Luiz Hafers, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira pertencia a uma das famílias mais tradicionais de Santos.
Uma das mais conhecidas lideranças do agronegócio brasileiro, Hafers presidiu a Sociedade Rural Brasileira. Ele trabalhou como corretor e exportador de algodão na empresa da família e, depois, começou a atuar diretamente na produção agrícola. Foi também fundador da Pisa Papel de Imprensa S/A.
“O prazer que o bom café agrega não tem custo – tem valor.” Luiz Hafers
Luiz Hafers (Santos, 1935 – São Paulo, 4 de agosto de 2016), produtor de café e ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira. Sempre atuante, Hafers também participou de grandes reflorestamentos na década de 1970.
Luiz Marcos Suplicy Hafers nasceu em Santos (SP), em 1935, e vindo de uma família tradicional, Hafers trabalhou durante muito tempo como comerciante de algodão, entre as décadas de 1950 e 1970, e era de uma família tradicional por fazer negócios envolvendo café desde 1840.
Sua própria produção ele iniciou em terras arrendadas e, posteriormente, em terras próprias. Fã ardoroso do romancista Guimarães Rosa, o produtor comprou em Minas Gerais uma propriedade citada no livro Grande Sertão: Veredas. “Minha fazenda ficava onde Riobaldo encontra o diabo. Olha só que referência boa”, conta em tom de graça.
Em 1962, Hafers comprou sua primeira fazenda de café no norte do Paraná. Hafers foi pioneiro no sistema de plantio de café adensado e participou de grandes reflorestamentos nos anos 70. Ele foi um dos fundadores da fábrica da Pisa Papel de Imprensa S/A.
Uma das lideranças mais conhecidas no agronegócio brasileiro, Luiz Hafers foi presidente da Associação Paranaense de Cafeicultores (Apac) e fundador da instituição que administra o Museu do Café, em Santos. Ele presidiu a Sociedade Rural Brasileira entre 1996 e 2002.
Hafers foi presidente da Sociedade Rural Brasileira de 1996 a 2002 e, atualmente, era conselheiro da entidade. O produtor se tornou um dos principais formadores de opinião do setor agrícola, produzia café e criava gado no oeste baiano, onde atuava desde 1989.
Ex-dono de uma fazenda com 600 hectares de terras, Hafers reduziu sua área para modestos 150 hectares, divididos em duas propriedades : uma na Bahia, outra no Paraná. “Já vendi terras por necessidade, hoje vendo por opinião. Acho melhor reduzir a área e aumentar a produtividade que manter os cafezais abandonados, sem os devidos tratos culturais”, disse em entrevista concedida à Revista GLOBO RURAL em meados de junho de 2009, quando revelou suas insatisfações com a atual condução das políticas para o setor, mas reforçou sua convicção na importância do desenvolvimento da cafeicultura nacional.
Hafers faleceu em 4 de agosto de 2016, aos 80 anos, em São Paulo.
Em nota, o atual presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Diniz Junqueira, disse que a morte de Luiz Hafers é uma grande perda para o setor. “Sua longa experiência no mercado mundial de commodities, seu profundo conhecimento dos desafios do Brasil e, principalmente, sua sensibilidade trouxeram para o agronegócio brasileiro uma visão de mercado, que muito contribuiu para o desenvolvimento desse que é o maior negócio do Brasil”, afirma Junqueira.
Já o ex-presidente da SRB, Cesário Ramalho, destacou que uma das principais iniciativas de Luiz Suplicy Hafers quando dirigiu a entidade foi ter aberto o diálogo do setor com os críticos do agronegócio, como o presidente do Movimento dos Sem Terra (MST), João Pedro Stédile. Ramalho lembra que até então as lideranças tradicionais evitavam o debate com as lideranças dos movimentos sociais.
Ramalho observa que apesar de ser um conservador, Hafers era um homem do diálogo, que transitava tanto entre os políticos e lideranças de esquerda como de direita, sem nunca se furtar ao debate, “sem abrir mão de suas convicções”. Ele comenta que este era o tema de uma das melhores frases de Hafers, que dizia ter ocupado a direção da SRB “por convicção e não por conveniência”.
O produtor João Sampaio, que sucedeu Hafers no comando da SRB, emocionado listou os adjetivos: espirituoso, criativo, elegante e bom frasista. Ele cita uma frase de Hafers sobre o posicionamento às vezes cordato do governo brasileiro nas negociações internacionais: “não quero ser gostado e sim admirado. Até temido, se necessário”.
O ex-presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Américo Sato, companheiro de muitos anos de Luiz Hafers e destacou seu papel importante nos debates sobre a cafeicultura. Sato lamentou a morte do amigo e lembrou o trabalho do líder rural na recuperação do Museu do Café, onde ele também é conselheiro.
(Fonte: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2016/08 – SANTOS E REGIÃO – Do G1 Santos – 04/08/2016)
(Fonte: http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura/Cafe/noticia/2016/08 – NOTICIAS – AGRICULTURA – CAFÉ – 5 de Agosto de 2016)