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Longo: chefe silencioso
Luigi Longo (15 de março de 1900 – Roma, 16 de outubro de 1980), presidente honorário do Partido Comunista Italiano, nascido no dia 15 de março de 1900. Com a carreira política iniciada na década de 20, Longo lutou na Guerra Civil Espanhola, em 1936, e de volta à Itália integrou o comando de resistência ao fascismo. Alguns historiadores afirmam ter partido dele a ordem para executar Mussolini. Em 1950, foi o único dirigente comunista a se abster de aprovar a proposta de Stalin para tornar Togliatti secretário geral do Cominform, órgão que reunia, sob o comando de Moscou, as cúpulas comunistas europeias. Togliatti não queria o posto e, fez de Longo seu delfim. Embora considerado um ortodoxo em relação a Enrico Berlinguer, Longo na prática consolidou com equilíbrio e pragmatismo a política independente iniciada por Togliatti.
Além disso, deve-se a ele a divulgação do célebre “Memorial de Ialta”, manuscritos deixados por Togliatti ao falecer na URSS, enquanto se submetia a tratamento. Neles, Togliatti esboçava o teor das conversações que teria com Kruschev, consideradas críticas a Moscou. Longo burlou a vigilância soviética, fez chegar o texto à Itália e mandou publicá-lo na íntegra.
No início de 1964, o funeral do histórico secretário do Partido Comunista Italiano Palmiro Togliatti (1893-1964) foi acompanhado por 1,5 milhão de pessoas em comovido cortejo pelas ruas de Roma. Nada semelhante poderia ocorrer no funeral de Luigi Longo, sucessor de Togliatti de 1964 a 1972, e que morreu na quinta-feira dia 16 de outubro de 1980, aos 80 anos, vítima de problemas cardiovasculares. Longo não possuía o mesmo carisma de Togliatti, o reconstrutor do PC italiano no pós-guerra. Mas não foi, também, o burocrata ortodoxo e cinzento que transparece em apressadas aquarelas biográficas. Brejnev, enviado a Roma para o funeral de Togliatti, só soube da novidade (o texto) junto com a multidão reunida na praça San Giovanni: ouviu a informação do próprio Longo. O PC italiano perde seu chefe silencioso.
(Fonte: Veja, 22 de outubro de 1980 – Edição 633 – Datas – Pág; 138 - Política/ Chefe Silencioso – Pág; 50)
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