Luhli, voz independente que formou dupla com Lucina, deixou obra inspirada pela natureza
Ela tem músicas na voz de Ney Matogrosso, entre as quais ‘O vira’.
É impossível dissociar a trajetória musical de Heloísa Orosco Borges da Fonseca (19 de junho de 1945 – Friburgo (RJ), 26 de setembro de 2018), a Luli, da vida de Lucina. Foi com Lucina que Luli – como ficou conhecida essa cantora, compositora, instrumentista e escritora carioca – formou na década de 1970 um dupla independente que existiu até 1996.
Mas o fato é que Luhli, como a artista passou a se chamar a partir dos anos 1990, começou a carreira sem Lucina, tendo lançado em 1965 um álbum solo, Luli, que deu início à obra fonográfica encerrada há quatro anos com a edição de outro álbum solo, Música nova (2014), título derradeiro da discografia dessa artista.
Para quem não liga o nome à música, Luhli é a coautora de O vira (1973) e Fala (1973), músicas que compôs em parceria com João Ricardo e que se tornaram sucessos do efêmero, mas marcante, grupo Secos & Molhados, no qual despontou o cantor Ney Matogrosso.
Em dupla com Lucina, Luhli rompeu com padrões musicais, comportamentais e mercadológicos ao longo dos anos 1970, fazendo música de forma independente, livre de pressões empresariais e de amarras estéticas. Parceiras na música e na vida, Luhli e Lucina têm músicas propagadas na voz recorrente de Ney Matogrosso, cantor que gravou Pedra de rio (1975) e Bandolero (1978), entre outras composições da dupla.
O cancioneiro de Luhli é fruto da natureza dos rios e matas, tendo sido gestada, em parte, no cotidiano bucólico e pacífico de sítio à beira-mar localizado em Filgueiras, na cidade fluminense de Mangaratiba (RJ).
Lá nasceram muitas músicas de Luhli, artista que teve vida tão independente quanto a obra fonográfica – composta por 13 álbuns lançados entre 1965 e 2014 – e as canções que lega para futuras gerações identificadas com o ideal humanista cultivado por Luhli no contato com a natureza.
(Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2018/09/26 – POP & ARTE / MÚSICA / Por Mauro Ferreira, G1 – 26/09/2018)