Lincoln Gordon, diplomata e acadêmico americano. Embaixador dos Estados Unidos no Brasil entre 61/66

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Embaixador dos EUA no Brasil na época do golpe de 64

Diplomata admitia que governo americano chegou a cogitar intervenção militar no país.

O diplomata e acadêmico americano Abraham Lincoln Gordon (Nova York, 10 de setembro de 1913 – Mitchellville, 19 de dezembro de 2009), embaixador dos Estados Unidos no Brasil à época do golpe militar entre 1961 e 1966.

Gordon, que negou ligação com a ascensão dos militares no país, manteve relações próximas com os governantes brasileiros nos anos seguintes.

Durante os primeiros anos do regime militar, Gordon e o governo americano mantiveram uma relação próxima com as autoridades no poder no Brasil, mas o embaixador sempre negou as acusações de que teria ajudado a promover o golpe de 1964, que derrubou o então presidente João Goulart.

Apesar disso, o diplomata admitiu em 1976 que o governo americano do presidente Lyndon Johnson – que assumiu o poder em 1963, após o assassinato de John F. Kennedy – chegou a se preparar para uma intervenção militar com o objetivo de impedir que um governo de esquerda assumisse o poder no Brasil.

No documento “Um Plano de Contingência para o Brasil”, datado de 11 de dezembro de 1963 e liberado para consulta pelo governo americano apenas em 2007, Gordon e o então secretário-executivo do Departamento de Estado americano, Benjamin Head, analisavam os possíveis cenários que poderiam surgir a partir da crise política que atingia o Brasil na época.

Uma das possibilidades previstas pelo texto era a de que João Goulart fosse afastado do poder “por forças construtivas” e que houvesse no Brasil uma “tomada militar interina”. O documento sugeria que, caso isso ocorresse, o governo americano deveria adotar uma “atitude construtiva e amistosa” em relação aos militares.

Dias antes do golpe militar, em março de 1964, Gordon também enviou ao governo americano um telegrama em que pedia que fossem adotadas “o quanto antes medidas para preparar um fornecimento clandestino de armas que não sejam de origem americana para os que apoiam Castello Branco em São Paulo”.

“Deveríamos também nos preparar sem demora para a eventualidade de uma intervenção aberta que se faça necessária em uma segunda fase, e também para a possibilidade de ação soviética de apoio ao lado de inclinação comunista”, dizia o telegrama do embaixador.

Vida acadêmica
Economista com doutorado na Universidade de Oxford, Lincoln Gordon foi professor de negócios e assuntos internacionais na Universidade de Harvard por muitos anos.

Já como funcionário do governo americano, Gordon trabalhou em Paris e Londres como administrador do Plano Marshall para a recuperação da Europa depois da Segunda Guerra Mundial.

Depois de atuar como embaixador americano no Brasil, voltou para a vida acadêmica e foi presidente da Universidade Johns Hopkins de 1967 a 1971 – período tumultuado pelos protestos de estudantes e professores contra o envolvimento americano no Vietnã.

Lincoln Gordon também escreveu diversos livros sobre o governo americano, economia, energia e segurança nacional, política externa na Europa e na América Latina e sobre o Brasil.

Em “A Segunda Chance do Brasil – A Caminho do Primeiro Mundo” (2001), o diplomata e acadêmico apresenta sua visão sobre os motivos que levaram o Brasil a não se tornar uma potência mundial no início dos anos 1960.

Um documento datado de 1963, liberado para consulta em 2007, mostrou que Gordon e o então secretário-executivo do Departamento de Estado, Benjamin Head, estudaram as eventuais consequências da crise política brasileira naquela década. De acordo com o texto, os americanos deveriam adotar uma “atitude construtiva e amistosa” em relação aos militares que derrubariam o presidente João Goulart, em 1964.

Gordon enviou mensagens ao governo americano dois dias antes do golpe. Ele pedia que a Casa Branca preparasse o fornecimento clandestino de armas para os partidários do marechal Castello Branco em São Paulo. “Deveríamos também nos preparar sem demora para a eventualidade de uma intervenção aberta que se faça necessária em uma segunda fase, e também para a possibilidade de ação soviética de apoio ao lado de inclinação comunista”, afirmava o telegrama de Gordon.

Na academia – O diplomata era economista e doutor pela Universidade de Oxford. Foi professor de negócios e assuntos internacionais na Universidade de Harvard e trabalhou para o governo americano em Paris e Londres em uma ação de recuperação após a II Guerra Mundial.

Gordon voltou para a vida acadêmica após atuar como embaixador dos EUA no Brasil. Ele foi presidente da Universidade Johns Hopkins entre 1967 e 1971 e escreveu muitos livros sobre o governo americano e a América do Sul ao longo da vida.

Lincoln Gordon morreu em 19 de dezembro de 2009, aos 96 anos de idade, em uma casa de repouso perto de Washington.

(Fonte: www.noticias.br.msn.com/mundo – NOTÍCIAS – MUNDO / Por BBC, BBC Brasil, 21/12/09)

(Fonte: http://veja.abril.com.br/mundo – MUNDO / Por Da Redação – 21 dez 2009)

(Fonte: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral – POLÍTICA – BBC Brasil, BBC – 21 Dezembro 2009)

 

 

 

 

O FATOR JANGO

Lincoln Gordon: mais do que mera testemunha de um período dramático da história brasileira

Em seu livro “A Segunda Chance do Brasil – A Caminho do Primeiro Mundo” Lincoln Gordon, embaixador americano no Brasil em 1964, reforçou a ideia de que João Goulart era um presidente despreparado

(Fonte: Veja, 13 de novembro de 2002 – ANO 35 – Nº 45 – Edição 1777 – Livros/ Por João Gabriel de Lima – Pág: 148/149)

 

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