O último show de rock
Com a mulher, a cantora Courtney Love, e a filha Frances Bean: união pautada pela turbulência
Kurt Cobain (Aberdeen, Washington, 20 de fevereiro de 1967 – Seattle, 5 de abril de 1994), músico e líder do Nirvana, o astro da música que não aguentou o próprio sucesso.
Pouco antes de o último disco do Nirvana chegar às lojas, em setembro de 1993, Kurt Cobain, guitarrista, cantor, compositor e líder da banda que desde 1991 se tornou a mais popular estrela do rock, telefonou à gravadora e fez uma mudança de última hora tirou do repertório a faixa Eu Me Odeio e Quero Morrer. “O título era uma piada, mas tive medo de que o público o levasse a sério”, explicou depois. No início do mês de abril, Cobain foi o primeiro a levar a sério a piada da canção. No dia 5 de abril, aos 27 anos, ele foi encontrado morto, com um tiro na cabeça, num quartinho sobre a garagem de sua casa, em Seattle, cidade americana que ele próprio entronizou no mapa da música pop com o sucesso de seu conjunto. A seu lado, um revólver e um bilhete de despedida que terminava com palavras dirigidas a sua mulher, a também cantora Courtney Love, com quem deixou uma filha: “Eu te amo, eu te amo, eu te amo.
O desaparecimento de Kurt Cobain siginifica, para os jovens, oequivalente ao que representou a morte de Jimi Hendrix e Janis Joplin para o público quarentão à época. Mais do que um cantor de sucesso, ele era uma das figuras emblemáticas de sua geração e da música pop dos anos 90. Assim com aqueles ídolos do passado, e outros como os Sex Pistols, coube a Cobain o mérito de traduzir em música e em comportamento o modo de agir e os sentimentos de boa parte dos jovens dos anos 90. Numa época em que a indústria do rock dirige suas antenas apenas para as grandes atrações, que fazem da música uma celebração à dança e à alegria, o Nirvana surgiu em 1992 como o chato da festa, o elemento de subversão que o gênero necessita de tempos a tempos para continuar afinado com seu público.
ESTILO LENHADOR – O rock de Cobain era sujo e ensurdecedor e seus vocais, do tipo serra elétrica. Suas letras deixavam clara uma mensagem de angústia e desalento, de descrédito no mundo e nas instituições – posturas que jovens de todas as gerações costumam adotar a certa altura da vida. No guarda-roupa, por fim, Cobain e o Nirvana consagraram a tendência antimauricinho adotada pela juventude americana na ressaca da febre yuppie dos anos 80. Ao se cobrir com camisas baratas – no caso, estilo lenhador -, bermudões sem nenhum charme e tênis ou coturnos velhos, eles validaram diante da moda o que os jovens americanos estavam usando. Foi a partir deles que este tipo de vestuário, e por extensão o estilo musical do grupo, ganhou o apelido de “grunge”, gíria que sugere sujeira ou excesso.
A tragédia de Kurt Cobain é que ele jamais conseguiu conviver com o estrelato e com o posto de ídolo e espelho da juventude. Astros pop, quando alcançam o megasucesso, adotam em geral três tipos de comportamento. Alguns passam a curtir sem problemas a condição de novos milionários. Outros agem da mesma forma mas vivem dizendo-se pressionados pelo sucesso, pelo assédio dos fãs e pelas obrigações contratuais, o que se toma justificativa para a excentricidade – essa postura é considerada bom marketing. Um terceiro tipo, porém, vê sua vida se desgovernar diante da fama e da fortunja. Esse foi o caso de Cobain. “Lamentavelmente, o peso do sucesso acabou matando-o”, comentou seu empresário.”
Assim que a carreira do Nirvana começou a decolar, no final de 1991, Cobain tornou-se viciado em heroína. Até o fim da vida, alternou períodos de mergulho na droga e de abstinência. Depois que o segundo LP do Nirvana, Nevermind, catapultou o grupo para o primeiro lugar das paradas de sucesso americanas, desbancando Michael Jackson e vendendo 8 milhões de cópias, Cobain passou a fazer o oposto do que manda a cartilha do show biz. Recusou-se a fazer uma turnê de shows – quando poderia lotar ginásios e estádios no mundo inteiro. Nas entrevistas, repetia como um disco arranhado a mesma ladainha contra as gravadoras, contra o sucesso, contra tudo e todos. E fez fama de desequilibrado ao se comportar em público, sem motivo aparente, com a polidez de um rinoceronte.
HEROÍNA NA GRAVIDEZ – Certa vez, ao ser abordado por um fã adolescente disposto a fotografá-lo, cerrou os olhos e respondeu: “Eu te mato”. Em sua passagem pelo Brasil, no Hollywood Rock, em 92, deu mostras de que, por trás do roqueiro revoltado, repousava uma personalidade suicida. “Eu não aguento esta vida, não vou sobreviver ao rock n roll”, foi sua declaração mais frequente, mesmo quando ninguém perguntava a respeito. Em 1993, foi preso em sua casa, acusado de bater na mulher. Na ocasião, os policiais encontraram em seu armário uma pequena coleção de armas. “Meu esporte favorito é o tiro”, ele justificou na época, embora nenhum dos amigos mais chegados ao cantor tivesse conhecimento desse hobby. “São para defender minha família”, preferiu dizer numa outra vez. No dia 5 de abril, Cobain usou uma dessas armas pel última vez.
