Lupicínio Rodrigues, grande cantor da dor de cotovelo. Compositor tornou mais populares as músicas sobre sofrer por amor

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Lupicínio Rodrigues vive na música do Brasil pela maestria ao versar sobre a inevitável sofrência

 

Lupicínio Rodrigues (nasceu em 19 de setembro de 1914 – faleceu em 27 de agosto de 1974), grande cantor da dor de cotovelo. Compositor tornou mais populares as músicas sobre sofrer por amor. Versátil, artista gaúcho passeou com sucesso por vários estilos.

A dor de cotovelo por sofrer por um ex-amor, expressão tão repetida hoje, ficou popular por causa de Lupicínio Rodrigues. Ele sabia o que cantava: os momentos de sofrimento envolvendo as mulheres não foram poucos, e eram matéria-prima de canções cheias de lamento. Abandonado por elas, Lupi – como era chamado desde a infância – transformava a dor em belos versos.

E se engana quem pensa que o coração magoado se fechava. O gaúcho deixava um lugar especial para as arrependidas. ‘Castigo’, ‘Remorso’, ‘Calúnia’, ‘Amigo ciúme’, ‘Caixa de ódio’ eram títulos de músicas que dão uma ideia da turbulenta vida amorosa de Lupicínio, que garantia que todas as letras eram inspiradas nas próprias experiências.

O cantor passaria praticamente todos os quase 60 anos de vida às margens do Guaíba, tendo Porto Alegre como testemunha de aventuras e desventuras amorosas. Perdeu Inah, uma bela morena que considerava sua grande paixão, porque a menina não aceitava sua vida boêmia. Desiludido, foi morar alguns meses no Rio de Janeiro. Além da música, boemia e mulheres, colecionava uma quarta paixão: o Grêmio. Tanto que compôs os versos que se tornariam o hino do clube durante uma conversa com amigos em um bar.

Foram tantos versos que Lupicínio costumava dizer que nem conseguia se lembrar de todas as canções que fez. Versátil, passeava por vários estilos, sempre com sucesso. Mas o coração, tão sofrido por amor, pararia cedo. Prestes a fazer 60 anos, a voz de Lupicínio se calava.

(Fonte: http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2014/09 – NOTÍCIA/ Edição do dia 16/09/2014)

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Amargura, ressentimentos e desejos de vingança são recorrentes nas letras do cancioneiro permanente do compositor gaúcho, também exímio melodista.

Sofrência era palavra inexistente no dicionário da música brasileira quando Lupicínio Rodrigues (16 de de setembro de 1914 – 27 de agosto de 1974) compôs, entre as décadas de 1940 e 1950, músicas que atravessariam gerações no imaginário nacional.

Mas já existia, claro, a dor de amor, a velha dor-de-cotovelo, matriz daquele que é tido oficialmente como o primeiro samba-canção, Linda flor (Ai, yoyô) (Henrique Vogeler, Luiz Peixoto e Marques Porto, 1929).

Como a Yoyô do pioneiro samba-canção, Lupicínio Rodrigues pareceu ter nascido para sofrer de amor. E expiou a dor em letras diretas, doídas, escritas com altas doses de amargura e desejos de vingança.

É por isso que neste agosto de 2024, mês em que a morte do compositor gaúcho completa 50 anos, tem-se a impressão de Lupicínio permanece vivo. A obra de fato está viva. Não somente pelas regravações, mas porque os sentimentos nada nobres que habitam o coração ferido no cancioneiro do autor reverberam em quase toda a música do Brasil, sobretudo em obras como a da sertaneja feminista Marilia Mendonça (1995 – 2021), voz quente que renovou o repertório da eterna dor-de-corno.

Especial conta a trajetória de Lupicínio Rodrigues

A diferença é que Marília rejeitou o papel de vilão que normalmente cabe à mulher no cancioneiro de Lupicínio e apontou o dedo para os homens. Em sintonia com a moral machista da época em que viveu, o compositor muitas vezes se portou nas letras – algumas de disfarçado caráter biográfico, outras de inspiração nas dores alheias – como o macho orgulhoso que culpa a mulher pela traição e pelo infortúnio do amor a dois.

Mas é justo reconhecer que Lupicínio deu o braço e o coração a torcer num dos mais inspirados sambas-canção do autor, Volta (1957), reavivado em 1973 na voz imortal de Gal Costa (1945 – 2022).

Também é justo reconhecer que a sobrevivência da obra de Lupicínio na alma popular e na discografia do Brasil extrapola o teor das letras das músicas geralmente compostas pelo artista sem parceiros.

Lupicínio Rodrigues também foi exímio melodista. Basta ouvir sambas-canção como Nervos de aço (Lupicínio Rodrigues, 1947), Esses moços (Pobres moços) (1948), Vingança (1951), Nunca (1952), a já mencionada Volta (1957) e Ela disse-me assim (Vá embora) (1959) para atestar o encaixe preciso de letra e música. O que justifica sucessivas regravações dessas músicas. Se a dor é intensa, a melodia é depurada e segue caminho sempre original.

Principal criador da sofrência na música veiculada na era do rádio, Lupicínio Rodrigues segue vivo – 50 anos após a morte do compositor – porque música boa é atemporal, sobretudo se versar sobre abandono, (des)amor e rejeição, fatalidades das quais ninguém escapa.

(Créditos autorais: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2024/08/25 – POP & ARTE/ MÚSICA/ por Mauro Ferreira – 25/08/2024)

 

 

 

 

O compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues morreu em 27 de agosto de 1974, de insuficiência cardíaca, aos 59 anos. O mestre do samba no Rio Grande do Sul foi velado no Olímpico, coberto com a bandeira do Grêmio, time para o qual compôs o hino que se tornou famoso.

(Fonte: Zero Hora – ANO 51 – 27 de agosto de 1974/2014 – HÁ 40 ANOS EM ZH – Pág: 44)

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