Luis Villoro, filósofo obteve o Prêmio Nacional de Ciências e Artes do México em 1986 e o prêmio Universidade Nacional em Pesquisa em Humanidades em 1989

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Villoro foi embaixador e delegado permanente do México na Unesco em Paris de 1983 a 1987

Luis Vlloro Toranzo e J. Alejandro Salcedo Aquino: Villoro foi embaixador e delegado permanente do México na Unesco em Paris de 1983 a 1987 - (Benjamín Martínez Rosales/WikimediaCommons)

Luis Vlloro Toranzo e J. Alejandro Salcedo Aquino: Villoro foi embaixador e delegado permanente do México na Unesco em Paris de 1983 a 1987 – (Benjamín Martínez Rosales/WikimediaCommons)

Luis Villoro, o filósofo do indigenismo

Luis Villoro Toranzo (Barcelona,​​ Espanha, 3 de novembro de 1922 – Cidade do México, México, 5 de março de 2014), foi um filósofo, pesquisador, professor e diplomata mexicano.

O pensador, nascido na Espanha e radicado no México se forjou no existencialismo e passa à história da América Latina como um defensor chave da integração democrática das etnias

O filósofo e acadêmico Luis Villoro Toranzo, nascido na Espanha de pais mexicanos, nasceu em Barcelona no dia 3 de novembro de 1922. Filho de pais mexicanos, cursou seus estudos profissionais na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) e fez pós-graduações em Paris e Munique.

Sua obra, seu discurso teórico e seu compromisso político têm sido uma referência chave do México contemporâneo. Vinculado no início à escola existencialista, Villoro, foi um teórico da história de seu país de adoção e um crítico de esquerda do funcionamento do poder, tendência que na fase final da sua vida se concretizou num forte apoio – teórico e prático – ao movimento zapatista contrário à expulsão indígena.

O filósofo obteve o Prêmio Nacional de Ciências e Artes do México em 1986 e o prêmio Universidade Nacional em Pesquisa em Humanidades em 1989, entre muitas outras distinções.

Villoro foi embaixador e delegado permanente do México na Unesco em Paris de 1983 a 1987 e presidente da Associação Filosófica do México de 1980 a 1981.

Luis Villoro entendeu a filosofia como um exercício de dissidência intelectual. Em seu discurso de ingresso no Colégio Nacional, intitulado Filosofia e dominação, leu o seguinte: “A reforma do entendimento costuma vir acompanhada de um projeto de reforma de vida e, eventualmente, de uma reforma da comunidade. Se por indagação teórica, a atividade filosófica é questionamento e discrepância, por sua atitude prática adquire mais um sinal de negação. Frente ao pensamento utilizado para integrar a sociedade e garantir sua continuidade como essa mesma sociedade, o pensamento filosófico é pensamento de ruptura, de alteridade”. Ooutro, esse conceito gravado nos esquemas teóricos de Villoro desde sua formação existencialista, o que fica fora, afastado, à margem, foi finalmente Chiapas, a terra na qual o Exército Zapatista de Libertação Nacional se sublevou em 1994 para tentar romper com a secular submissão indígena.

Licenciado em Filosofia e Letras na UNAM, Luis Villoro concebeu em sua teses de doutorado sua primeira grande obra, Los grandes momentos del indigenismo en México. O antropólogo Roger Bartra, em entrevista telefônica com este jornal depois de saber de sua morte, disse que se trata de um livro “fundamental” dentro do pensamento filosófico mexicano, embora seu autor, com o tempo, tenha acabado por “renegar” em certa medida esse trabalho por seu enquadramento existencialista.

Naquele tempo, Villloro formou parte do grupo Hiperión, uma corrente que nasceu sob a tutela intelectual do filósofo espanhol exilado José Gaos e que escavou a identidade mexicana com as ferramentas teóricas do existencialismo. Dessa época é outro dos trabalhos de referência de Luis Villoro, El proceso ideológico de la revolución de indepencencia.

No equador da sua carreira filosófica, foi passando do existencialismo para a ideologia política. Dessa fase são obras comoSignos políticos (1974), O conceito de ideologia e outros ensaios (El concepto de ideología y otros ensayos 1985), El poder y el valor. Fundamentos de una ética política (1997) o De los retos de la sociedad por venir (2007). A passagem para o terreno da política, primeiro no marco acadêmico e depois no terreno civil, é interpretado por Rafael Vargas, editor da antologia de textos de Luis Villoro La significación del silencio y otros ensayos (2009), como um movimento congruente com seu espírito constante de se encarregar de ver o que tinha mais perto; um homem como dom Luis não podia senão dirigir seu pensamento a tentar compreender um país tão difícil e sofrido como o México”.

Villoro foi Prêmio Nacional de Ciências Sociais em 1986 e Prêmio Nacional de Pesquisa em Humanidades em 1989. Fez seus estudos de pós-graduação na Universidade da Sorbonne e na Ludwiguniversität de Munique. Lecionou na Universidade Nacional Autônoma do México e na Universidade Autônoma Metropolitana e traduziu autores como Edmund Husserl e Gabriel Marcel.

De mãe mexicana e pai espanhol, Luis Villoro passa para a história do pensamento contemporâneo na América Latina como um articulador do pluralismo indigenista, como uma consciência lúcida do desenraizamento pós-colonial que persiste ainda nas democracias latinas do século XXI. Um homem que saiu da Europa com sua família escapando da guerra e que, do outro lado do oceano Atlântico, converteu sua vida num esforço intelectual de busca de identidade.

O acadêmico morreu em 5 de março de 2014 em consequência de uma parada respiratória, aos 91 anos no Méxicoinformou o presidente do Conselho Nacional para a Cultura e as Artes, Rafael Tovar e de Teresa.

eu filho Juan conta no seu perfil do pai que nos anos noventa ele e seus irmãos se interessaram por conseguir a nacionalidade espanhola, uma vez que sua origem familiar o permitia. Quando colocaram a questão ao pai, a resposta do velho exilado foi destemperada: “’Você não tem vergonha?’, me disse. ‘Para que quer ser espanhol? (…) Você se dá conta do trabalho que nos custou sermos mexicanos? Vai jogar isso fora?’ Entendi finalmente”, escreveu seu filho. “Ele chegou a um país que, de imediato, rejeitou, mas ficou ali para interpretá-lo e se esforçar para gostar dele. A mim não tinha custado nada ser mexicano; não podia ser outra coisa; para ele, se tratava de uma conquista espiritual”.

(Fonte: http://www.notimerica.com.br/cultura/noticia- 20140306112847 – CULTURA – 16/03/2014)

(Fonte: http://exame.abril.com.br/mundo/noticias – MUNDO – 05/03/2014)

(Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/03/06/cultura/1394084712_254548 – EL PAÍS – CULTURA – México 6 MAR 2014)

 

 

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