‘’Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata. Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal eu não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse.’’
Martin Niemoller
Martin Niemöller (nasceu em Lippstadt, em 14 de janeiro de 1892 – faleceu em Wiesbaden, Alemanha Ocidental, em 7 de março de 1984), pastor protestante alemão e militante do movimento pacifista. Comandou um submarino na I Guerra Mundial, vindo a ser condecorado com a Cruz de Ferro, e chegou a apoiar os nazistas.
O mais importante porta-voz da resistência protestante ao Nazismo na Alemanha foi o pastor luterano alemão e oficial naval Martin Niemoller, que escreveu um dos poemas mais célebres intitulado “E Não Sobrou Ninguém”.
Depois, rompeu com Hitler e foi internado no campo de concentração de Dachau. Após a guerra, viveu durante algum tempo em Freikorps e estudou Teologia.
Sua ordenação foi em 1931, foi ordenado pastor da Igreja de Santa Ana em Dahlen, subúrbio de Berlim. Em 1966, foi condecorado com Prêmio Lênin da Paz e reconhecido como um dos mais proeminentes líderes que resistiram aos abusos e controles estatais nazistas durante o regime nacionalista de Adolf Hitler.
Mesmo depois de formar-se em Teologia, ele permaneceu fiel à sua ideologia patriótica e conservadora. Porém, após a subida dos nazistas ao poder, em 1933, Niemöller então pároco em Berlim-Dahlem entrou num conflito crescente com o novo governo.
Inicialmente, ele concordava com o antagonismo dos Nazistas ao Comunismo e à República de Weimar, mas ficou decepcionado com a tentativa de Hitler em dominar a Igreja Evangélica (Luterana ou Reformada) impondo-lhe o movimento neopagão dos “Cristãos Germânicos” da Igreja do Reich e de seu bispo Ludwig Müller.
Niemöller faleceu no dia 7 de março de 1984, de câncer, aos 92 anos, em Wiesbaden, Alemanha Ocidental.
(Fonte: Revista Veja, 14 de março, 1984 – Edição 810 – DATAS – Pág; 96)
(Fonte: http://www.oquinze.com.br – Novos estadistas para um novo Brasil / POR MAURICIO PRICE – EDIÇÃO 05 – 17 DE ABRIL DE 2017)
1938: Regime nazista inicia julgamento do pastor Martin Niemöller
No dia 7 de fevereiro de 1938 começou em Berlim o julgamento a portas fechadas do teólogo protestante Martin Niemöller, acusado de “abusar do púlpito” e de “declarações contra o Estado”.
“Ter fé significa seguir Jesus. E a quem afirma acreditar em Jesus Cristo, posso perguntar sobre a sua vida e dizer: você acha que ele aprovaria o que você faz hoje? Que, com isto, você está sendo sucessor de Jesus de Nazaré?”
“O que faria Jesus?”, esta foi a pergunta básica na vida do pastor Martin Niemöller, e foi esta pergunta que o colocou em conflito com o regime nazista. No início, nada indicava que Niemöller viria a ser um dia o símbolo da resistência protestante. Nascido em 1892, filho de um pastor evangélico de confissão luterana, ele foi educado para a fidelidade ao imperador e o sentimento patriótico alemão.
Depois de concluir o ensino médio, ingressou na Marinha como soldado de carreira. Mesmo depois de formar-se em teologia, permaneceu fiel à sua ideologia patriótica e conservadora: em 1924, votou no NSDAP, o partido de Hitler. Mas após a subida dos nazistas ao poder, em 1933, Niemöller – então pároco em Berlim-Dahlem – entrou em conflito crescente com o novo regime.
Criação da Igreja Engajada
Mesmo sendo nacionalista e não estando inteiramente livre de preconceitos antissemitas, Niemöller protestava decididamente contra a aplicação do “parágrafo ariano” na Igreja e a falsificação da doutrina bíblica pelos cristãos alemães de ideologia nazista. Para impedir a segregação de cristãos de origem judaica, criou no outono de 1933 a Liga Pastoral de Emergência, transformada no ano seguinte na Igreja Engajada. Esta recusava obediência à direção oficial da Igreja, a qual apoiava o regime nazista.
Em 1934, Niemöller acreditava, ainda, que poderia discutir com os novos donos do poder. Numa recepção na chancelaria em Berlim, ele contestou Hitler, que queria eximir a Igreja de toda responsabilidade pelas questões “terrenas” do povo alemão.
“Ele me estendeu a mão e eu aproveitei a oportunidade. Segurei sua mão fortemente e disse: ‘Sr. chanceler do Reich, o senhor disse que devemos deixar em suas mãos o povo alemão; mas foi alguém inteiramente diferente que colocou a responsabilidade por nosso povo em nossa consciência’. Ele puxou, então, a mão, dirigindo-se ao próximo, e não disse mais nenhuma palavra”.
Na mira dos nazistas
A partir deste incidente, Niemöller entrou cada vez mais na mira do regime. Observado pela Gestapo, foi proibido de pregar, o que não aceitou. Em 1935, foi preso pela primeira vez e logo libertado. Martin Niemöller já era tido nessa época como o mais importante porta-voz da resistência protestante.
Em meados de 1937, ele pregava: “E quem, como eu, que não viu nada a seu lado no ofício religioso vespertino de anteontem, a não ser três jovens policiais da Gestapo – três jovens que certamente foram batizados um dia em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e que certamente juraram fidelidade ao seu Salvador na cerimônia de crisma, e agora são enviados para armar ciladas à comunidade de Jesus Cristo –, não esquece facilmente o ultraje à Igreja e deseja clamar ‘Senhor, tende piedade’ de forma bem profunda”.
Em julho de 1937, Niemöller foi preso novamente. Após cerca de sete meses, no dia 7 de fevereiro de 1938, começou então o seu julgamento diante do Segundo Tribunal Especial, em Berlim-Moabit. A acusação argumentava que o pastor teria criticado as medidas do governo nas suas pregações “de maneira ameaçadora à ordem pública”, teria feito “declarações hostis e provocadoras” sobre alguns ministros do Reich e, com isto, transgredido o “parágrafo do Chanceler” e a “Lei da perfídia”. A sentença: sete meses de prisão e 2 mil marcos de multa.
Os juízes consideraram a pena cumprida, em função do longo tempo de prisão preventiva. Niemöller deveria assim ter deixado a sala do tribunal como homem livre. Para Hitler, no entanto, a sentença pareceu muito suave. Ele enviou o pastor para um campo de concentração, como seu “prisioneiro pessoal”. Até o fim da guerra, durante mais de sete anos, Martin Niemöller permaneceu preso, primeiro no campo de concentração de Sachsenhausen, depois em Dachau.
(Fonte: Deutsche Welle – CALENDÁRIO HISTÓRICO / Autoria Rachel Gessat – 07/02/1938)