Mané Garrincha, o craque das pernas tortas, foi um dos heróis nas conquistas das Copas do Mundo

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As glórias e os dramas de Garrincha

Manuel Francisco dos Santos (Magé, 28 de outubro de 1933 – Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 1983), ex-craque do Botafofo, um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, o Mané Garrincha, ou simplesmente Garrincha, o craque das pernas tortas, foi um dos heróis nas conquistas das Copas do Mundo de 1958 e de 1962. Seus dribles irreverentes desconcertaram adversários encantando multidões em todo o mundo.

Sua glória, no entanto, não foi capaz de derrotar o seu maior adversário,– o alcoolismo. Garrincha morreu no dia 20 de janeiro.

(Fonte: IstoÉ/1931 -– 25/10/2006 – Edição Especial 30 anos -– 1983 -– Memória – Editora Três – Pág; 103)

 

 

Os anos de ouro de Garrincha, o menino pobre, bisneto de índios, semi-analfabeto, que mesmo com as pernas toratas e a bacia fora de lugar se tornou “a alegria do povo”, peça-chave para o Brasil conquistar as Copas do Mundo de 1958 e 1962.

Garrincha nunca deu muita bola para a própria glória. O que lhe aprazia, mesmo no auge da fama, era esconder-se em Pau Grande, sua cidade natal, para pescar, caçar, beber cachaça com os amigos de infância e fornicar. Nesta última atividade, conseguia belas mulheres.

O dinheiro que o sucesso lhe proporcionava também não importava muito. Deixava de pegar os salários no Botafogo e chegou a se esquecer de uma pequena fortuna que escondera debaixo de colhões e dentro de vasos em sua casa de Pau Grande, onde moravam a primeira mulher, Nair, e as oito filhas que teve com ela.

Esse desprendimento lhe custaria caro mais tarde, quando um joelho avariado tirou todo o brilho de seu futebol e sua carreira desmoronou. Depois de pertencer a vários clubes que se arrependeram de tê-lo contratado (Corinthians, Flamengo, Olaria), passou a se exibir em times pequenos do interior do país, em troca de minguados cachês.

 

A trajetória de Garrincha, dos anos de glória à destruição total pelo álcool

 

Um final de vida marcado pela decadência, pelo alcoolismo e pelas dificuldades financeiras, morto em janeiro de 1983 aos 49 anos.

ATROPELOU O PAI – A decadência e o fim de Garrincha constituem a parte mais reveladora de um mito. Quando se uniu a cantora Elza Soares, Garrincha já estava praticamente acabado para o futebol, por causa do joelho. A cantora teria o ajudado, e muito. Coube a ela mantê-lo de cabeça erguida, confiante em que poderia ainda ser útil de alguma forma aos esportes. Coube a ela travar uma luta surda e constante para que Garrincha se curasse do alcoolismo, que acabaria por matá-lo com o cérebro, o coração, os pulmões, o fígado, o pâncreas, o intestino e os rins destruídos.

Certa vez foi encontrado caído, bêbado e chorando, em pleno Largo da Carioca, no centro do Rio de Janeiro. De outra feita, andando pelas ruas de Pau Grande, atropelou o próprio pai e quase o matou. Tentou o suicídio duas vezes, abrindo o gás da cozinha e tomando uma garrafa inteira de conhaque dentro da banheira, até ficar desacordado.

Ninguém poderia ajudar Garrincha no final da vida. O álcool o consumia a tal ponto que nem as quinze internações hospitalares que fez em um único ano conseguiram livrá-lo do vício.

 

(Fonte: Veja, 1 de novembro de 1995 – ANO 28 – Nº 44 – Edição 1416 – LIVROS/ Estrela Solitária / Por Ruy Castro – Por OKKI DE SOUZA – Pág: 113)

 

 

 

 

 

 

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