Mary Wollstonecraft, entusiasta das conquistas igualitárias e fraternas da Revolução Francesa de 89

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Wollstonecraft e a aurora das mulheres

É considerada uma das pioneiras do moderno feminismo com a publicação da obra Uma Defesa dos Direitos da Mulher), em 1790.

Mary Wollstonecraft (Londres, 27 de abril de 1759 – Londres, 10 de setembro de 1797), uma entusiasta das conquistas igualitárias e fraternas da Revolução Francesa de 1789, contagiada pelo efervescente ambiente que encontrou em Paris, quando lá esteve em 1792, não demorou muito em dar-se conta de que as mulheres, ativíssimas nos tumultos que culminaram na queda a monarquia absolutista de Luís XVI, estavam longe de serem contempladas pelos tão proclamados direitos de cidadania. Em vista disso elaborou aquilo que podemos chamar de primeira carta do feminismo moderno.

Libertária e mãe

“É possível que eu provoque o riso ao fazer a seguinte insinuação, em que penso existirá no futuro: creio realmente que as mulheres deveriam ter seus representantes, em lugar de ver-se virtualmente governadas, sem que as permitam ter nenhuma participação direta nas deliberações do governo”

Mary Wollstonecraft – Vindication of the Rights of Woman, 1792

Deve ter sido por amor, supõe-se, que Mary Wollstonecraft, mulher madura, arriscou-se a engravidar. William Godwin, seu marido, era um filósofo radical, amigo do panfletista Thomas Paine e do poeta William Black, com quem partilhava conjuras revolucionárias. Resultou num infausto. Onze dias depois de ter dado à luz a uma menina, também chamada Mary (que mais tarde seria a esposa do poeta Shelley, e famosa autora do “Dr. Frankenstein”), faleceu em conseqüência do difícil parto, em 10 de setembro de 1797. Tinha só 38 anos. A maternidade roubou-lhe a vida.

Em defesa da mulher

Cinco anos antes, porém, em 1792, Mary Wollstonecraft Godwin, cujos sobrenomes eram pura combustão, consagrara-se com um memorável ensaio a favor da emancipação feminina, “Em defesa dos direitos da mulher” (Vindication of the Rights of Woman), composto em apenas seis semanas, reclamando um destino próprio ao seu sexo, desatrelado ao dos seus maridos e filhos.

Naquele ano mesmo, como correspondente de uma gazeta londrina, ela havia estado em Paris interessada em ver de perto os tumultos revolucionários. Contagiada pelo clima de efervescência subversiva, embriagada pelo ar libertário e pelas leituras dos filósofos franceses, ela percebeu que as mulheres não podiam continuar sendo, nos novos e extraordinários tempos que se abriam, apenas as discretas coadjuvantes dos homens. A revolução de 1789, num repente, escancarara as portas da emancipação para todos os tolhidos e oprimidos: dos escravos aos loucos. Porque ficariam elas de fora? Antes dela a francesa Olympe de Gouges redigiu uma Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne, e a lionesa Théroigne de Méricourt fundou um clube misto em 1790 – o dos Amigos da Lei.

Uma mulher independente

Mary Wollstonecraft era um fenômeno. Desde jovem, exercendo seus talentos como tradutora, educadora e jornalista, mantinha-se a si mesma. Não dependia de homem nenhum. Ao invés de ver-se como uma anomalia em meio as demais mulheres da sua época, quase todas ainda presas ao lar, divisou ser ela mesma o devir. Era ela a mulher do futuro!

(Fonte: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/2004/11/08 – EDUCAÇÃO – História – Mundo/ Por Voltaire Schilling)

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