Maurizio Gucci, design italiano, o último herdeiro dos Gucci a dirigir o império da moda

Maurizio Gucci (26 de setembro de 1948 – 27 de março de 1995), cujo sobrenome se confunde com a história de sucesso do design italiano, o último herdeiro dos Gucci a dirigir o império da moda que na época de sua morte tinha 200 lojas em todo o mundo e comercializava mais de 2 000 artigos entre eles perfumes, acessórios, bolsas e calçados caros.

Fundada em 1906 como selaria, origem de alguns dos melhores artistas do couro, a Gucci tornou-se sinônimo de estilo nas décadas de 50 e 60, quando seus sapatos e bolsas eram usados por atrizes do quilate de Audrey Hepburn, Grace Kelly e Elizabeth Taylor.

A empresa já não era mais dirigida pelo seu fundador, Guccio Gucci (1881-1953), cujas iniciais cruzadas sobre faixas verde-vermelho-verde começavam a ser falsificadas no mundo todo. Guccio morreu em 1953 e deixou a companhia para dois de seus cinco filhos, Aldo e Rodolfo, que se detestavam.

Maurizio era filho único de Rodolfo, morto em 1983. A metade de Aldo ficou com seus três filhos homens. Em 1987, depois de uma década de brigas, Paolo, Roberto e Giorgio venderam sua ações da Gucci para o Investcorp, grupo com sede em Londres e capital de Bahrein.

Como presidente da empresa, Maurizio investiu no marketing, revigorou o estilo assolado por imitações e preferências duvidosas de novos-ricos árabes ou japoneses e transferiu a linha de produção para o Chile, deixando na Itália apenas uma pequena fábrica com menos de 300 funcionários. Em 1993, ele também vendeu sua metade do negócio ao Investcorp, por 170 milhões de dólares.

Habituado ao alvoroço de decotes, plisados e transparências ostentados nas passarelas por modelos deslumbrantes, o mundo da alta moda italiana  transferiu-se em 27 de março para as páginas policiais – e não pela habitual contumácia de suas figuras estreladas na sonegação fiscal.

Motivo: o assassinato de Maurizio Gucci, 45 anos, cujo sobrenome se confunde com a história de sucesso do design italiano. No dia 27 de março, Maurizio saiu cedo de seu apartamento num bairro de classe alta de Milão e seguiu a pé até o escritório de sua empresa, a Vierse, na Rua Palestro.

Caminhava tão tranquilo que provavelmente não percebeu o Renault Clio verde parado em fila dupla. Só se deu conta da aproximação de um desconhecido quando foi atingido por dois tiros de uma arma calibre 7.65, nas costas e em uma das nádegas. Já no chão, recebeu o tiro de misericórdia, na cabeça. Morreu na hora.

 

(Fonte: Veja, 5 de abril de 1995 – ANO 28 – Nº 14 – Edição 1386 – ITÁLIA – Pág: 44/45)