Manabu Mabe (Kumamoto, 14 de setembro de 1924 – São Paulo, 22 de setembro de 1997), pintor, um dos artistas plásticos brasileiros de maior expressão internacional. Os quadros abstracionistas de Mabe eram conhecidos por suas cores vivas, dimensões (o pintor considerava ideais as telas com 1,80 por 2 metros) e preços (alguns trabalhos seus foram vendidos por 90 000 dólares)
Mabe morreu no dia 22 de setembro de 1997, aos 73 anos, de infecção generalizada, em São Paulo.
(Fonte: Veja, 1° de outubro de 1997 – Edição 1515 - Datas - Pág; 102)
Em 1978, o pintor nipo-brasileiro Manabu Mabe decidiu pela primeira vez mostrar uma seleção de 81 quadros em vários museus do Japão.
Realmente, foi em 1959 que a estrela de Mabe começou a brilhar intensamente. Só nesse ano ele ganhou o Prêmio de Viagem do Salão Nacional de Arte Moderna, o Prêmio Governador do Estado de São Paulo e, ainda, o Prêmio de Pintura da I Bienal de Paris.
Foi assunto até de um artigo da revista Time, que também usou como título, “O ano de ouro de Mabe.” No ano seguinte, ele ainda levantou o primeiro prêmio de pintura da XXX Bienal de Veneza.
Essa foi a época áurea do tachismo e do informalismo, e a Bienal de São Paulo, também em 1959, marcou a eclosão desse movimento, o primeiro movimento artístico a alastrar-se em escala mundial. Estados Unidos, Itália, França ou Japão, todos falavam a mesma linguagem das manchas e da matéria desagregada. E foi na influência dessa onda que Mabe se lançou.
Esse artista, nascido em Kumamoto em 1924 e que chegou a São Paulo dez anos depois, com seus pais, para trabalhar na lavoura de café, começou a pintar muito cedo. E tal era sua necessidade de pintar que, na falta de telas, lançou mão até de pano de saco. Aos poucos, dominou a técnica da pintura figurativa e passou a expor nos salões oficiais.
E só depois de participar durante oito anos é que conseguiu ganhar o Prêmio de Viagem do Salão Nacional. Foi em 1957 que ele abandonou a figura pela abstração, passando logo ao informalismo, que lhe ofereceu campo propício à plena expansão de sua capacidade criadora.
HERANÇA VALIOSA – O tachismo e o informalismo eram tendências radicais que pretendiam “ultrapassar o campo do possível”, denunciando a consciência como fator limitativo da capacidade criadora do homem. Falava-se da arte cega, que não dependia da visão, mas da mão.
Herdeiro da sensível caligrafia japonesa e formado no ambiente provinciano do interior paulista, manteve-se alheio às causas profundas do tachismo e do informalismo, usando-os como pretexto para a liberação de seu lirismo.
Noutras palavras, Manabu Mabe não se desligou totalmente do real ou da natureza: fez da linguagem informal um meio de revelar sua relação poética com o homem e sua arte.
(Fonte: Veja, 23 de abril de 1980 – Edição 607 - ARTE/ Por FERREIRA GULAR - Pág; 101)