MARCOS HITÓRICOS IMPORTANTES

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O primeiro título de engenheiro foi usado pelo inglês John Smeaton (1724-1792), que auto-intitulou Engenheiro Civil

MARCOS HITÓRICOS IMPORTANTES

A tecnologia, tal como é entendida, só apareceu há cerca de 400 anos, mas tomou corpo apenas com a revolução industrial, quando se notou que tudo que era construído pelos homens podia sê-lo usando os princípios básicos das ciências.
Um dos percursos desta era foi Leonardo da Vinci (1452-1519) que reunia, eximiamente, o saber teórico ao prático. Foi ele que, em 1510, projetou uma roda d’água horizontal cujo princípio foi usado na construção da turbina hidráulica.

No século XVII, aparece a ciência moderna com Galileu Galilei (1564-1642), que foi o real iniciador da mentalidade científica. Em 1590, o físico Galileu, disposto a por à prova alguns ensinamentos de Aristóteles, teria convidado membros da Universidade de Pisa para Assistir a uma experiência: a queda livre simultânea de dois corpos de pesos diferentes. Lenda ou realidade, este é o momento símbolo do nascimento oficial do experimentalismo científico. Iniciava-se então a substituição das longas argumentações lógicas da dialética formal pela observação dos fatos em si mesmos. Desta forma, um assunto a ser pesquisado era dividido em partes mais simples, que eram estudadas separadamente, e os resultados sintetizados numa resposta. Além disso, Galileu estuda problemas de levantamento de pesos, inventa o termômetro e investiga as leis de gravitação e oscilação.

Um marco da aplicação da ciência moderna na engenharia é o trabalho publicado em 1638 por Galileu, onde é deduzido o valor da resistência à flexão de uma viga engastada numa extremidade e suportando um peso na sua extremidade livre.
O início da aplicação dos conhecimentos científicos à engenharia foi repleto de fracassos, como por exemplo:

– os esforços malogrados de Leibniz na instalação de bombas por moinhos de vento, para controlar águas de minas;
– o fracasso de Huyghens no desenvolvimento de um motor de explosão a pólvora;
-a incapacidade de três matemáticos de renome, em 1742, nomeados pelo Papa, para descobrir as causas dos sinais de colapso apresentados do domo da basílica de São Pedro.

Acontecimentos pitorescos também marcaram esta fase inicial da moderna engenharia, como por exemplo:
– em 1778, Frederico, o Grande, numa carta a Voltaire, ridicularizava Euler por não ser capaz de projetar, por meios matemáticos, fontes para o seu jardim;
– o próprio resultado do trabalho de Galileu, publicado em 1638, cuja distribuição de tensões proposta estava equivocada.

Contudo, uma infinidade de aplicações bem sucedidas de teorias científicas a problemas práticos garantiu a afirmação da engenharia moderna. Por exemplo, no final do século XVIII, Coulomb calculou com boa precisão a resistência à flexão de vigas horizontais em balanço, e também elaborou um método para o cálculo de empuxos de terra sobre muros de arrimo, com validade até hoje.

Um fato marcante na evolução industrial foi a implantação da máquina a vapor na indústria da tecelagem, ocorrida por volta de 1782, fato que, aliás, junto com o tear mecânico, inventado pelo Inglês Cartwight em 1785, foi um dos grandes responsáveis pela Revolução Industrial.
Outro grande avanço no processo de industrialização foi a utilização do motor elétrico como fonte de energia, que substituiu os complicados sistemas de aproveitamento da energia diretamente da natureza. O primeiro gerador elétrico experimental foi construído pelo fabricante francês de instrumentos, Hippolyte Piixi, em 1832. Entretanto, apenas em 1871 foi utilizado, na prática, o primeiro motor elétrico. O construtor deste motor, Gramme, foi um prático que, tal qual os inventores do telefone e do rádio, desconhecia as explicações científicas para os seus inventos.

Segundo historiadores, o primeiro emprego do termo engenheiro – proveniente da palavra latina ingenium, que significa engenho ou habilidade – foi feito na Itália. Oficialmente, esta designação apareceu pela primeira vez numa ordem régia de Carlos V (1337-1380), da França, mas apenas no século XVIII é que começou a ser utilizada para identificar aqueles que faziam técnicas com base em princípios científicos. Antes disso, este termo designava aqueles que se dedicavam ao invento e à aplicação de engenhos. Apenas em 1814 é que o termo “engenharia” foi dicionarizado em língua portuguesa.

