Juan Rulfo, escritor célebre por Pedro Páramo, uma novela sobre a vida e o caciquismo político

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Rulfo: realismo mágico

O escritor Juan Rulfo (Foto: Reprodução)

O escritor Juan Rulfo (Foto: Reprodução)

Autor de repercussão mundial da grande literatura latino-americano, junto com seu conterrâneo mexicano Carlos Fuentes.

Juan Rulfo (Sayula, Jalisco, 16 de maio de 1917 -– Cidade do México, 8 de janeiro de 1986), escritor mexicano célebre por Pedro Páramo, de 1955, uma novela sobre a vida e o caciquismo político de uma aldeia no interior do México.

O escritor mexicano Juan Rulfo publicou apenas dois livros de ficção, o romance Pedro Páramo e a coletânea de contos Chão em Chamas. Essa obra exígua, no entanto, bastou para consagrá-lo como um clássico da literatura latino-americana moderna, com reconhecida influência sobre autores como o paraguaio Augusto Roa Bastos (1917-2005), o mexicano Carlos Fuentes (1928-2012) e o colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014). Pedro Páramo, sua obra mais conhecida, mistura o mundo dos vivos e o dos mortos para narrar a história de um homem que viaja a um vilarejo abandonado para encontrar o pai que não conheceu.

“Pedro Páramo” é o grande romance de um autor que formula com Fuentes, Cortázar e Borges uma literatura fantástica, que não distingue entre a realidade e o sobrenatural.

É sintomático que seu autor, Juan Rulfo, considere Guimarães Rosa como “o romancista contemporâneo que mais admiro.”

Como o autor mineiro, o mexicano é arredio, não frequentava rodas literárias e raramente fornecia informações sobre a sua vida. Rulfo e Guimarães Rosa integraram o chamado “super-regionalismo”: o tema regional – o campo – tratado com todos os recursos requintados e urbanos do estilo erudito moderno. Como o autor de “Corpo de Baile”, Rulfo utiliza também formas dialetais e neologismos na estrutura castiça, quase clássica, de seu texto.

“Pedro Páramo” distingue-se da novela mexicana Azuela -, porque o tema obrigatório da Revolução de 1910 – e suas frustrações – só aparece obliquamente nesta trágica incursão pelo reino subterrâneo da morte. Juan é um jovem camponês que promete à mãe agonizante partir em busca do pai, Pedro Páramo, na aldeia de Comala. Mas Comala – que a mãe descreve liricamente como uma sucessão de campos verdes e de cenários coloridos e alegres – é, ao contrário, uma aldeia morta, povoada por fantasmas que acolhem o forasteiro e o matam ao reconstruir o passado tenebroso do déspota local, o Cacique Pedro Páramo, que subjuga os aldeões, financia a Revolução sem crer nela e se casa sem amor com uma fazendeira a quem devia dinheiro.

“Pedro Páramo” interroga o mito ancestral mexicano – a morte. É o tema obsessivo de um povo que no Dia de los Muertos (2 de novembro) dá às crianças caveiras e tíbias de açúcar, com as famílias reunidas no almoço-velório em torno da mesa posta, com pratos, bebidas e cadeiras vazias para cada membro familiar morto.

Para Rulfo, Pedro Páramo – traduzido em cinquenta línguas – era a história de “uma aldeia morta, onde todos estão mortos, inclusive o narrador”. Rulfo morreu dia 8 de janeiro de 1986, aos 67 anos, de câncer, na Cidade do México.

(Fonte: Veja, 15 de janeiro de 1986 –- Edição 906 –- DATAS -– Pág; 71)
(Fonte: Veja, 27 de agosto de 1969 -– Edição 51 -– LITERATURA –- Pág; 56/57)

(Fonte: Veja, 4 de agosto de 2004 – ANO 37 – N° 31 – Edição 1865 – Veja recomenda – Pág: 168/169)

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