ditadura militar no Brasil quando criador e criatura tomaram o imaginário com uma série de filmes diferentes de tudo que era feito aqui (e pelo mundo)”, lamentou o crítico de cinema do UOL Roberto Sadovski.

(Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2020/02/19 – POP & ARTE / CINEMA / Por G1 – 19/02/2020)

(Fonte: https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2020/02/19 – ENTRETENIMENTO / NOTÍCIAS / TERROR / Do UOL, em São Paulo – 19/02/2020)

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