Primeira transfusão intra-útero
Antes do aparecimento da cordoncentese, em 1970, o obstetra paulista Luiz Antonio Bailão já tentava realizar a primeira transfusão intra-útero. Professor da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, interior do Estado, trilhou o difícil caminho dos autodidatas. Futuramente coordenou o centro da Medicina Fetal da universidade. Em 1972, Bailão e sua equipe ousaram realizar a primeira tentativa brasileira de operação a céu aberto a céu aberto é como os médicos classificam as cirurgias em que o feto é retirado do útero. Não deu certo, por falta de tecnologia adequada. Ao drenarmos o líquido amniótico, o volume do útero diminuiu e, depois, não voltou ao normal. Além disso, a manipulação desencadeou o trabalho de parto precoce.
Atualmente, esse efeito indesejável é controlado com potentes relaxantes musculares, que roubam do útero a força para expulsar o feto. Passadas duas décadas, as cirurgias a céu aberto deixaram de ser quase impossíveis, embora continuem raras. A incidência dos casos que podem ser corrigidos com essas operações é pequena e, por isso, elas terminam sendo pouco divulgadas.
Em 1989, médicos da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, realizaram pela primeira vez com sucesso a correção de um problema que atinge um em cada 5 mil recém-nascidos uma hérnia no diafragma, o músculo que serve de fronteira entre o tórax e o abdome. O defeito pode ser descrito como um furo pelo qual os órgãos abdominais acabam passando; assim, invadem a caixa torácica e ocupam o espaço reservado para os pulmões crescerem.
(Fonte: Super Interessante Ano 6 N° 10 Outubro 1992 Pág; 36/37)