O primeiro título de engenheiro foi usado pelo inglês John Smeaton (1724-1792), que auto-intitulou Engenheiro Civil. Inicialmente esta designação serviu em muitos países para definir toda a engenharia que não se ocupava de serviços públicos ou do Estado; em outros países compreendia toda a engenharia com exceção da militar;

AS PRIMEIRAS ESCOLAS DE ENGENHARIA

Ainda no século XVIII vários cientistas franceses, tais como Poisson, Navier, Coriolis, Poncelet e Monge, contribuíram para a definição da técnica científica, que resultou na fundação, em Paris, em 1774, da École Polytechnique, que tinha como finalidade ensinar as aplicações da matemática aos problemas da engenharia.
Porém, já em 1506, teria sido fundada em Veneza a primeira escola dedicada à formação de engenheiros e artilheiros.

Por volta do século XVIII houve um significativo desenvolvimento técnico em áreas tais como: extração de minérios, siderurgia e metalurgia. O mesmo desenvolvimento também foi sentido na construção de pontes, estradas e canais, o que formava a base da engenharia civil. Todas estas atividades sempre foram fruto do trabalho de práticos, que desenvolviam empiricamente suas atividades, totalmente alheios às teorias científicas.

Com base em desenvolvimentos como estes, foi evoluindo cada vez mais rapidamente a engenharia, sempre intimamente relacionada com o aparecimento de escolas para a formação de engenheiros.
Assim, em 1747, foi criada na França aquela que é considerada a primeira escola de engenharia do mundo, A École des Ponts et Chaussées. Em 1778 foi implantada a École des Mines e, em 1794, o Conservatoire des Arts et Métiers. Estas escolas eram voltadas para o ensino prático, diferentes por tanto da École Polytechnique, estabelecendo, assim, uma divisão da engenharia em dois campos: o dos engenheiros práticos e o dos teóricos.
Pra o desenvolvimento da engenharia, o passo seguinte foi a criação das escolas técnicas superiores nos países de língua alemã. As escolas de Praga (1806), de Viena (1815), de Kerlsruche (1825) e de Munique (1827), são exemplos neste sentido. Entretanto, a escola que maior importância teve no aparecimento da engenharia moderna foi a de Zurique (1854) – Eidgenossiche Technische Hochschule.

Nos Estados Unidos as primeiras escolas deste tipo foram o MIT — Massachusetts Institute of Technology — (1865), o Califórnia Institute of Technology (1919) e o Carnegie Institute of Technology (1905). Porém, talvez a mais característica escola de engenharia dos EUA foi o Rensselaer Polytechnique Institute, fundada em 1824. Entretanto, já em 1794 foi criada a primeira escola de engenharia nos EUA, a Academia Militar de West Point, que incendiou dois anos depois, sendo reaberta em 1802 – ano considerado o oficial da sua fundação.
Com estas escolas e institutos, a técnica moderna tomou corpo, ampliando-se a aplicação da ciência à tecnologia.

Deve ser registrada uma diferença fundamental entre as primeiras escolas de engenharia e as atuais. As primeiras, adestravam para técnicas e processos. Hoje, a preocupação maior é sobretudo formar e educar – para fornecer ao futuro profissional armas para que este possa resistir ao rápido obsoletismo das técnicas -, e secundariamente treinar.

FATOS MARCANTES DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA

Alguns fatos históricos relativos à evolução das técnicas e da ciência têm importância marcante na definição do estágio atual de desenvolvimento da engenharia. Abaixo são listados alguns deles.

1620 – Bacon preconiza o método experimental;

1637 – René Descartes publica o primeiro tratado da geometria analítica e formula as leis da refração;

1942 – Blaise Pascal constrói a primeira máquina de calcular;

1660 – é estabelecida a Lei de Hooke, princípio básico para o estudo da Resistência dos Materiais, ciência fundamental das engenharias;

1674 – o cálculo infinitesimal, ferramenta básica para a análise matemática, é inventado por Newton e Leibniz;

1729 – Stephen Gray descobre que há corpos condutores e não condutores de eletricidade;

1745 – Ewald Jurgen Von Kleist inventa o capacitador elétrico;

1752 – Benjamin Franklin inventa o pára-raios;

1764 – James Watt inventa o condensador, componente fundamental para o motor a vapor;

1768 – Gaspar Monge cria a geometria descritiva;

1775 – Pierre Simon inventa a turbina d’água;

1789 – Lavoiser enuncia a lei da conservação da massa;

1790 – O mesmo Lavoiser publica a tábua dos trinta e um primeiros elementos químicos;

1800 – Alessandro Volta constrói a primeira bateria de zinco e chapas de cobre;

1802 – Joseph Gay Lussac formula a lei da dilatação dos gases;