A dificuldade de Kurt Cobain em conviver com o estrelato parece explicar-se por sua própria trajetória de vida. Não é fácil para um garoto de origem modesta, de uma pequena cidade do interior, ter de uma hora para outra o mundo a seus pés. Que o diga Elvis Presley, viciado em bolinhas até o fim da vida. Cobain, assim como o co-fundador do Nirvana, o baixista Chris Novoselic – o baterista Dave Grohl competa o grupo -, nasceu em Aberdeen, uma cidade de lenhadores, com 17 000 habitantes, perto de Seattle, no Estado de Washington. Segundo seu relato, em Aberdeen a mentalidade reinante é de que músicos de rock e homossexuais não são coisas muito diferentes. O pai de Cobain, mecânico de automóveis, e sua mãe, secretária, separaram-se quando ele tinha 8 anos. Desde então, ele morou sucessivamente com avós e tios. Seu pai obrigou-o a alistar-se na Marinha. Um dia antes de sentar praça, fugiu de casa, morou embaixo de um viaduto e em casa de amigos, até começar a ganhar alguns trocados tocando em bares. Eu fiz tudo para ter um pai/ Mas só o que consegui foi um papai, escreveu ele na letra de Serve the Servants, do último LP do Nirvana.
Mesmo no casamento, através do qual muita gente consegue construir o lar que nunca teve, Cobain encontrou turbulência constante. Sua mulher, Courtney Love, vocalists do grupo Hole que se proclamava de tendência neofeminista -, tem uma personalidade tão agitada e destrutiva quanto a sua. Duas semanas antes do nascimento da filha do casal, batizada de Frances Bean, uma reportagem na revista americana Vanity Fair revelou que Courtney consumia heroína durante a gravidez. Amparada na reportagem, a polícia obrigou o casal a entregar a criança à custódia da irmã de Courtney. Embora o casal a tenha recuperado logo depois, a polícia continuou a monitorar sua criação por mais um ano. Frances é uma saudável garota e Courtney assiste à sua carreira decolar à frente do Hole. Cobain, na contramão, em março foi internado num hospital em Roma, onde ficou quatro dias em coma, após ingerir um coquetel de álcool e tranquilizantes. Semanas antes, com inédito bom humor, declarara numa entrevista: Nunca fui tão feliz como agora. É possível que já estivesse com a passagem comprada para a viagem.
(Fonte: Veja, 13 de abril de 1994 ANO 27 – N.° 15 – Edição n° 1335 Memória – Pág; 86/87)
O líder da banda grunge Nirvana, Kurt Cobain, cometeu suicídio no dia 5 de abril de 1994, aos 27 anos de idade.
Kurt Donald Cobain nasceu no dia 20 de fevereiro de 1967, na cidade norte-americana de Aberdeen, em Washington.
No início da carreira Kurt assinava seu nome errado propositalmente, ele escrevia Kurdt, como acabou saindo no albúm de estréia “Bleach”.
Seus pais se separaram quando Kurt tinha apenas 7 anos. Desde pequeno desenvolveu diversos probelmas de saúde, o garoto sofria, entre outras coisas, de hiperatividade e por isso teve de tomar remédios controlados desde pequeno.
Quando tocava em pequenas casas de show, antes mesmo do Nirvana, e quando ainda era usuário apenas de maconha, o músico desenhava cicatrizes e marcas de “pico” nos braços para imitar o comportamento junkie da cena alternativa da época.
Antes do Nirvana, Kurt e Kris já eram amigos. Os dois tentaram inclusive montar uma “empresa” de limpeza juntos. A coisa não durou muito tempo, mas para lembrar dessa experiência o clipe de “Smell Like Teen Sprirt” mostra um faxineiro dançando ao som da banda.
Para a gravação do antológico show acústico na MTV, Kurt pediu que o cenário fosse enfeitado somente com lírios brancos e velas. Quando o diretor disse que ficaria parecendo um enterro, Kurt afirmou que era exatamente isso que ele queria.
A música “Heart Shaped Box” é uma referência a caixa que Courtney Love deu para Kurt logo no início do namoro, a caixa em formato de coração continha uma cabeça de boneca e um bilhete marcando um novo encontro. Os dois se conheceram em uma casa de shows, onde rolaram no chão aos tapas só por brincadeira.
Os dois tiveram, em 1992, uma filha, Francis Bean Cobain.
O casal tinha muitas brigas devido ao ciúmes que sentiam um pelo outro. Mas Kurt cultivava um ciúmes especial por Billy Corgan, vocalista do Smashing Pumpkins, que foi namorado de Courtney antes dele.
“Bean” significa feijão em inglês. O casal colocou este nome na filha pois após ver a primeira ultrasonografia de Courtney, Kurt afirmou que o feto se parecia com um pequeno feijão, e assim o bebê foi chamado por este apelido durante toda a gestação.
Na mesma semana do suicídio, 68 jovens se mataram em “homenagem” ao ídolo.
(Fonte: www.guiadoscuriosos.com.br)