Ensaísta e romancista francês, influenciou intelectuais como Michel Foucault e Jacques Derrida
Maurice Blanchot (Quain, na Borgonha, 27 de setembro de 1907 – Yvelines, 20 de fevereiro de 2003), escritor e ensaísta francês, um dos mais importantes da literatura moderna.
Figura de grande reputação nas letras francesas, estudioso da literatura que influenciou gerações de intelectuais, Blanchot era um intelectual recluso, misterioso, do qual são conhecidas apenas duas fotos muito antigas. Ele nasceu em 22 de setembro de 1907, em Quain, na Borgonha.
Blanchot foi um jornalista político na juventude, ligado à imprensa de extrema direita nos anos 30, escrevia no Journal des Débats, era tido como monarquista e anti-semita.
Mudou de posição depois da 2.ª Guerra Mundial, abandonando a imprensa e iniciando sua vida de reclusão mais voltada à literatura.
Nos anos 60, contrariando suas convicções juvenis tornou-se um dos articuladores do “Manifesto dos 121” contra a guerra da Argélia, atuando também a favor dos acontecimentos que marcaram o mês de maio de 1968 na França.
Ele foi o último dos escritores de uma geração que teve Marguerite Duras, Michel Leiris (1901-1990), Louis-René des Forêts (1918-2000) ou Pierre Klossowski (1905-2001). E influenciou os “grandes” das letras francesas, como Jean-Paul Sartre, Michel Foucault, René Char e Roland Barthes.
Entre os vários livros que escreveu um de seus estudos mais famosos foi publicado no Brasil pela editora Rocco. Em Espaço Literário, de 1955, Blanchot analisa a literatura de Mallarmé, Bataille, que foi seu grande amigo, Nietzsche, Hölderlin, Sade e Lautréamont, Rilke, Artaud, Char, Beckett.
Entre suas obras de ficção e crítica literária estão Thomas LObscur, seu romance mais conhecido, publicado em 1941, Le Très-haut, e LArrêt de Mort de 1948, Lautréamont e Sade e La Part du Feu, de 1949, Le Livre à Venir, de 1959 e LEntretien Infini, de 1969.
Foi um estudante que visitava diariamente o escritor que deixou uma mensagem sobre sua morte na secretária eletrônica da rádio France Culture, segundo o jornal “Libération”.
A família confirmou, preferindo não se pronunciar antes do enterro, que seria na manhã de ontem, na capital francesa.
Desde que se retirou da vida pública em 1983, Blanchot vivia nos arredores de Paris, em Yvelines.
Existem raríssimas fotos suas, pois ele não se deixava fotografar. Deu apenas uma entrevista na vida, à “LExpress”, nos anos 60, que acabou não sendo publicada pela revista.
Era um escritor exigente, que construiu uma obra difícil e sem concessões, desconhecida do grande público e estimadíssima pelos intelectuais. Seus livros influenciaram várias gerações de escritores e filósofos, como Michel Foucault e Jacques Derrida.
Seus romances, entre eles o notável “Thomas, o Obscuro” (1941), são menos lidos que a obra ensaística, de extrema relevância para a literatura e mesmo para a filosofia, como “Lautréamont e Sade” (1949), “O Espaço Literário” (1955) e “A Conversa Infinita” (1969), estas duas últimas com traduções para o português.
Fascismo
Blanchot nasceu em 22 de dezembro de 1907, no interior da França, filho de uma rica família católica. Estudou literatura alemã e filosofia.
Nos anos 30 e 40, atuou como jornalista na imprensa de extrema-direita, escrevendo artigos virulentos de cunho fascista. “A violência desses textos é difícil de aceitar”, escreveu ontem o jornal “Le Monde”.
Baseado em convicções monarquistas e num ideal de transformação espiritual do homem, Blanchot atacava igualmente comunistas, democratas e judeus -embora um de seus melhores amigos fosse o filósofo (judeu) Emmanuel Lévinas.
A Ocupação da França pelos nazistas fez com que o escritor se aproximasse da Resistência, em 1944, e mesmo do Partido Comunista. No pós-Segunda Guerra, o judaísmo e o Holocausto se tornariam preocupações dominantes para o escritor -o que alguns analistas consideraram como uma penitência de seu período fascista. Blanchot também recriminou Heidegger, que colaborou com o nazismo, por o filósofo jamais ter pedido perdão aos judeus.
Em 1958, posicionou-se radicalmente contra a Guerra da Argélia, que o governo francês empreendia para segurar a colônia sob o seu domínio.
Em 1968, Maurice Blanchot aderiu à revolta estudantil de Maio, participando pessoalmente das manifestações dos estudantes contra o presidente Charles de Gaulle.
Maurice Blanchot morreu em 20 de fevereiro de 2003, aos 95 anos, em sua casa de Yvelines, nos arredores de Paris.
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada – FOLHA DE S.PAULO – ILUSTRADA / Por ALCINO LEITE NETO DE PARIS – 25 de fevereiro de 2003)
(Fonte: http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2003 – ARTE E LAZER / CADERNO 2 / VARIEDADES – 24 de Fevereiro de 2003)