José Perácio (Nova Lima, 2 de novembro de 1917 – Rio de Janeiro, 10 de março de 1977), ex-jogador de futebol, antigo jogador das seleções brasileira e carioca, do Botafogo, Flamengo e Canto do Rio de Janeiro. O mineiro de Nova Lima, Perácio passou seus últimos anos administrando a fama que obtivera nos campos de futebol, a partir do final dos anos 30. Em seu apartamento em Botafogo, passava horas rememorando a campanha da Copa do Mundo de 1938, “quando eu, contra a França, chutei uma bola na trave com tanta força que quase fiz um gol contra”.
Seu chute vigoroso, certeiro ajudou a criar uma série de façanhas incríveis, mas seu comportamento ingênuo e bonachão dentro ou fora do campo cimentou outras tantas lendas que o próprio Perácio se encarregava de manter quando contava os casos passados. Como no dia em que o também craque Heleno de Freitas arrancou de suas mãos um fósforo já aceso com o qual tentava examinar o nível de gasolina no tanque de sua “baratinha”. E Perácio, irritado, retrucou: “Mas eu não sou supersticioso…” Perácio faleceu em 10 de março de 1977, de edema pulmonar, aos 59 anos, no Rio de Janeiro.
(Fonte: Veja, 16 de março de 1977 Edição n° 445 DATAS Pág; 83)
Clubes – Vila Nova-MG, Palmeiras-SP, Fluminense-RJ, Botafogo-RJ, Flamengo-RJ,Canto do Rio-RJ
Principais Títulos – Tricampeão Mineiro com Vila Nova, 1933, 34 e 35 e Tricampeão Carioca com Flamengo, 1942, 1943 e 1944.
Perácio ganhou fama de artilheiro em Minas Gerais ao conquistar o tri-campeonato pelo Villa Nova. Apaixonado pelo Botafogo, não se transferiu direto para General Severiano, como sonhava. Antes, passou pelo Palestra Itália e Fluminense. Depois foi para o Flamengo e em seguida foi convocado como pracinha para os campos de batalha da Itália, na Segunda Guerra Mundial. Abandonou a carreira no Canto do Rio, em Niterói.
A fama do meia-esquerda Perácio cresceu depois da Copa do Mundo de 1938, na França. O Brasil jogava contra a Tchecoslováquia e Péracio deu um chute tão forte que o goleiro Tchers Planicka, ao tentar defender, chocou-se com a trave e quebrou o braço e a clavícula. Então surgiu a lenda que o chute é que tinha quebrado o goleiro.
Como meia-esquerda Perácio aparecia sempre em velocidade na área para finalizar. Chegava em alta velocidade na zona de chutem onde se formavam quatro atacantes com os que lá estavam. Mas, por que jogadores, antes da época do Perácio, também não avançavam em alta velocidade, vindos do meio-campo para a ponta de lança? O que impedia isto? Do ponto de vista das leis do jogo, nada. Rigorosamente nada. Apenas um pequeno detalhe: se antes da época do Perácio alguém fizesse isto, cairia morto de cansaço. O Perácio cansava, é certo. Mas muito menos. É que ele representa uma nova etapa do futebol: a do profissionalismo, onde o jogador não é apenas um futebolista na acepção da palavra, mas um futebolista e atleta, formado em toda a extensão.
(Fonte: www.botafogopaixao.kit.net – João Saldanha)