Márcia Kubitschek (Belo Horizonte, 22 de outubro de 1943 – São Paulo, 5 de agosto de 2000), ex-vice-governadora do Distrito Federal, filha do ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Dez dias antes de ser internada, Márcia Kubitschek fez sua última aparição em público. Ela se encontrou com o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Michel Temer (PMDB/SP), para pedir a reabertura das investigações sobre a morte do pai. A jornalista, formada pela PUC do Rio de Janeiro e deputada constituinte (1987-1991), duvidava da morte acidental de JK. Acreditava que houvera um atentado. Na versão oficial, o ex-presidente Juscelino Kubistchek morreu em acidente com o carro em que viajava de São Paulo para o Rio de Janeiro, em 1976.
Depois do acidente, Márcia mudou-se para Nova York. Morou lá durante oito anos e retornou ao Brasil decidida a investir na carreira política. “O povo há de ver em mim a sucessora política de JK”, costumava dizer. A vida política, no entanto, nem sempre foi sucedida por vitórias. Conseguiu eleger-se deputada federal, depois da Constituinte de 1985, mas perdeu as eleições para o Senado Federal, em 1994.
Na época, Márcia reclamou que não teve o apoio prometido pelo então governador Joaquim Roriz, do qual foi vice. Durante esse mandato, chegou a assumir o Governo do Distrito Federal (GDF) em algumas ocasiões, durante viagens de Roriz.
Com o primeiro marido, Baldomero Barbará, ela teve, além de Anna Christina, de 34 anos, Júlia (24). O casamento foi em Lisboa, em 1965. Com o bailarino cubano (naturalizado norte-americano) Fernando Bujone teve a caçula Alejandra. Atualmente era casada com José Carlos Barroso.
Márcia era muito ligada ao pai. Falava sempre dele. Venerava-o. Era diante do túmulo dele, no Memorial JK, que ela buscava inspiração para o dia-a-dia. Sempre que precisava tomar uma decisão importante, costumava ir para lá, meditar.
Márcia acompanhou de perto o sonho de JK. Em 1957, do lado de fora da obra de construção do Palácio do Catetinho, a menina de 11 anos olhava o ermo ao lado do pai que apontava. “Você está duvidando que isso vai ser possível, não é?”, dizia ele. “Pois você vai ver que não é bobagem. Seu pai vai ser o Aladim, nós vamos ter uma lâmpada maravilhosa. Eu vou esfregá-la e todas essas coisas que estou lhe dizendo aqui vão surgir.”
Márcia Kubitschek era descrita pelos amigos próximos como pessoa doce, conciliadora, bastante caseira e culta. Mas, ao mesmo tempo, era vista como uma pessoa dinâmica e persistente. Falava três línguas fluentemente: inglês, espanhol e francês. Apesar de muitos políticos afirmem que são seguidores de Juscelino, era Márcia quem ele queria que trilhasse o seu caminho. Imaginava vê-la, pelo menos, governadora do Distrito Federal.
Na política, Márcia defendia a valorização política e social da mulher, a industrialização do DF para a geração de empregos e uma reforma agrária sem radicalismo. Na comemoração dos 40 anos de Brasília, Márcia fez um discurso emocionado. Os convidados foram às lágrimas. Brasília não é de JK. Não é de Lúcio Costa. Não é de Oscar Niemeyer. Mas de todos nós brasileiros que acreditamos que esse sonho poderia se tornar realidade.
A ex-deputada e ex-vice-governadora do Distrito Federal, Márcia Kubitschek foi enterrada no final da tarde no cemitério Campo da Esperança, em Brasília, ao lado de sua mãe, dona Sarah.
O deputado federal Paulo Octávio, genro de Márcia, prestou a última homenagem ressaltando as qualidades de Márcia e seu amor por Brasília.
Márcia Kubitschek morreu em 5 de agosto de 2000, aos 56 anos, vítima de insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
Márcia deixou três filhas, Ana Cristina, Julia e Alejandra, esta última de seu casamento com o bailarino Fernando Bujones.
(Fonte: http://diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=15853 – Edição nº 9685 – Da Reportagem – MEMÓRIA – 07/08/2000)