Maurício Nogueira Lima (Recife, Pernambuco, 21 de abril de 1930 – Campinas, São Paulo, 1º de abril de 1999), pintor de expressão com prêmios nacionais, exposições em galerias, circulação ampla no mercado, quadros em leilões e elogios da crítica. Formado em Comunicação Visual e em Arquitetura e Urbanismo, foi um dos artistas paulistas que procuraram integrar a arte e a indústria trabalhando com cartazes, marcas, logotipos, projetos de exposições e feiras (como a Fenit, que ele planejou).
Foi como um dos pioneiros desse movimento que Nogueira Lima (nascido em Pernambuco em abril de 1930, mas desde os 2 anos em São Paulo) iniciou sua carreira. Em começos da década de 50, junto com seu amigo Waldemar Cordeiro (1925-1973), e alguns outros, integrou o grupo Ruptura, primeiro esforço organizado para instituir no Brasil uma arte de bases racionais, construtivistas. Nogueira Lima acreditava que a arte era fruto sobretudo de uma “consciência construtiva”. É neste ponto que ele (e todos os concretistas) se distingue de quaisquer outras tendências que admitam o predomínio, ou mesmo a interferência, do acaso e da emoção.
Houve, no entanto, uma fase intermediária em sua carreira (de 1964 a 1970, aproximadamente) em que Maurício Nogueira Lima, motivado por angústias pessoais (sobretudo políticas), recorreu à figura e à palavra, fazendo um tipo de arte que nada tinha a ver com o concretismo. Usou recursos à primeira vista relacionados com a pop-art (retículas, altos contrastes), temas urbanos, uma linha de crítica de ideias e tomada de posições.
Por tudo isso seria impossível encarar Nogueira Lima como apenas um cocretista ortodoxo. Nenhum de seus trabalhos nascia apenas de uma fórmula matemática, de um cálculo a frio, de um projeto exclusivamente cerebral. Historicizado como um dos criadores do concretismo, ele se sentia à vontade para tentar revitalizá-lo.
(Fonte: Veja, 23 de novembro de 1977 – Edição 481 – ARTE/ Por OLÍVIO TAVARES DE ARAÚJO – Pág: 159)