Percussionista Laudir de Oliveira tocou com ícones como Jackson Five, Nina Simone e acompanhou o guitarrista Santana no Rock in Rio II
Laudir Soares de Oliveira (Rio de Janeiro, 6 de janeiro de 1940 – Rio de Janeiro
Laudir iniciou sua carreira em 1965 e, quatro anos depois, participou de sua primeira turnê com o Sergio Mendes & Brasil’ 66, nos Estados Unidos. Na volta ao Brasil, em 1970, fundou o grupo Som Imaginário, ao lado de Wagner Tiso, Zé Rodrix, Robertinho Silva, Tavito e Luis Alves, e juntos passaram a acompanhar Milton Nascimento. Porém, nesse mesmo ano, Laudir se desligou do grupo para integrar de modo definitivo a banda de Sergio Mendes, passando a morar nos Estados Unidos até 1984.
Durante esses 14 anos, Laudir inseriu tempero afro na música pop e rock, gravando nos discos da banda Chicago, com quem tocou durante oito anos e conquistou um Grammy, em 1976. Participou ainda de discos de Joe Cocker, e do último álbum dos Jackson Five, “Destiny”. Ainda entre os anos 1970 e 1980 tocou com ícones do jazz e do blues, como Wayne Shorter, Paul Winter, Nina Simone, Chick Corea, entre outros, tendo acompanhado, pouco tempo depois, o guitarrista Santana no Rock in Rio II. Após retornar ao Brasil não foram poucas as parcerias e trabalhos que se envolveu ao lado de grandes nomes da MPB e da música instrumental, como Hermeto Pascoal, Marcos Valle, Beth Carvalho, Martinho da Vila, João Nogueira, Fagner, Maria Bethânia, Gal Costa, Gilberto Gil e outros.
Laudir de Oliveira morreu na tarde deste domingo, por volta das 17h, enquanto fazia uma apresentação num palco montado na Praça Ramos Figueira, no bairro de Olaria, Zona Norte do Rio.
De acordo com o relato de pessoas que acompanhavam o show “A Paulo Moura com Carinho”, um tributo ao famoso saxofonista e clarinetista, o percussionista teve um mal súbito e desmaiou ainda no palco, e mesmo socorrido, não resistiu a uma parada cardíaca fulminante — no palco, Laudir estava acompanhado dos músicos Zé da Velha, Jovi Joviniano, Daniela Spielmann, entre outros.
— Ele havia acabado de arrasar num solo espectacular, no fim de “Fibra”, uma composição do Paulo Moura. Foi super aplaudido. Foram seus últimos aplausos — disse Jovi, que também é percussionista. — Estava uma energia muito bonita, e logo começamos a tocar “Ternura”, uma samba-choro do K-ximbinho. ele estava tocando um ganzá lindo, e eu até fechei os olhos. De repente vimos que a conga dele estava caída. Olhei pro lado ele estava curvado, com o rosto na pele do instrumento. Fez a passagem dele ali, de um jeito muito bonito. Tocando, fazendo o que amava, sendo aplaudido e ao lado dos amigos. Se existe poesia na morte, Laudir morreu na poesia.
Jovi ressaltou ainda que o percussionista, ao lado de nomes como Airto Moreira, Naná Vasconcelos (1944-2016) e Paulinho da Costa, foi um dos grandes responsáveis por abrir caminhos para a percussão brasileira, de matiz afro, no mundo da música pop e rock dos Estados Unidos.
— Laudir foi um dos maiores percussionistas do Brasil. Ele está dentro desse quarteto que abriu as portas para a percussão afrobrasileira nos Estados Unidos — diz Jovi. — Lá fora ele tocou com todo mundo, de Joe Cocker a Jackson Five. Colocou toque de candomblé em discos de rock, de pessoas que ele nem conhecia, mas que o admiravam, como os músicos da banda Chicago e muitos outros.
(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura – CULTURA / POR O GLOBO –
(Fonte: Zero Hora – ANO 54 – Nº 18.922 – 31 OUTUBRO 2017 – JÁ FOI DITO – Pág: 27)