A vida do gaúcho que conquistou o Acre
José Plácido de Castro, que nasceu em São Gabriel, foi o primeiro governador do Estado mais a oeste do Brasil
José Plácido de Castro (São Gabriel, 9 de setembro de 1873 – Seringal Benfica
Natural de São Gabriel, José Plácido de Castro deixou o Exército e foi para Manaus no final do século 19. Embora um tratado de 1867 garantisse aos bolivianos a posse do Acre, mais de 50 mil seringueiros brasileiros já estavam instalados ali.
A Bolívia, de olho no lucro proveniente de extração da borracha, decide ocupar a região. Após diversos confrontos, em 1901 o governo boliviano transferiu a uma multinacional – a Bolivian Syndicate Co. – o direito à exploração da borracha. A empresa montou então uma missão policial para expulsar os brasileiros de seu território.
Entre 1902 e 1903, liderados por Plácido de Castro e financiados por amazonenses, um exército de cerca de 30 mil homens ocupou o Acre. O jovem líder revolucionário, aos 27 anos, proclamou o Estado Independente do Acre. O governo brasileiro interveio então na questão e, em troca do território, pagou à Bolívia 2 milhões de libras esterlinas – algo equivalente hoje a pouco menos de US$ 1 bilhão -, além de prometer a construção de ferrovia Madeira-Mamoré.
José Plácido de Castro era filho do capitão Prudente da Fonseca Castro, que foi um veterano das campanhas dos rios Uruguai e Paraguai, e de dona Zeferina de Oliveira Castro. Plácido nasceu em São Gabriel, em 9 de setembro de 1873. Recebeu, no batismo, o nome do avô, José Plácido de Castro, major paulista que, após combater na Campanha Cisplatina, trocou o chão paulista pelo do Rio Grande do Sul. Aos 16 anos, ingressou na vida militar, chegando a 2º sargento do 1º Regimento de Artilharia de Campanha, mais conhecido como “Boi de Botas”.
Quando foi deflagrada a Revolução Federalista, Plácido encontrava-se na Escola Militar, em Porto Alegre, o velho Casarão da Várzea. Na revolução, Plácido lutou ao lado dos maragatos, chegando ao posto de major. Com a derrota para os pica-paus, que defendiam o governo Floriano Peixoto, o jovem decidiu abandonar a carreira militar e não aceitou a anistia. Mudou-se para o Rio de Janeiro, de onde se formou em Agronomia e partiu, em 1899, para o Acre. Lá, existia uma questão de limite territorial com a Bolívia. Por um tratado, o Acre pertencia à Bolívia. Porém, com o ciclo da borracha, muitos brasileiros se fixaram na região.
Por causa disso, houve um impasse entre os países pelo território. A Bolívia alegava que os brasileiros invadiram uma região que era dela, e o Brasil não reconhecia que a região fosse boliviana. Os brasileiros ali estabelecidos, vindos de vários pontos do Brasil, não aceitavam a situação e proclamaram, em 1899, o Estado Independente do Acre (República do Acre), dando a presidência ao espanhol Luis Gálves Rodrigues de Arias. Sabendo disso, o governo brasileiro enviou tropas para dissolver a República do Acre e depor Luis Gálves.
(Fonte: Zero Hora – ANO 55 – N° 19.406 – 23 de MAIO de 2019 – ALMANAQUE GAÚCHO / Por RICARDO CHAVES – LÍDER DE REVOLUÇÃO)
Colaboração de Luiz Carlos Mello