1805 – Joseph Fourier formula a teoria do desenvolvimento das funções em séries trigonométricas;

1811 – Avogrado formula a hipótese sobre a composição molecular dos gases;

1814 – George Stephenson constrói a primeira locomotiva;

1819 – Hans Derstedt descobre a indução eletromagnética;

1824 – Sadi Cornot cria a termodinâmica;

1825 – Nielson constrói o primeiro alto-forno;

1831 – Faraday descobre a indução eletromagnética;

1834 – Charles Babbage inventa a máquina analítica – ancestral do computador;

1937 – Samuel Morse inventa o telégrafo elétrico;

1960 – construção do primeiro Bessemer;

1967 – Joseph Monier inventa o processo de construção de concreto reforço;

1878 – Thomas Edison inventa a lâmpada elétrica;

1885 – Gottieb Daimler e Karl Benz constroem o primeiro automóvel;

1891 – é construída a primeira linha de transmissão elétrica, em corrente alternada;
1892 – Rudolf Diesel estuda, inventa e patenteia, em seguida produz industrialmente o seu motor de combustão interna.

Estes são apenas alguns exemplos da arrancada decisiva da conjunção da ciência à tecnologia que, a partir daí, cada vez mais se complementam e entrelaçam. Porém, a tecnologia só se firmaria como atividade importante no início do século XX.

INÍCIO DA ENGENHARIA NO BRASIL

È difícil estabelecer o início da atividade no Brasil, mas pode-se afirmar que aquela efetividade começou com as primeiras casas feitas pelos colonizadores que, naturalmente, hoje não seriam classificadas como obras de engenharia. Em seguida, ainda de forma muito rudimentar, vieram as primeiras obras rudimentar, tal como na época era entendida, parece ter entrado no Brasil através das atividades dos oficiais-engenheiros e dos mestres construtores de edificações civis e religiosas.

O desenvolvimento da engenharia no Brasil manteve-se por muito tempo atrasado. Isto aconteceu pelo fato da economia ser baseada na escravidão, que representava uma mão-de-obra bastante barata, o que implicava a proibição da instalação de indústrias.

A referência mais antiga com relação ao ensino da engenharia no Brasil — conforme citado por C. da Silva Telles em seu livro “História da Engenharia no Brasil”– parece ter sido a contratação do holandês Miguel Timermans, em 1648 – 1650, para aqui ensinar sua arte e sua ciência.
Muitas outras iniciativas semelhantes foram, com o tempo, escrevendo o início da história do ensino da engenharia no Brasil, porém, sempre de forma sazonal ou ainda muito incipiente.
A primeira escola de engenharia propriamente dita, a Academia Real Militar, foi criada em 4 de dezembro de 1810 pelo príncipe regente (Futuro Rei D. João VI), vindo a substituir a Real Academia de Artilharia, Fortificações e Desenho, esta instalada em 17/12/1792.

Como o passar dos anos a Academia Real Militar passou por várias reformas e transformações. Depois da Independência, teve seu nome mudado para Academia Militar da Corte. Em outubro de 1823, um decreto permitiu a matrícula de alunos civis, que não mais eram obrigados a fazer parte do Exército.

Outras transformações ocorreram até que pelo Decreto nº 2116, de primeiro de março de 1858, através de nova organização das escolas militares, a Escola Militar da Corte passou a denominar-se Escola Central, sendo destinada ao ensino das Matemáticas e Ciências Físicas e Naturais e, também, das doutrinas próprias da Engenharia Civil. Com estas modificações, o ensino militar ficou a cargo da Escola de Aplicação do Exército, agora denominada Escola Militar e de Aplicação do Exército, e da Escola Militar do Rio Grande do Sul.

Em 25 de abril de 1874, através do Decreto nº 5600, foi criada a Escola Politécnica do Rio de Janeiro, sucessora da Antiga Escola Central.
Também no segundo Império, foi criada a Escola de Minas de Ouro Preto, em 12 de outubro de 1876. Ainda no século passado, mais cinco escolas de engenharia foram implantadas: em 1893 a Politécnica de São Paulo; em 1896 a Politécnica de Mackenzie College e a Escola de Engenharia do Recife; em 1897 a Politécnica da Bahia e a Escola de Engenharia de Porto Alegre.
Até 1946 já existiam quinze instituições de ensino de engenharia e, de lá pra cá, muitas outras foram implantadas no país, o que representa, hoje, mais de trezentos cursos.

(FONTE: Introdução à Engenharia – Editora da UFSC – Walter Antonio Bazzo e Luiz Teixeira do Vale Pereira – Florianópolis – 1996)

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