“Felicidade”: modelo de Katherine foi Tchekov
Katherine Mansfield (Wellington, 14 de outubro de 1889 – Fontainebleau, 9 de janeiro de 1923), pseudônimo de Kathleen Mansfield Beauchamp, grande contista inglesa partiu de uma terra a outra, tentando escapar de sua constituição franzina desde seu nascimento, em outubro de 1889, na Nova Zelândia.
Para seu marido, o crítico inglês John Middleton Murry, “ela parecia adaptar-se à vida como uma flor se adapta à terra e ao sol.”
Sedenta de sol e de vida, Katherine Beauchamp, filha de um médico de origem francesa, precocemente demonstrou seu talento literário: aos nove anos publicava seu primeiro conto, aos catorze era diretora do jornal de seu colégio em Londres.
Hesitando entre a música e a literatura, formou-se com nota “excelent” como violoncelista do Conservatório Real. Apaixonada por pintura, na Paris bombardeada da Primeira Guerra Mundial, enfrentava o perigo dos bombardeios para admirar os pintores impressionistas.
Aos 34 anos de idade, Katherine Mansfield sucumbe à tuberculose depois de frequentar inúltimente sanatórios alemães e clínicas francesas que misturavam banhos de sol com “leituras de textos elevados” como terapia nova. Katherine Mansfield é autora do conto “Felicidade” (“Bliss”), e incluindo catorze de seus contos mais famosos, “Felicidade” apresenta ao leitor um dos supremos talentos do conto moderno.
Katherine Mansfield, inspirando-se em seu ídolo Tchekov, capta momentos fugidos: o desencanto amoroso, o deslumbramento infantil perante uma festa. Como viveu, breve e poeticamente, ela trouxe ao conto uma nota humana, irônica, cheia de cor e melancolia.
(Fonte: Veja, 10 de dezembro de 1969 – Edição n° 66 – LITERATURA – Pág; 80)