Maurice Merleau-Ponty (Rochefort-sur-Mer, 14 de março de 1908 – Paris, 4 de maio de 1961), foi um dos maiores filósofos do século 20, oráculo do pensamento existencialista no qual se formariam, entre outros, o francês Jean-Paul Sartre (1905-1980) e o alemão Martin Heidegger (1889-1976).
(Fonte: Veja, 21 de outubro de 1987 – Edição 998 – LIVROS/ Roberto Pompeu de Toledo, de Paris – Pág; 91)
A filosofia de Merleau-Ponty
Para Merleau-Ponty, a experiência humana é um conjunto de “relações de expressão”: é um todo em que cada elemento está interligado e coordenado aos demais, submetendo-se a leis invariantes que os presidem e organizam num sistema.
Se, por exemplo, meu corpo se move, o aspecto das coisas que vejo modifica-se automaticamente –a percepção exprime, assim, o movimento do corpo, rearticula-se automaticamente à medida que desvio meu olhar ou ando de um lado para o outro.
Pouco a pouco, Merleau-Ponty faz emergir uma série aberta de leis de funcionamento da estrutura da experiência: leis da percepção, como, por exemplo, a que determina que todo objeto percebido aparece inelutavelmente através de faces ou perfis; leis do tempo, como a que exige que todo presente venha a ser substituído por um futuro; leis, enfim, da história, como a que impõe que o sentido da história não seja sempre o mesmo.
É a partir desse conjunto básico e quase banal de relações que Merleau-Ponty fará surgir o edifício dos objetos simbólicos humanos que pertencem ao domínio da cultura: linguagem, ciência, arte, etc.
Caberá à filosofia descrever com rigor esse conjunto de relações que definem a experiência humana, evitando sempre introduzir em meio a essas relações noções que as distorçam de qualquer maneira.
Contra Sartre, que, para Merleau-Ponty, teria erigido uma ontologia “correta porém abstrata”, será preciso agora revisar constantemente os resultados parciais a que a investigação da experiência chegar, a fim de levar o ideal de uma descrição rigorosa até seus limites mais radicais.
(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/8/14/mais! – FOLHA DE S.PAULO – MAIS! / Por (Alberto Alonso Muñoz) / ESPECIAL PARA A FOLHA – São Paulo, 14 de agosto de 1994)
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CRONOLOGIA DE MERLEAU
1904 – Maurice Merleau-Ponty nasce em Rochefort, no dia 4 de março.
1926 – Ingressa na Escola Normal Superior de Paris.
1939 – Integra até o ano seguinte, como oficial, o 5º Regimento de Infantaria, durante a 2ª Guerra Mundial.
1941 – Deixa o exército e integra com Sartre o grupo “Socialismo e Liberdade”
1942 – Publicação de “A Estrutura do Comportamento”.
1945 – Merleau-Ponty obtém o doutoramento em filosofia com “A Fenomenologia da Percepção”. Funda com Sartre a revista “Les Temps Modernes”.
1947 – Publicação de “Humanismo e Terror – Ensaio sobre o Problema Comunista”. A obra causa polêmica ao contestar o escritor Arthur Koestler, que fizera do romance “O Zero e o Infinito” (Globo) uma denúncia dos crimes políticos de Stálin.
1948 – Publicação de “Sentido e Não-sentido”. Professor na Universidade de Lyon.
1952 – Merleau-Ponty se torna catedrático de filosofia no Collège de France. Em sua aula inaugural, pronuncia o ensaio “Elogio da Filosofia”.
1953 – Morre sua mãe.
1955 – Publicação de “As Aventuras da Dialética”. O livro é criticado violentamente por Simone de Beauvoir nas páginas de “Les Temps Modernes”.
1956 – Participa, em Veneza (Itália), de colóquio entre escritores do Leste e do Oeste, organizado pela Sociedade Europeia de Cultura.
1960 – Publicação de “Signos”.
1961 – Merleau-Ponty morre em Paris, no dia 3 de maio.
(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/8/14/mais! – FOLHA DE S.PAULO – MAIS! – CRONOLOGIA DE MERLEAU – São Paulo, 14 de agosto de 1994)
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Maurice Merleau-Ponty escritor e filósofo líder do pensamento fenomenológico na França, e nasceu em 14 de março de 1908, em Rochefort, e faleceu em 4 de maio de 1961, em Paris. Estudou na Ecóle Normale Supérieure em Paris, graduando-se em filosofia em 1931. Lecionou em vários liceus antes da Segunda Guerra, durante a qual serviu como oficial do exército francês. Em 1945 foi nomeado professor de filosofia da Universidade de Lyon e em 1949 foi chamado a lecionar na Sorbonne, em Paris. Em 1952 ganhou a cadeira de filosofia no Collège de France. De 1945 a 1952 foi co-editor (com Jean-Paul Sartre) do jornal Les Temps Modernes.
Suas obras mais importantes de Filosofia foram de cunho psicológico: La Structure du comportement (1942) e Phénoménologie de la perception (1945). Apesar de grandemente influenciado pela obra de Edmund Husserl, Merleau-Ponty rejeitou sua teoria do conhecimento intencional fundamentando sua própria teoria no comportamento corporal e na percepção. Sustentava que é necessário considerar o organismo como um todo para se descobrir o que se seguirá a um dado conjunto de estímulos.
Volltando sua atenção para a questões sociais e políticas, Merleau-Ponty publicou em 1947 um conjunto de ensaios marxistas, Humanisme et terreur (“Humanismo e Terror”), a mais elaborada defesa do comunismo soviético no final dos anos 1940. Contrário ao julgamento do terrorismo soviético, atacou o que considerava “hipocrisia ocidental”. Porém a guerra da Coréia o desiludiu e rompeu com Sartre, que apoiava os comunistas da Corea do Norte.
Em 1955 Merleau-Ponty publicou mais ensaios marxistas, Les Aventures de la dialectique (“As Aventuras da Dialética”). essa coleção no entanto, indicava sua mudança de posição: o marxismo não aparece mais como a última palavra na História, mas apenas como uma metodologia heurística.
(Fonte: http://www.cobra.pages.nom.br – R.Q.Cobra/Doutor em Geologia e bacharel em Filosofia – 2001)