Foi o primeiro grupo brasileiro a ter um programa de TV próprio
Um dos pioneiros do rock nacional
Lívio Benvenutti Jr., o Nenê, músico, produtor e baixista do grupo Os Incríveis, um grande sucesso da Jovem Guarda nos anos 1960.
Os Incríveis foi formado em 1962, mesmo ano dos Beatles, com o nome The Clevers. Tinha Mingo, Risonho, Manito, Netinho e Neno no baixo (Nenê, que já tocava desde os 12 anos, entrou no lugar de Neno em 1966). Morreram Mingo, Manito e Nenê. Netinho teve um câncer nas cordas vocais em 1995, mas se recuperou. A banda fez um sucesso absurdo no final dos anos 1960 e no começo dos anos 1970 com versões, como a de Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones (sucesso do italiano Gianni Morandi).
Nenê tocou também com Raul Seixas, Elis Regina e Roberto Carlos. Com Renato e Seus Blue Caps, o grupo Os Incríveis foi pioneiro da primeira geração do rock nacional no quesito entretenimento, assim como os Mutantes no âmbito da invenção. Foi o primeiro grupo brasileiro a ter um programa de TV próprio, o primeiro a ter um filme de longa-metragem, o primeiro a fazer turnê internacional, o primeiro a lançar um disco exclusivo para o mercado latino-americano, Los Increíbles (CBS da Argentina). Eles também foram responsáveis por gravar um hino nacionalista, Eu Te Amo, Meu Brasil, de Dom e Ravel, que foi adotado pela ditadura militar e os fez muito criticados pelas esquerdas.
“Na imprensa escrita saiu matéria criticando a gente, enquanto no rádio foi primeiro lugar no Brasil inteiro. O pessoal da imprensa interpretou como se a gente estivesse puxando o saco dos milicos”, contou Nenê. Segundo ele, a banda achava que a música era uma bonita homenagem ao Brasil, mas seu tom ufanista foi aproveitado pela ditadura. O grupo ficou entre dois fogos.
“E daí nós soubemos mais tarde, muito mais tarde, que os nossos nomes estavam lá no SNI, porque eles estavam querendo fazer com a gente o que a rainha havia feito com os Beatles. Porque, na subida do Médici ao Palácio, rolava metade do Hino Nacional e depois a banda engrenava em Eu Te Amo, Meu Brasil. Eles se aproveitaram pra cacete disso.”
O grupo se separou em 1972, para depois reunir-se novamente em 1982 e continuar tocando até os dias de hoje. “Eu tô profundamente chateado. É um pouco da nossa história que morre”, disse o cantor Jerry Adriani. “Perdi um amigo, um cara ótimo, engraçado, fantástico contrabaixista. Fisicamente, é como se morresse um pouco da gente.”
(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer – O Estado de S. Paulo – Notícias > Cultura – 30 de janeiro de 2013)